segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Marcelo Linardi fala sobre a economia do hidrogênio no Ceará

 


Um dos mais renomados especialistas em hidrogênio verde no mundo, o engenheiro químico Marcelo Linardi, pós doutorando pela Universidade de Darmstadt, Alemanha, participou do evento “Proenergia Summit2024”, que acaba de ser realizado no Espaço Eletrobras, Centro de Eventos no Ceará.  Pesquisador emérito do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), ele divulgou informações importantes como valores sobre os investimentos do setor que devem somar US$ 500 bilhões até 2030. 

“Mais de 30 países possuem estratégias para o hidrogênio e a produção pode ultrapassar 10 milhões de toneladas/ano em 2030”, informou. Segundo ele, até 2050 a demanda por hidrogênio verde deverá chegar de 300 milhões de toneladas (nas previsões mais pessimistas) e a 800 milhões de toneladas (no cenário mais otimista), trazendo, de fato, os benefícios da Economia do Hidrogênio. De acordo com o especialista, a Região Nordeste do Brasil é rica em recursos naturais favoráveis à produção de energia limpa, com grande potencial para protagonizar a transição energética do país. 

Em suas considerações sobre a Economia do Hidrogênio, ele apresentou o Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC): “O mundo atingirá 1,5 °C de aquecimento em duas décadas. Noventa países já estão comprometidos com as metas de zero emissões até 2050. O hidrogênio é o pilar da descarbonização: desde o início de 2021, foram anunciados, em todo o mundo, 400 /projetos, dos quais 140 de grande escala”. 

Ao BLOG, Linardi destacou eu, quem pretende entender as prováveis e promissoras mudanças no cenário energético futuro, que incluirão, na matriz energética mundial, parcelas crescentes de renováveis e, neste filão, a energia proveniente do hidrogênio, deve conhecer o seu conversor por excelência, a célula a combustível. “Estas são os dispositivos mais apropriados para a utilização do hidrogênio como vetor energético”, afirmou. 

“As tecnologias do binômio hidrogênio/células têm-se desenvolvido bastante nos últimos anos, encontrando aplicações diversas como geradores de energia para meios de transporte (eletrotração para automóveis, caminhões e outros veículos, bem como trens, barcos e outros), para unidades estacionárias (edifícios, condomínios, hospitais, repartições públicas, bancos, torres de comunicação, etc.) e para fins portáteis (laptops, celulares, dispositivos militares, etc.)”, comentou. 

Segundo destacou ao BLOG, os grandes diferenciais são o baixo (ou nenhum) impacto ambiental e a alta eficiência. Embora a tecnologia de células a combustível não esteja ainda completamente madura e estabelecida (custos, durabilidade), verifica-se que a sua implementação no mercado já começou. Entretanto, é crescente o desenvolvimento da área de novos materiais para equacionar os desafios finais dessa tecnologia. 

“Resumindo, o hidrogênio já está em fase de implantação e testes em diversos setores energéticos, pavimentando uma possível futura Economia do Hidrogênio, como no setores automotivo, marítimo, da aviação, de fertilizantes (amônia a partir de hidrogênio verde), siderurgia verde, mineração verde (que pode ser a resposta para a obtenção de insumos para baterias e células a combustível), cimento verde, combustíveis híbridos, entre outros”. Enfatizando, para finalizar, Linardi pontuou que os obstáculos à introdução da chamada Economia do Hidrogênio não se configuram como dificuldades intransponíveis. O Brasil já possui o seu roteiro para a Economia do Hidrogênio e um programa nacional de pesquisa e desenvolvimento para esta tecnologia. 

LIVRO DEDICADO AO TEMA  


O livro “O IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e a Economia do Hidrogênio”, de Marcelo Linardi, editora SENAI, de São Paulo, com 288 páginas, também foi autografado para cerca de 100 pessoas durante o evento. A obra é um´importante trabalho sobre o tema, que no momento está sendo debatido no Brasil e no mundo. 

As mudanças climáticas apontam para a relevância do estudo da utilização do hidrogênio, considerado o pilar da descarbonização e, desde fevereiro de 2021, foram anunciados em todo o mundo 131 projetos de grande escala, em um total de 359, com investimentos estimados em cerca de US$ 500 bilhões até 2050. 


De acordo com o Marcelo Linardi, mais de 30 países possuem estratégias para o hidrogênio e a capacidade de sua produção pode ultrapassar 10 milhões de toneladas/ano, em 2030. Até 2050, a demanda por hidrogênio verde (de origem renovável) deverá chegar de 300 milhões de toneladas, segundo as previsões mais pessimistas, e a 800 milhões de toneladas, no cenário mais otimista, promovendo o desenvolvimento socioeconômico, tecnológico, a sustentabilidade e a proteção do meio ambiente. 

“Internamente, entre as maiores riquezas do Brasil estão as inúmeras fontes de produção de hidrogênio, em sua maioria renovável, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Temos sol, vento, água, biomassa, energia geotérmica, energia dos oceanos, biocombustíveis, e ainda vários tios de resíduos”, comenta Linardi. 

Para a diretora de Relações Institucionais da Associação da Associação Brasileira de Hidrogênio, Monica Saraiva Panik, o hidrogênio já está entre as mais importantes fontes de energia no futuro. “Vislumbramos o sonho do hidrogênio tornando-se realidade, quando tantos pesquisadores e especialistas do IPEN e de outros institutos de ensino e pesquisa têm trabalhado, incansavelmente, durante os últimos 30 anos, nesse tema, no Brasil. De fato, considerando a imensa porta de oportunidades que se abriu em 2021, o que importa que tenha demorado tanto tempo?

 As experiências bem sucedidas serviram de legado e as experiências frustradas, de aprendizado. E agora, é preciso aproveitar esse momento do nascer do sol do hidrogênio, pelo qual todos nós espetávamos e que é tão maravilhoso que parece que ainda estamos sonhando. Mas não estamos”, escreveu a diretora da Associação, ao prefaciar o livro. Hoje, segundo os pesquisadores, já está garantido que o hidrogênio passou a ser finalmente considerado veto energético importante e a sua demanda mundial está vinculada às metas de descarbonização. “Não se trata de mais uma onda ou moda, e sim de um processo sem volta”, afirmaram os pesquisadores”. 

Em fevereiro de 2021, segundo eles, o governo do Estado do Ceará lançou o primeiro hub de hidrogênio verde, atraindo outros estados. Para a presidente da ABH2, a obra de Marcelo Linardi, além de promover um resgate histórico, tem o mérito de demonstrar o legado cientifico, tecnológico e de formação de recursos humanos especializados que o IPEN deixou em áreas da economia do hidrogênio para o Brasil. Ela espera que o trabalho “estimule instituições de pesquisa e desenvolvimento do País a continuar contribuindo para a realizado do sonho, em parceria com órgãos do governo responsáveis”. No Brasil, segundo ela, o hidrogênio pode combinar a rota da eletrificação com a de biocombustíveis e o sonho brasileiro de ter um veículo a hidrogênio movido a etanol pode virar, finalmente, realidade, conforma descrito no livro, que contou com a coautoria de uma equipe formada por 27 pesquisadores. Entre os temas estão a infraestrutura e ensino, as células a combustível, o programa brasileiro, os resultados institucionais das pesquisas nos últimos 20 anos, publicações de estaque e patentes, os grandes projetos entre outros. Para obter o trabalho, escreva para o endereço: dpde@ipen.br

MARCELO LINARDI – PERFIL -

Pesquisador emérito do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Marcelo Linardi, é graduado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas (1983), com mestrado em Ciências Nucleares pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (1987), doutorado em Engenharia Química - Universitat Karlsruhe (1992) e Pós-Doc pela Universidade de Darmstadt, Alemanha em 1998. Na área da Química, tem experiência em Eletroquímica, atuando principalmente nos seguintes temas: célula a combustível, eletroquímica, eletrocatálise, hidrogênio e etanol. 

Orientou 10 teses de doutorado, 10 dissertações de mestrado, 15 trabalhos de iniciação científica, 7 estágios e 5 pós-doc, na CPG USP/IPEN. Atuou no Programa Brasileiro de Células a Combustível e Hidrogênio do Ministério de Ciência e Tecnologia. Escreveu o primeiro livro em língua portuguesa sobre ciência e tecnologia de células a combustível. Possui atualmente mais de 100 publicações internacionais arbitradas, incluindo uma publicação na Advanced Materials, revista mais prestigiada na área de materiais do mundo. Participou de mais de 100 eventos científicos nacionais e internacionais e ministrou várias palestras e conferências como convidado. Ocupou o cargo de Diretor de P&D e Ensino do IPEN de 2013 a 2019, onde atuou em Inovação, Ensino, Projeto Institucionais e Gestão de Tecnologias. Coordena projetos institucionais na FAPESP, chamada da Secretaria do Estado de SP, na área de radiofarmácia e nanotecnologia; e na FINEP, de equipamentos multiusuários. É responsável por várias ações de Internacionalização do instituto, como o livro sobre o passado, presente e futuro da inovação tecnológica no IPEN; e o livro sobre o IPEN, entre outros. 

FOTOS: EVENTO - 

COLABORE COM O BLOG. SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE. CONTRIBUA VIA PIX: 21 996015849

15 comentários:

  1. Dr Marcelo sempre à frente ,sua posição diante da ciência orgulha todos os brasileiros. Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Show , experto , sucesso !!!

    ResponderExcluir
  3. Excelente palestra do Dr. Linardi! Grande parte do que temos de desenvolvimento na área de H2 devemos ao esforço do IPEN e de seus pesquisadores! Sucesso e Vida Longa!

    ResponderExcluir
  4. Parabéns pelo seu excelente trabalho de pesquisa! Seus esforços e dedicação são verdadeiramente inspiradores e contribuem de maneira significativa para o avanço do conhecimento sobre células de hidrogênio!!!

    ResponderExcluir
  5. Excelente trabalho desse renomado pesquisador!!! O livro dele é muito bom!!!

    ResponderExcluir
  6. Eduardo Soriano - MCTI16 de setembro de 2024 às 10:08

    Parabéns Linardi
    Muito do q o Brasil tem em termos de pesquisa e desenvolvimento Hidrogênio deve a atuação do Linardi e sua equipe. Eu diria q ele é um dos HidrogenioSauros do Brasil - isso é um elogio !!. Tive a honra de trabalhar com ele...eu no MCTI e ele nos institutos de P&D do MCTI

    ResponderExcluir
  7. Maravilhoso e relevante trabalho prestado à humanidade pelo pesquisador Marcelo Linardi, parabéns à ele e ao IPEN !!

    ResponderExcluir
  8. Marcelo Linardi é brilhante e realmente uma referência em hidrogênio verde

    ResponderExcluir
  9. Parabéns, Tania Malheiros, pela excelente e esclarecedora matéria sobre os trabalhos e as pesquisas do renomado Dr. Marcelo Linardi no campo do hidrogênio verde. Que o Brasil possa ter um futuro promissor nessa área.

    ResponderExcluir

Em destaque

Bomba atômica! Pra quê? Brasil e Energia Nuclear - Editora Lacre

O livro “Bomba atômica! Pra quê? Brasil e Energia Nuclear”, da jornalista Tania Malheiros, em lançamento pela Editora Lacre, avança e apr...