quinta-feira, 20 de junho de 2024

Dívida de R$ 264 milhões com Angra dos Reis não será paga sem a certeza do término de Angra 3; afirma ministro

 


O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, afirmou ontem (19/6), que a dívida de R$ 264 milhões assumida principalmente com a Prefeitura de Angra dos Reis, por conta de Angra 3, não será paga, enquanto o governo não garantir que a usina nuclear será de fato concluída. O ministro participou de reunião extraordinária na Câmara dos Deputados, atendendo a um requerimento do deputado Max Lemos (PDT-RJ), sobre dividas da Eletronuclear, gestora das usinas, com as prefeituras de Angra, e municípios próximos como Parati e Rio Claro. A dívida faz parte de contrapartidas sócio ambientais assumidas com as prefeituras. 

O deputado questionou a informação do ministro: “Essa é a resposta que buscamos há meses. Não se trata de mudar a decisão, estamos falando de dívida devida, porque os prefeitos já assumiram compromissos por conta dessa verba, que faz parte de um acordo fechado há bastante tempo, cumprido pelas prefeituras”. 

O deputado disse que as prefeituras aceitavam parcelar a dívida em cinco vezes, mas não adiantou. O ministro disse que o estudo de viabilidade de Angra 3 está sendo produzido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que será apresentado aos 16 integrantes do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Antes disso, nenhum pagamento será realizado, afirmou Silveira. Segundo ele, Angra 3, já consumiu R$ 11 bilhões, dos quais, R$ 5,1 bilhões nos últimos quatro anos. Disse também que anualmente são gastos R$ 100 milhões, despesas para o acondicionamento dos equipamentos.

 Oficialmente, o governo tem informado que para concluir Angra 3 serão necessários R$ 20 bilhões. A obra começou em 1984, com diversas paradas por falta de decisões políticas, ações judiciais e denúncias de corrupção. 

O prefeito de Angra, que em maio recebeu o presidente da Eletronuclear na Prefeitura, mandou nota para o BLOG: “A contrapartida da Eletronuclear é um compromisso com a população de Angra dos Reis e não vamos abrir mão disso. Se o custo da contrapartida não foi incluído no planejamento de construção da usina, a nossa proposta é o parcelamento da dívida. Inclusive a solução foi pactuada entre a cidade, a empresa e o Ministério Público. E o recurso vai fomentar ações sócio ambientais”.  

A fala do ministro não deixa dúvida de que a continuidade das obras pode estar na corda bamba. Os que defendem o término das obras dizem que não fazer a usina custará mais caro. A decisão final será do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O BLOG TEM PUBLICADO DIVERSAS MATÉRIAS SOBRE O CASO: LEIA ALGUMAS:

 Em 23/05/2023, Angra 3: aumenta o impasse sobre embargo das obras: prefeitura contesta Eletronuclear e "queda de braço" faz mais de um mês;

Em 18/08/2022 e 25/08/2022; BNDES tenta atrair interessados em Angra 3; 

Em 13/11/2023 – Alexandre Silveira visita obras de Angra 3;que estão embagadas, sem acerto de contas de R$ 264 milhões ainda; 

Em 17/06/2024; Angra 3: Eletronuclear rescinde contrato com Consórcio vencedor de edital em 2022; obras iniciadas há 40 anos mantém ritmo de atraso

Em 14/06/2024 -Angra 3: Justiça acolhe recurso da Eletronuclear para retomada das obras da usina nuclear.

(FOTO Ministro visita Angra- Eletronuclear -

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Depois da Rússia, Suécia e Alemanha vendem urânio para abastecer usinas nucleares de Angra


Depós da Rússia, a Suécia e Alemanha venderam ao Brasil, urânio enriquecido a cerca de 4,3% para alimentar os reatores de Angra 1 e Angra 2. O urânio chegou no Porto do Rio na primeira semana deste mês e seguiu para a Fábrica de Combustível Nuclear (FCN) da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), no distrito de Engenheiro Passos, em Resende, onde passa por mais um processo até seguir para Central Nuclear de Angra dos Reis.  O Brasil enriquece urânio desde a década de 80, mas não na quantidade exigida para os reatores das duas usinas nucleares. A Comissão Estadual de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis do Rio de Janeiro (Cesportos-RJ) elevou o nível de proteção nas instalações portuárias, para garantir a segurança do transporte do material nuclear, cobiçado por terroristas. 


Segundo a INB, o urânio chegou em dois contêineres, transportados pelo navio BBC PEARL, vindo da Suécia e da Alemanha. “Antes da atracação, embarcações da Marinha do Brasil realizaram uma varredura do canal, e o Núcleo Especial de Polícia Marítima da Polícia Federal (Nepom/PF) realizou a escolta e segurança do navio até o porto”. A operação de descarga contou com a supervisão da guarda portuária. Segundo a INB, o transporte terrestre do urânio até Resende foi realizado em um comboio escoltado. A operação envolveu duas viaturas da Polícia Rodoviária Federal, um carro do Comando Operacional Tático da Polícia Federal, duas carretas transportando a carga e um veículo de apoio. 

(FONTE e FOTO: INB). Segunda foto INB, do transporte do carregamento com o urânio importado da Rússia,  chegando ao Porto do Rio e seguindo rumo à Resende, em fevereiro deste ano de 2024.

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quarta-feira, 19 de junho de 2024

Empresa da Coreia assina contrato com a INB e fica com as terras raras de unidade nuclear em Buena

 


A empresa coreana ADL, que se diz produzir minerais indígenas no Brasil, do Grupo ADL, adquiriu recentemente (5/6) os direitos de gestão da Unidade de Buena, no Estado do Rio, da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (NB). O negócio foi fechado na semana passada e está sendo divulgado pela imprensa coreana. “Uma refinaria de terras raras no Rio de Janeiro de uma empresa estatal, INB (Brasil Nuclear Corporation), Genebra, e estabeleceu o único processo de uma etapa da Coreia, desde a mineração de terras raras até o processo de refino, tornando a Korean Today a única empresa com essa capacidade”, informou o jornal português TOP NEWS, no portal Cascais, com participação de correspondente coreano. Eles não informam que minerais indígenas seriam produzidos ou extraídos. Técnicos brasileiros da área nuclear acreditam que pode ter ocorrido engano na tradução colocando a palavra indígena de forma mal empregada, que deve ser nativo. Mesmo assim, acham que a ADL deve esclarecer a mencionada produção de minerais indígenas. 


Segundo a reportagem, a Coreia está prosseguindo com uma estratégia de diversificação em preparação para “armamento dos recursos de terras raras pela China e está procurando diversas formas de cooperação para garantir recursos em países ricos em recursos, como o Brasil.” A cooperação entre empresas coreanas está sendo planejada com foco nas empresas residentes no Brasil, e o governo planeja apoiar ativamente as atividades dessas empresas. Em particular, o governo coreano está a reforçar os seus esforços para conservar recursos através da criação de um fundo especial para o desenvolvimento de recursos no exterior a partir de 2023. Foi anunciado para fazer face à volatilidade da oferta e procura nacionais de terras raras e estabelecer as bases para uma maior competitividade industrial. Participaram dos negócios pelo Grupo ADL (CEO Oscar MKLee, CEO do ADL GROUP), e pela INB, o presidente Adalto Seixas, que assumiu o cargo em setembro, embora já estivesse na unidade de Caldas (MG) há cerca de 40 anos. O acordo de transferência entre as duas empresas foi celebrado na sede da INB com o CFO do Grupo ADL, Ise-gun, tendo o Grupo ADL iniciado as suas operações no dia 6/6, incluindo a mineração e gestão da propriedade dos terrenos fundidos. 


O presidente do INB, Adalto, disse que a fundição de Buena produz elementos de terras raras como ilmenita, zircônio, rutênio e monazita e, por meio do acordo, os custos fixos foram reduzidos em 1,1 milhão de reais por mês, resultando em economia de custos. 800 milhões de reais por até 60 anos e 100 mil reais por mês “Além das taxas de utilização, esperamos poder contribuir com o fundo nacional do Brasil compartilhando os lucros da venda de elementos de terras raras produzidos pelo Grupo ADL, disse Adalto, na posição de presidente da INB desde setembro do ano passado, tendo passado 40 anos em diversos cargos na Unidade de Caldas (MG), que enfrenta graves problemas de contaminação, alguns apontados pela Agência Nacional de Mineração (ANM), em vistorias.

O CEO do Grupo ADL, Oscar MK Lee, disse: “Mais de 10 milhões de toneladas de corpos de minério, não reconhecidos pelo seu valor, estão enterrados na refinaria de Buena e, se reprocessados, poderiam produzir pelo menos 400.000 toneladas de terras raras. Elementos terrestres, por isso é economicamente viável”. Além do Grupo ADL, empresas relacionadas com minerais de seis países participaram na licitação para adquirir os direitos de gestão da Refinaria de Buena, mas apenas o Grupo ADL cumpriu as condições estabelecidas pela INB devido a qualificações de licitação, como a posse de licenças de mineração. 

“Há mais de 60 anos que as minas de outras áreas apresentam documentos adequados”, sem informar quais. O Grupo ADL possui 12.400 hectares de direitos mineiros na Coreia, o que facilita esta oferta. Segundo os coreanos, quando a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) levantou a proibição de exportação de certas terras raras em 2012, o Grupo ADL exportou 14.500 toneladas de produtos minerais até 2021. 

"Com isso passou a acreditar na viabilidade comercial das terras raras brasileiras e passou a exportá-las. Um total de 12 minas de terras raras foram apreendidas até o final do ano passado no nordeste do Brasil. A área da mina protegida até hoje é de aproximadamente 20 mil hectares, 20 vezes o tamanho de Yeouido. Pela literatura disponível, Yeouido, é ilha do rio Han, pertencente a SeulCoreia do Sul. É o principal distrito de negócios e bancas de investimento de Seul. Possui 8,4 quilômetros quadrados e 30.988 habitantes. A ilha está localizada no distrito de Yeongdeungpo, e corresponde em grande parte aos limites de Yeouido-dong. 

Com o acordo com a INB, o Grupo ADL adquiriu 7.500 hectares adicionais, elevando o total para 19.900 hectares, ou 23 vezes o tamanho de Yeouido, na Coreia. “Atualmente, países como os Estados Unidos, Austrália, Suíça e China estão entrando no Brasil para minerar e proteger elementos de terras raras, mas espera-se que leve pelo menos três a cinco anos antes que os negócios normais possam começar, uma vez que condições como segurança estejam em vigor. A mineração e a aquisição de direitos minerários estão concluídas. Assim, espera-se que a ADL domine o negócio de mineração de terras raras no exterior por enquanto”, divulgaram. E acrescentaram: “Entretanto, o governo coreano está a fazer esforços contínuos para estabilizar a oferta e a procura de minerais brutos e para proteger os recursos estrangeiros. A Coreia está a prosseguir uma estratégia de diversificação em preparação para a armamento dos recursos de terras raras pela China está procurando diversas formas de cooperação para garantir recursos em países ricos em recursos, como o Brasil, divulgou  repotagem. 

Divulgou também que a cooperação entre empresas coreanas está sendo planejada com foco nas empresas residentes no Brasil, e o governo planeja apoiar ativamente as atividades dessas empresas. Em particular, o governo coreano está a reforçar os seus esforços para conservar recursos através da criação de um fundo especial para o desenvolvimento de recursos no exterior a partir de 2023. Foi anunciado para fazer face à volatilidade da oferta e procura nacionais de terras raras e estabelecer as bases para uma maior competitividade industrial. Oscar MKLee, CEO do ADL Group, disse: 

“Ficamos interessados ​​no negócio doméstico de terras raras há 17 anos e começamos a exportar 14.500 toneladas para a China pela primeira vez através da INB, e fizemos um plano para adquirir a INB há 8 anos”. Também informaram que, “além disso, atualmente no Brasil, empresas de países como Canadá, Estados Unidos, Austrália, China e Chile garantiram locais de mineração de terras raras, portanto a mineração deverá levar pelo menos três a sete anos”. Informaram ainda que “em contrapartida, o Grupo ADL já adquiriu locais de mineração e direitos mineiros há 10 anos e, com investimento contínuo, produzirá 40.000 toneladas de metais pesados ​​(ilmenite, rutilo e zircão) e 2.000 toneladas de elementos de terras raras (monazita) até 2024. Está previsto aumentar a produção de 25 para 200 mil toneladas a partir de 2027 e exportar para valer a partir do segundo semestre do ano”. 

LEIA NO BLOG: Em 11/6/2024: Mineradora ADL assina com a INB contrato de cessão de uso de instalação de material radioativo em Buena (RJ); Em 10/05/2924: Segredos sobre instalação radioativa em Buena, da INB, podem ser revelados com acordo confidencial.

(FONTES: Top News – Benedito Cabral e Correspondente Lee Sang-woo cwlee@nvp.co.kr – FOTO: fornecida pela Korea Today -

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segunda-feira, 17 de junho de 2024

Angra 3: Eletronuclear rescinde contrato com Consórcio vencedor de edital em 2022; obras iniciadas há 40 anos mantém ritmo de atraso

 


A usina nuclear Angra 3, em construção desde 1984, estaria fadada ao fracasso, questionavam alguns técnicos do setor nesta segunda-feira (17/6), quando a  Eletronuclear informou que rescindiu o contrato DAN.A-4500052810 com o Consórcio Ferreira Guedes - Matricial - Adtranz, firmado no dia 9 de fevereiro de 2022 com objetivo de reiniciar a construção da central atômica e realizar as obras civis no âmbito do Plano de Aceleração da Linha Crítica da unidade. O consórcio, segundo a companhia, descumpriu cláusulas importantes do negócio. Estariam em desacordo valores de R$ 262 milhões, além de multas ao consorcio, entre outros problemas. 


Na sexta-feira passada o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro acolheu recurso da Eletronuclear para a continuidade obras, derrubando embargo da Prefeitura de Angra. Durou pouco a alegria da decisão  

Hoje, a companhia divulgou informações nada animadoras sobre a rescisão: 

“O distrato unilateral ocorre conforme a cláusula 23 do contrato e artigo 95 do Regulamento de Licitações e Contratos da Eletronuclear, com a devida aplicação de sanções, conforme art. 96 do Regulamento, art. 82 da Lei 13.303/2016 e cláusula 24 do vínculo em questão. 

O Consórcio descumpriu, reiteradamente, as cláusulas 5 e 6, que abordam a ordem de execução e o cronograma, além da 22ª”, informou a Eletronuclear em nota. E mais: “Não cumprimento ou o cumprimento irregular das cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos intermediários e finais; cometimento reiterado de faltas na execução do contrato, devidamente anotadas em registro próprio conforme subitem 10.2.4 e lentidão do cumprimento do contrato, levando a Eletronuclear a comprovar a impossibilidade da sua conclusão no prazo estipulado." 

Segundo a companhia, além da rescisão, será aplicada uma multa correspondente a 10% do valor do contrato, conforme item 33.2 da cláusula 33 - o valor deste contrato é igual ao seu custo final, considerando eventuais reajustes - e suspensão de seis meses de licitar, com inclusão no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS). A decisão, portanto, afirma a companhia, é consequência de um extenso processo administrativo, que provou a inexecução do projeto contratado e a incapacidade do Consórcio em atingir os níveis de qualidade e exigência para uma obra nuclear.

 “O escopo originalmente alocado ao Consórcio foi incluído como opcionalidade na minuta do contrato do EPC principal, a ser selecionado em futura licitação e que passou recentemente por uma Consulta Pública, encerrada no dia 17 de maio”. 

A Eletronuclear informou que aguarda a finalização de estudos independentes que estão sendo conduzidos pelo BNDES, para avaliar as condições técnica, econômica e jurídica do projeto. “Após esta etapa, a empresa espera que as obras civis deslanchem”, garantiu a companhia. Tais estudos serão analisados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), pelo Ministério de Minas e Energia e pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que ficarão responsáveis por definir a outorga e aprovar a tarifa de comercialização da energia gerada por Angra 3.

 (FONTE – ELETRONUCLEAR - ANGRA 3 - PRESIDENTE DA COMPANHIA VISITA PREFEITO DE ANGRA) - LEIA A MATERIA PUBLICADA SEXTA-FEIRA - 13/06) 

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INB coloca à venda toneladas de material radioativo (Torta II) que a China tentou comprar em 2013; contaminação de barragens continua

 


Cerca de 15.424 toneladas métricas de material radioativo (Torta II) armazenadas na Unidade em Descomissionamento de Caldas (MG), em Interlagos (USIN) e no sitio de estocagem em Botuxim, ambas em São Paulo, estão sendo colocados à venda pela Indústria Nucleares do Brasil (INB). O edital de Oferta Pública de Torta II (Hidróxido de Urânio, Tório e Terras Raras) foi lançado no último dia 13. A China já tentou comprar o produto em 2013, mas o negócio não prosperou. A Torta II é considerada herança maldita que a INB herdou da Nuclemon, no Brooklin, em São Paulo, sucessora da Orquima, a primeira instalação nuclear brasileira que deixou um rastro de operários doentes e mortos, muitos invisíveis até hoje. A Orquima trabalhava para abastecer o mercado norte-americano, que na década seguinte, já abastecido, perdeu o interesse pelo material brasileiro. 


Vários operários da sua sucessora, a  Nuclemon, desde então sob a responsabilidade da INB, vêm morrendo ao longo dos anos sem receber indenização e vivem constantemente sob a ameaça da perda do plano de saúde para tratamento contra o câncer e outras doenças, por contaminação radioativa.  Em 2006, eles fundaram a Associação Nacional dos Trabalhadores na Produção Nuclear (ANTPEN), para manter o grupo reunido e lutar pelos seus direitos e de muitas outras vítimas, representadas por familiares, todos pobres. Além dos tambores reembalados, a INB guarda ainda estoques de torta II em 3000 tambores de plástico, e em quatro piscinas cada uma com cerca de 20 metros de comprimento, quatro metros de largura e dois metros de profundidade. 


O material radioativo preocupa a população da cidade, obrigada a conviver também com o medo de rompimento de barragens contaminadas com urânio procedentes da Mina da Cava, a primeira do Brasil, aberta pela ditadura militar que encerrou as atividades nos anos seguintes. Hoje, a mina da cava é uma enorme escavação provocando contaminação em rios e bacia da região. Ao longo desses pontos, há cerca de um ano, o BLOG se deparou com toras de árvores cortadas, deixadas às margens dos rios contaminados om urânio. A Agência Nacional de Mineração (ANM) realizou vistorias nas barragens, constatou irregularidades e exigiu providências à INB. 

(FOTOS: Otaviano, vitima da Nuclemon, morreu há cerca de três anos - 

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sexta-feira, 14 de junho de 2024

Angra 3: Justiça acolhe recurso da Eletronuclear para retomada das obras da usina nuclear

 


O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro acolheu recurso da Eletronuclear permitindo a continuidade das obras da usina nuclear Angra 3. A informação é da companhia que divulgou o número do processo (0038225-50.2024.8.19.0000) que daria fim ao impasse iniciado em maio do ano passado, quando a prefeitura de Angra dos Reis ingressou na Justiça e obteve o embargo das obras. Os motivos foram uma mudança de projeto urbanístico e o atraso no repasse financeiro pela cessão do terreno, como foi anunciado na época. A dívida da companhia com a Prefeitura estraria em torno de R$ 264 milhões. 

“Autorizei esse embargo porque a Eletronuclear está executando um projeto que está em desacordo com o que o município aprovou”, disse o prefeito Fernando Jordão. "Eles fizeram um acréscimo da área de circulação em uma das unidades, alterando o projeto. Com isso, a obra tem que permanecer paralisada até que a gente aprove as modificações. O processo está sendo analisado e um novo alvará será emitido quando as modificações forem aprovadas as modificações", explicou o presidente do Instituto Municipal do Ambiente (Imaar), Mário Reis, na ocasião do embargo. 


Mas parece que o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, busca apaziguar os ânimos em relação aos impasses antigos entre a companhia e a Prefeitura. Em maio, durante visita ao prefeito da cidade, Fernando Jordão (MDB), Lycurgo pediu apoio aos projetos visando à prorrogação por mais 20 anos da vida útil de Angra 1, e para a conclusão da obras de Angra 3. Segundo a companhia, para concluir Angra 3 serão necessários investimentos na ordem de  R$ 20 bilhões. Os diversos adiamentos para inauguração da usina já chegaram ao ano de 2030. 

ELEIÇÕES À VISTA -

No segundo mandato, Jordão deixa o cargo após o resultado das urnas. Lycurgoi, portanto, vai esperar mais um pouco para reiniciar os acertos. Jordão apoia o ex-secretário de Governo e Relações Institucionais da cidade, o engenheiro Claudio Ferreti, que está bem cotado nas pesquisas. Apesar do fim do mandato de Jordão, Lycurgo apresentou ao prefeito os projetos para poder seguir com a regularização da dívida de R$ 264 milhões da Eletronuclear com prefeitura, referentes à contrapartida para a construção de Angra 3, e estudos internacionais sobre a segurança de Angra 1, que precisou ser desligada várias vezes nos últimos anos, por diversos problemas. O mais recente desligamento ocorreu no dia 13/5, devido à fuga de vapor em equipamento. “Precisamos tirar Angra 3 do papel. Por isso, é importante que o estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) seja concluído e entregue ao Governo Federal o mais rápido possível”, disse Lycurgo na visita à Prefeitura. 


A usina começou a ser construída em 1984, faz parte do pacote do acordo nuclear Brasil Alemanha, assinado em 1975, e já consumiu cerca de R$ 8 bilhões. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também visitou as obras, nem faz tanto tempo. Mas caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bater o martelo sobre a viabilidade do empreendimento. 

(FOTOS: 1 - Central Nuclear Angra 3 - 2: Presidente da Eletronuclear e Prefeito de Angra - 3 - Ministro Alexandre Silveira - Crédito Eletronuclear) 

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quarta-feira, 12 de junho de 2024

Medicina Nuclear salva cavalos com "Síndrome de imersão", vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul

 


Na segunda-feira, 10/06, lotes de curativos produzidos por irradiação gama ou feixe de elétrons, parte da medicina nuclear, desenvolvidos no Laboratório do SisNANO do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN) – NuclearNano, foram enviados ao Rio Grande do Sul para auxiliar no tratamento de cavalos resgatados de uma hotelaria em Eldorado do Sul (RS). Um grupo de veterinários voluntários do Rio Grande do Sul contatou a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em busca de colaboração da Medicina Nuclear para recuperar a saúde dos cavalos, alguns com quase 50% da pele lesionada, correndo sérios riscos de morte.


Nos últimos anos, com o desenvolvimento de hidrogéis com nanopartículas de prata irradiados, produzidos por irradiação gama ou feixe de elétrons, a medicina nuclear vem dando passos significativos, informou o IPEN-CNEN. Vítimas de "síndrome de imersão" – o popular "choque térmico", os cavalos apresentam lesões graves na pele, o maior órgão do corpo desses equinos. Em alguns casos, até 50% da pele apresentam lesões, comprometendo a parte sistêmica e exigindo cuidados especiais para prevenir infecções e promover a cicatrização com segurança.

Reconhecendo a gravidade da situação, um grupo de veterinários da Clinvet Guadalupe, responsáveis pelo tratamento dos animais, procurou os pesquisadores do NuclearNano em busca de colaboração para tentar salvar os cavalos. Ademar Benévolo Lugão, coordenador do NuclearNano, explica que os curativos à base de hidrogéis com nanopartículas de prata passam pelo processo de irradiação, ocorrendo a gelificação de forma simultânea à esterilização do curativo.

O pesquisador ressalta que a irradiação também colabora para a formação e a estabilidade das nanopartículas de prata. “Como o o processo utiliza apenas uma etapa de esterilização por radiação, permite que os curativos sejam produzidos com custos baixíssimos, em torno de R$ 1 poe curativo de 100cm2”, acrescenta Lugão. Os hidrogeis são irradiados no Centro de Tecnologia das Radiações do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), unidade da CNEN em São Paulo, localizada na Cidade Universitária. Compostos por 90% de água, propiciam um ambiente úmido que, de acordo com Lugão, estimula a recuperação das lesões. 

“Além disso, é totalmente transparente, permeável ao oxigênio, não aderente à ferida, resistente à manipulação por enfermeiros, porém, extremamente macio, de forma a se constituir numa segunda pele, diminuindo ou mesmo eliminando a dor das feridas”, afirma o pesquisador. Totalmente estéreis, os curativos já foram usados em testes clínicos com queimados, testes clínicos com feridas crônicas de hanseníase e leishmaniose, e testes clínicos em feridas de bebes recém-nascidos em tratamento em UTIs. Lugão vem trabalhando há mais de uma década no desenvolvimento de hidrogeis e tem a expectativa de uso em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS).

O Laboratório SisNano NuclearNano/CNEN fica sediado no Centro de Química e Meio Ambiente (CEQMA) do IPEN. De acordo com Lugão, os curativos serão aplicados nos equinos com o auxílio de pastas veterinárias específicas para essas feridas, que demandam um pH bem ácido. O pesquisador adianta estudos para desenvolver, a curto prazo, soluções mais adequadas das lesões por síndrome de imersão em equinos. 

“A intenção do IPEN/CNEN é desenvolver rapidamente um novo curativo processado por radiação com o pH e dimensões ajustadas às necessidades específicas desse caso”. 

O grupo de veterinários voluntários é coordenado por Guilherme Machado e Paula Bernardo, proprietários da Clínica Guadalupe, local onde estão internados os equinos. Também integram esta equipe Juliana Osório, proprietária da Clínica de Fisioterapia Equina, que leva o seu nome, e Maria Inês Allgayer, CEO da Therapy4horses, empresa de fisioterapia e reabilitação equina, com ênfase em animais de alta performance, situada em Purcell, Oklahoma (EUA), cidade conhecida como a "Capital do Cavalo Quarto de Milha no Mundo”.

A equipe também inclui voluntários que trabalham na Clínica Guadalupe. O grupo conta, ainda, com a colaboração do pesquisador Julio David Spagnolo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, e colaboradores da CNEN, dedicados à produção dos curativos. Para saber como ajudar, basta acessar a conta @clinvet_guadalupe na rede social Instagram. 

(FONTE: ASCOM – ANA PAULA ARTAXO - IPEN/CNEN – FOTOS: JULIANA OSÓRIO - MÔNICA MATHOR)

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terça-feira, 11 de junho de 2024

Mineradora ADL assina com a INB contrato de cessão de uso de instalação de material radioativo em Buena (RJ)

 


A Unidade de Buena, que operava com material radioativo da antiga Nuclemon, sucedida pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) , no município de São Francisco de Itabapoana, região turística da Costa Doce do Estado, está agora nas mãos da mineradora ADL após assinatura de contrato de cessão de direito de uso com a INB. O contrato tem 30 anos de duração. 

Em maio, a INB divulgou em seu site a decisão de firmar Acordo de Confiabilidade com empresa que estivesse interessada no negócio com a unidade que atua na comercialização de minerais como ilmenita, zirconita, rutilo e monazita.

 


“Escavando juntos o caminho para o futuro do Brasil”, informa a ADL em sua página.

“Os Ministérios de Minas e Energia e da Ciência e Tecnologia, juntamente com a BNDES, entendem que a extração de minerais estratégicos é imprescindível para o país, devido ao alto potencial do mercado através da iniciativa privada”, consta também na página da ADL, provavelmente, com base em oportunidades que o MME e o BNDES têm divulgado na área da mineração, inclusive de urânio. 

Informações sobre o contrato foram divulgadas pelo UOL/Estadão. Até às 19h30, não havia informações sobre o negócio no site da INB. 

O BLOG publicou diversas matérias sobre problemas na unidade em Buena. Leia “Segredos sobre instalação radioativa em Buena, da INB, podem ser revelados com acordo confidencial”, publicada no dia 10 de maio último.

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quarta-feira, 5 de junho de 2024

Sociedade Brasileira de Física (SBF) lança plataforma de cursos "online". Inscrições abertas.

 


A Sociedade Brasileira de Física (SBF) lançou sua plataforma de cursos de Física online com uma boa variedade e qualidade dos webminicursos ofertados, previamente analisados e aprovados por comissão científica da SBF. Os cursos online são uma forma de aproximar professores e alunos de todo o Brasil através de AULAS SÍNCRONAS VIA ZOOM. Ao final do curso, o aluno que obtiver ao menos 75% de presença receberá certificado de participação emitido pela SBF. 

Em junho, será oferecido o curso Materiais radioativos: Aplicações e legislação nos dias 17, 19, 21, 24, 26, 28 de junho, no horário de 20h00 às 22h00, com carga horária total: 12 horas. 

Ementa e professores: 

APLICAÇÕES (Prof. Silvia M. Velasques de Oliveira, pesquisadora aposentada da Comissão Nacional de Energia Nuclear, autora do livro Aplicações da energia nuclear na saúde, editado pela SBPC e IAEA) 

– Noções sobre o núcleo atômico e espectro eletromagnético. Fontes naturais e artificiais de radiação. Interação da radiação com a matéria. Produção e detecção da radiação ionizante. Lista de exercícios com gabarito

.– Aplicações em saúde e pesquisas biomédicas: diagnóstico (formação e controle da qualidade de imagens); terapias; pesquisas biomédicas e agricultura.

 – Aplicações em indústria: radiografia industrial. medidores e traçadores industriais; perfilagem de poços de petróleo; irradiação de alimentos e produtos cirúrgicos; ciclo do combustível nuclear e geração de eletricidade.

– Efeitos biológicos e riscos das exposições. Acidentes radiológicos e nucleares. Proteção de trabalhadores, público, pacientes e meio ambiente. Estudos de casos.

LEGISLAÇÃO (Prof. Eduardo O. Soares, advogado e especialista em Direito Ambiental pela PUC-RIO) - 

O Direito Nuclear (objetivos, princípios e convenções internacionais). O marco regulatório brasileiro (leis, instituições e regulamentos técnicos). Periculosidade e insalubridade. Questões para debate. 

Inscrições até o dia 12 de junho. Sócio Efetivo da SBF ou de sociedade parceira: R$ 50,00 - 

Sócio Regular ou Aspirante da SBF ou de sociedade parceira (Estudantes de Mestrado, Doutorado e de Graduação): R$ 20,00 - Não Sócio:  R$ 400,00 - 

Link para formulário de inscrição: https://www1.fisica.org.br/~cursos/index.php/minicurso-18   

terça-feira, 4 de junho de 2024

ANM exige exercício simulado de emergência em barragens de rejeitos radioativos em Caldas (MG)

 


As barragens de rejeitos que acumulam material radioativo há décadas, da Unidade de Descomissionamento de Caldas (UDC), em Minas Gerais, com sérios problemas estruturais constantemente divulgados, passarão por mais um exercício simulado, nesta quinta-feira (6/6), informou a Indústrias Nucleares do Brasil (INB). O simulado de emergência atende à exigência da Agência Nacional de Mineração (ANM), conforme Resolução ANM nº 95, de 07 de Fevereiro de 2022) e faz parte do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM), aplicável a todas as Barragens de Mineração inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragens. A ANM tem realizado vistorias nas barragens, constatou problemas estruturais e fez uma série de exigências à INB. “A ação de caráter preventivo contará com a participação de diversos órgãos externos e de ocupantes da Zona de Autossalvamento (ZAS), que compreende a Fazenda Eco Forte Bioenergia”, segundo a empresa. Durante o simulado será desenvolvido um cenário hipotético em que o nível de emergência sairá de 1 para o 2. 


O objetivo é cronometrar o tempo de resposta da INB e dos órgãos externos à uma situação de emergência na Barragem de Rejeitos. Também será testado o fluxo de comunicação interna e externa. Participam do simulado a Defesa Civil do Estado de Minas Gerais, juntamente com as coordenadorias municipais de Caldas e Poços de Caldas; o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais; a Polícia Militar de Caldas e a Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM, entre outros. Além desses, também atuam os órgãos fiscalizadores como ANM, Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama. Ao final do exercício será emitido o 2° Relatório do Simulado de Emergência na BAR. 

NÃO FALTAM DENÚNCIAS - 

A situação das barragens da INB, em Caldas, tem chamado a atenção pela gravidade de problemas que acumula, incluindo a possibilidade de rompimento, provocando medo nas populações da região. Além das barragens, não faltam denúncias sobre rios e bacias contaminados com urânio. Infiltração e problemas com uma pluma de drenagem ácida estavam impactando o Córrego Consulta, enquanto a Bacia de Águas Claras também apresentava em seu leito sedimentos que de fato são resíduos gerados pelo sistema de tratamento de águas ácidas do empreendimento conhecido por suas origens recheadas de contaminação radioativa. 

Conforme o BLOG noticiou em fevereiro do ano passado, por diversos transtornos ambientais e trabalhistas acumulados ao longo das últimas décadas, o “Relatório de Situação Ambiental e Atividades nº 7/2022, de 20/12/2022, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) mostrou que ainda está longe o ponto final da herança radioativa da Nuclemon, no Brooklin paulista. Foi de lá que saíram toneladas de material radioativo (Torta II) para Caldas. 

Segundo fontes da empresa, no local, desde setembro de 2022, a INB deixou de bombear as águas ácidas da mina de Caldas com a regularidade necessária a manter a cota de drenagem determinada pela CNEN. A CNEN, por garantia ambiental, determinou a cota 1328 para garantir que a mina não transbordasse para o meio ambiente.

 Em início de setembro do ano passado, as três balsas que abrigavam as bombas de drenagem da mina afundaram e desde então, o bombeamento funcionou de forma precária e a cota de segurança não estava sendo ultrapassada. No documento, constava que “há exigências abertas pela CNEN solicitando soluções para os problemas”. 

Para remover sedimentos acumulados na Bacia de Águas Claras foi iniciada a contratação de empresa para desassorear parcialmente a Bacia. Algumas medidas foram pontuadas no documento. Estava em andamento, por exemplo, o contrato de 24 meses entre a INB e o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN), para, entre outros objetivos, aperfeiçoar o modelo hidrogeológico do complexo, especificamente nas regiões da pilha de estéreis 4 e bacia de rejeitos. O contrato estaria em vigência até este mês de junho de 2024. Não houve mais informações sobre esses contratos. No documento, ficou ainda especificada a necessidade de perfuração de 20 novos poços. Um primeiro estaria no rol de contratação pela INB, no início deste ano. Estava nos planos da empresa, segundo o documento, uma nova estação de tratamento de águas ácidas. Aconteceu? A INB não informou. 

VENDA DE SUCATA - 

Outras informações divulgadas não foram confirmadas depois. A INB informou no ano passado que assinou contrato com uma empresa privada – não informou qual - para a elaboração do projeto conceitual da estação, que terá capacidade para tratar 600 metros cúbicos por hora; em duas linhas independentes das águas ácidas. O desmantelamento da planta industrial, com a alienação de bens patrimoniais, exigiria a venda de “sucata e equipamentos que não estejam radiologicamente contaminados, sem necessidade de descontaminação”. 

Para resolver o problema da infiltração, seria necessária a impermeabilização dos 200 metros inicial do desvio do Córrego Consulta. A elaboração do projeto estaria prevista para ocorrer em março próximo, com execução das obras para dezembro de 2024. O relatório da empresa a ser contratada estava previsto para março. Um plano de descomissionamento da barragem de rejeitos, foi anunciado para junho de 2025, com a contratação da empresa em dezembro daquele ano.

O documento não mostrava orçamentos e valores estimados dos contratos. Além dos problemas com o Córrego, a barragem, a UDC mantém tambores metálicos contendo Torta II (material radioativo), na instalação. A troca de tambores iniciada em setembro do ano passado vai durar 14 meses. De um total de 19600 tambores, 3.200 haviam sido sobre-embalados. Outros 3500 também. A complicada operação exige a coleta de amostras de Torta II para análise das concentrações de urânio e tório.  A CNEN queria, na época, mais detalhes para a contabilização do inventário de Torta II armazenado em um dos galpões. Estaria disposta a passar adiante no futuro? No complexo de Poços de Caldas funcionou a primeira mina de extração de urânio no Brasil, fechada em 1982. 

(FOTOS: FONTES E BLOG) – 

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segunda-feira, 3 de junho de 2024

MME, BNDES e VALE anunciam edital para materiais estratégicos como urânio e terras raras

 


Materiais estratégicos como urânio e terras raras estão da lista das ofertas em edital do Ministério de Minas e Energia (MME), o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e a Vale, que “mira em projetos de pesquisa, desenvolvimento, implantação ou operação de minérios para transição energética, descarbonização e fertilização de solo” e fazem parte da chamada publica para a seleção de investimentos em participações no setor de mineração. Segundo o MME, estão aptas para participar do certame companhias com sede e operações no Brasil ou entidades com sede no exterior que detenham, no momento do primeiro investimento do fundo, ativos no Brasil que correspondam a 90% ou mais, e receita operacional bruta anual de até R$ 300 milhões.

De acordo com o edital publicado pelo BNDESPar, subsidiária integral do banco, as empresas que serão contempladas pelo fundo serão as detentoras de títulos minerários ou de direitos sobre recursos minerais, direta ou indiretamente. As substâncias previstas para a exploração serão: urânio, terras raras, cobalto, cobre, estanho, lítio, fosfato, níquel, zinco, potássio, entre outras. 

“O Brasil é um grande expoente em reserva e produção dos minerais estratégicos para a transição energética. Esse fundo será de grande importância para desenvolvermos o setor mineral, gerando emprego e renda em empreendimentos sustentáveis, seguros e que tragam benefícios sociais para as localidades onde estão inseridos”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. "O fundo viabilizará projetos, sobretudo, para pequenas e médias mineradoras. Essa parceria será fundamental para fomentar novos investimentos no setor”, completou. 

(FONTE: ASCOM – MME - 

FOTO: Mina de urânio em Itataia -  local acaba de ser aprovado pela CNEN - 

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domingo, 2 de junho de 2024

Guerra da Ucrânia alavancou exportações de amianto do Brasil, por Matheus Gouvêa de Andrade, no DW

 


Contrariando tendência global, exploração do produto avança no Brasil em meio a limbo jurídico. Mais de 60 países já proibiram o material devido aos riscos para a saúde. 


Recentemente, os Estados Unidos deram novos passos no banimento do amianto, que já ocorre em mais de 60 nações. Por sua vez, no Brasil, o tema se encontra em um limbo jurídico, já que a utilização do produto foi proibida, mas sua exportação prossegue – e avança. 

Uma das razões é a guerra da Ucrânia, que fez com que países buscassem alternativas à Rússia, maior exportadora o mundo. Neste cenário, associações e especialistas afirmam que o amianto oferece riscos em toda a distribuição, e pressionam por um total banimento, enquanto os recursos recebidos pelos envios ao exterior seguem em alta e movimentam a economia da região exportadora. 

Em 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) tomou a decisão de banir a extração, produção, uso e venda do amianto crisotila do Brasil, já que a substância foi considerada cancerígena. Neste contexto, a empresa suíça Eternit, que é responsável pela empresa Sama, chegou a suspender as atividades na cidade de Minaçu. O munícipio no norte de Goiás conta com a mina de Cana Brava, de onde se origina a produção brasileira. É a terceira maior produção de amianto crisotila do mundo. 

Por sua vez, em 2019, a Assembleia Legislativa de Goiás aprovou a lei nº 20.514, autorizando as atividades no estado com fins exclusivos para exportação, e as atividades foram retomadas. Em novembro de 2022, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) atendeu um pedido do Ministério Público Federal (MPF) e determinou a suspensão da exploração até que fosse avaliado se a legislação é ou não inconstitucional. Já em janeiro de 2023, o STF permitiu a continuidade da exploração até que o tema tenha uma resolução final por parte da Corte.

A fundadora da Associação Brasileira dos Expostos por Amianto (ABREA), Fernanda Giannasi, aponta que a questão atualmente saiu de pauta. "O tema não é visto como prioridade, e há uma situação muito negativa. O prazo nos preocupa, já que não se sabe quando o processo terá um término", lamenta. 

No meio da disputa judicial, a pequena Minaçu, com cerca de 30 mil habitantes, apresentou grande expansão na receita de seus envios do material ao exterior nos últimos anos. A alta foi acima de 55% entre 2021 (US$ 61,4 milhões) e 2022 (US$ 96,6 milhões), segundo dados da Comex. Em 2023, o valor seguiu em nível semelhante, com US$ 95,9 milhões. 

"A guerra da Ucrânia levou muitos países a garantirem o abastecimento de amianto. Quando houve restrições às exportações da Rússia, muitos buscaram alternativas, como no caso do Brasil", afirma Giannasi, que é presença constante em fóruns internacionais sobre o amianto. 

"A cidade vai acabar". 

O antropólogo Arthur Pires Amaral morou por dez meses em Minaçu entre 2016 e 2017 visando escrever sua tese de doutorado intitulada Com o peito cheio de pó, defendida na Universidade Federal de Goiás (UFG). O estudo se debruça sobre o amianto na cidade. Em 2017, seguindo a proibição pelo STF, Pires lembra que o clima era de grande pessimismo devido às perspectivas de fim da exploração do minério. 

"Os moradores diziam que a cidade ia acabar", conta. O antropólogo lembra que eram comuns as demissões em empregos ligados à exploração de amianto, incluindo de engenheiros. 

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 2017, Minaçu registrou 222 de demissões no setor extrativo de minerais, frente a apenas 20 admissões, com um saldo negativo de 202 empregos. No entanto, com o boom das exportações, o cenário se inverteu. Em 2023, o setor contratou 404 pessoas, contando com 166 demissões, em um balanço positivo de 238 vagas. A atividade lidera as contratações na cidade, com a indústria de transformação em segundo lugar, com 238 admissões. 

Os volumes das vendas de amianto também seguiram a tendência de recuperação. Em 2018, segundo balanço anual da Eternit, ano que a empresa aponta que houve forte impacto no mercado interno pela proibição, 119,1 mil toneladas foram entregues pela empresa. No ano de 2023, as vendas totalizaram 190 mil toneladas, uma alta de quase 60%. 

Sem limite de tolerância - 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as fibras de amianto do tipo crisotila causam danos ao pulmão e são cancerígenas, não existindo limites de tolerância para exposição. Entre 1996 e 2017, a Fundacentro apontou mais de 3.000 mortes ligadas ao amianto no Brasil. 

Giannasi aponta que todos incluídos na cadeia da exploração seguem expostos ao material. Desde a retirada do amianto das minas, passando pelo transporte terrestre e portuário, existem riscos, indica. Nos casos de acidentes com os caminhões transportando o material, não somente o próprio motorista como todos os presentes na pista podem sofrer a contaminação, lembra Giannasi. 

Em março, os Estados Unidos anunciaram a proibição da única forma da forma crisotila, décadas depois de a maioria dos países desenvolvidos ter começado a eliminar gradualmente a matéria-prima. 

A permissão nos Estados Unidos era um dos argumentos utilizados por defensores do amianto, como o Instituto Brasileiro do Crisotila (IBC), para manter a exploração do produto no Brasil. Procurado, o IBC não atendeu ao pedido de resposta. 

Sama é "mãe de Minaçu" -

 Por sua vez, na visão de Pires, as notícias internacionais não alteram a percepção sobre o tema em Minaçu. "O banimento na União Europeia (UE) não teve grande impacto", aponta. O antropólogo conta que a atividade no munícipio gira no entorno do amianto, que é inclusive exaltado em monumentos pela cidade. 

"Muitas pessoas me diziam que a Sama é a 'mãe de Minaçu'", diz. A cidade começou a ser construída em volta da mina da Cana Brava, e a exploração atraiu uma série de trabalhadores em situações vulneráveis de diferentes estados do interior do Brasil. "Eram famílias que não tinham alternativas e receberam uma oportunidade pela Sama", pontua.

 Além dos trabalhos, o antropólogo destaca que a empresa costumava oferecer as principais atividades culturais de Minaçu e escolas para os filhos dos empregados. "O amianto dominou não apenas a economia, mas também a cultura de Minaçu", Pires resume. "Nunca houve a construção de uma alternativa econômica durante estes 50 anos de exploração. Não se pensava sequer na possibilidade da mineração de amianto se exaurir", afirma. 

Neste cenário, os riscos envolvendo o material e os questionamentos à exploração ficaram de lado. "O desemprego aparece como um risco mais proeminente do que aqueles associados ao material. Há certo ocultamento dos adoecimentos", conta Pires. 

Além disso, segundo o antropólogo, há uma grande culpabilização individual das vítimas. "Todos sabem de alguém que morreu após trabalhar na Sama. Mas falam que a pessoa adoeceu por não usar os equipamentos de segurança corretamente, ou então culpam hábitos como fumar e consumir bebidas alcoólicas", afirma. 

Problema exportado à Índia - 

Na Índia, o uso do amianto não é restrito, mas a mineração sim, o que impulsiona o país como o maior importador global, com mais de 40% das encomendas. Até 2021, o maior fornecedor era a Rússia, posto ocupado pelo Brasil a partir de 2022. Em 2023, 84,6% dos envios de amianto brasileiro foram para o país. 

"Promovido como um material barato, o uso do amianto está generalizado em toda a Índia", afirma Pooja Gupta, que foi coordenadora da Rede de Banimento do Amianto na Índia (BANI). Segundo ela, as associações veem o aumento da produção no Brasil com preocupação, pois pode levar a níveis mais elevados de exportação para o país. "O movimento pode ser visto como uma ameaça à saúde pública na Índia, pois pode perpetuar o uso de produtos que contêm amianto e aumentar o risco de doenças relacionadas ao material entre os trabalhadores e a população em geral", avalia. "Houve uma redução na importação de amianto brasileiro em 2018 e esta foi uma notícia positiva. Mas, infelizmente, com a retomada da produção, os trabalhadores indianos estarão novamente sujeitos a mortes devido ao amianto extraído no Brasil", aponta. 

"O aumento da produção de fibras minerais de amianto no Brasil para exportar para países como a Índia é um exercício de duplo padrão", afirma Gopal Krishna, um dos fundadores da BANI. Em 2023, durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Índia, durante a cúpula do G20, a BANI exigiu a paralisação da exportação de amianto ao país, já que "a biologia humana é a mesma em todos os lugares". 

(Reportagem de Matheus Gouvea de Andrade, no DW, em 31/05/2024)

 FOTO inserida pelo blog, de Fernanda Giannasi – Arquivo pessoal - 

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