Pelo menos 11.500 equipamentos destinados a Angra 3 estão estocados há décadas para serem montados e instalados na usina nuclear, em construção desde 1984. Enquanto uma parte dos equipamentos fica na Nuclep, em Itaguaí, a maioria está mantida em galpões no sítio da Central Nuclear, em Angra dos Reis. Todos os itens são inspecionados e estão conservados, garante o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, que esteve ontem na estatal, percorreu a linha de produção, o local onde encontram-se o vaso do reator e quatro geradores de vapor.
Não foram divulgadas informações sobre o valor dos equipamentos, quanto custa a manutenção e se tudo é feito sem a participação de técnicos estrangeiros. Angra 3 tem 65% das obras civis concluídas. A usina já consumiu R$ 8 bilhões, depende de R$ 20 bilhões para ser inaugurada até 2030 e deve pelo menos R$ 6.6 bilhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal (CEF).
“É importante que o Raul Lycurgo veja de perto o trabalho desenvolvido pela Nuclep e espero que se efetive um programa nuclear com outras usinas no futuro, mas precisamos nesse momento tratar de Angra 3. Ela realmente tem que sair do papel”, comentou o presidente da Nuclep, Carlos Henrique Silva Seixas, que no ano passado foi alvo de funcionários contrários a sua permanência no posto, desde a gestão anterior. No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retirou a Nuclep do programa nacional de privatização.
ACORDO BRASIL -ALEMANHA -
A Nuclep nasceu a partir do acordo nuclear Brasil-Alemanha, firmado pelo presidente Ernesto Geisel, em 1975, que originou a holding Nuclebras, e diversas subsidiárias, como a empresa em Itaguaí. Previa-se, na época, a construção de oito usinas atômicas e o enriquecimento de urânio pelo método “Jet nozle”, que sequer a Alemanha dominava. Com o passar do tempo, mais precisamente no final da década de 80, a Marinha conseguiu enriquecer urânio por ultracentrifugação, utilizando verbas secretas, como a “Delta 3”, no Centro Experimental de Aramar, São Paulo.
A Nuclep já enfrentou muitos problemas porque não havia demandas para as usinas: apenas a norte-americana Angra 1 e a alemã Angra 2 foram inauguradas. Já Angra 3, a segunda unidade pelo acordo, começou a ser erguida em 1984 e permanece em construção. A Nuclep passou a atender às demandas de submarinos convencionais e do protótipo do submarino nuclear. Além disso, expandiu as suas atividades para outras áreas. Produz equipamentos pesados e estratégicos à diversos setores da indústria, atuando nas áreas nuclear, offshore, químico/petroquímico, naval, siderúrgica, mineração, hidrelétrica, termoelétrica, petróleo e gás.
A empresa ocupa uma área de 1.5 milhão de metros quadrados, com 85 mil metros quadrados de área fabril, localizada no município de Itaguaí, com acesso para três grandes capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
(FOTOS: EQUIPAMENTOS E NUCLEP) –
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