terça-feira, 3 de setembro de 2024

BNDES entrega estudo final com estimativas de custos para a conclusão ou não de Angra 3.

 


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entregou nesta terça-feira (3/9) a Eletronuclear o estudo de viabilidade sobre a usina nuclear Angra 3, cujas obras foram iniciadas em 1984. Segundo a Eletronuclear, estima-se que o custo para abandonar as obras de Angra 3 pode passar de R$21 bilhões, sem gerar energia elétrica. Já o custo para finalizar a construção foi avaliado em torno de R$23 bilhões. O montante já investido na obra é de quase R$12 bilhões. A expectativa é que a usina entre em operação comercial em 2031, se o governo bater o martelo pela conclusão das obras.

O estudo apresenta a viabilidade técnica, econômica e jurídica do projeto, e será enviado ao Ministério de Minas e Energia (MME) e aos acionistas (ENBPar e Eletrobras) no mesmo dia e, em seguida, o MME deverá encaminhar para o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que decidirá pela conclusão ou não da usina. A tarifa proposta no estudo está estimada em R$653,31 por megawatt-hora (MWh), valor similar à tarifa de referência definida pelo CNPE em 2018 (R$480,00, que atualmente correspondem a R$639,00). 

“O estudo identificou também que cerca de R$800 milhões em equipamentos de Angra 3 foram utilizados por Angra 2. Da mesma forma, entre R$500 milhões a R$600 milhões em combustível nuclear foram utilizados pela segunda usina brasileira, e tinham sido inicialmente comprados para a terceira. Por isso, aproximadamente R$1,4 bilhão será reembolsado pelo próprio caixa de Angra 2. Tal fato impacta positivamente a competitividade tarifária de Angra 3”, informou a Eletronuclear. 

Segundo a companhia, seguem algumas dívidas, por conta da desistência de continuar a usina; o que implicaria em um custo de cerca de R$21 bilhões, divididos da seguinte forma, com valores aproximados: R$9,2 bilhões para quitar financiamentos já existentes com a Caixa Econômica Federal (CEF) e o BNDES, incluindo multas e penalidades decorrentes da não conclusão da obra; R$2,5 bilhões para a rescisão de contratos firmados e suas respectivas penalidades; R$1,1 bilhão para a devolução de incentivos fiscais recebidos na importação e aquisição de equipamentos;  R$940 milhões em desmobilização da obras já realizada;R$7,3 bilhões de custo de oportunidade de capital investido. 

Com a sua finalização, a obra será financiada pela própria Eletronuclear junto a um consórcio de bancos, sem informar quais. Angra 3 fez parte do pacote do acordo nuclear Brasil-Alemanha, assinado em 1975, pelo general Ernesto Geisel. Iniciadas em 1984, as obras foram diversas vezes paralisadas. Terá potência de 1.405 megawatts, sendo capaz de produzir cerca de 12 milhões de MWh anuais. Com a conclusão de Angra 3, a Central Nuclear de Angra passará a gerar o equivalente a 70% do consumo do estado do Rio de Janeiro. 

(FOTO: ELETRONUCLEAR ) – 

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