terça-feira, 4 de junho de 2024

ANM exige exercício simulado de emergência em barragens de rejeitos radioativos em Caldas (MG)

 


As barragens de rejeitos que acumulam material radioativo há décadas, da Unidade de Descomissionamento de Caldas (UDC), em Minas Gerais, com sérios problemas estruturais constantemente divulgados, passarão por mais um exercício simulado, nesta quinta-feira (6/6), informou a Indústrias Nucleares do Brasil (INB). O simulado de emergência atende à exigência da Agência Nacional de Mineração (ANM), conforme Resolução ANM nº 95, de 07 de Fevereiro de 2022) e faz parte do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM), aplicável a todas as Barragens de Mineração inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragens. A ANM tem realizado vistorias nas barragens, constatou problemas estruturais e fez uma série de exigências à INB. “A ação de caráter preventivo contará com a participação de diversos órgãos externos e de ocupantes da Zona de Autossalvamento (ZAS), que compreende a Fazenda Eco Forte Bioenergia”, segundo a empresa. Durante o simulado será desenvolvido um cenário hipotético em que o nível de emergência sairá de 1 para o 2. 


O objetivo é cronometrar o tempo de resposta da INB e dos órgãos externos à uma situação de emergência na Barragem de Rejeitos. Também será testado o fluxo de comunicação interna e externa. Participam do simulado a Defesa Civil do Estado de Minas Gerais, juntamente com as coordenadorias municipais de Caldas e Poços de Caldas; o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais; a Polícia Militar de Caldas e a Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM, entre outros. Além desses, também atuam os órgãos fiscalizadores como ANM, Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama. Ao final do exercício será emitido o 2° Relatório do Simulado de Emergência na BAR. 

NÃO FALTAM DENÚNCIAS - 

A situação das barragens da INB, em Caldas, tem chamado a atenção pela gravidade de problemas que acumula, incluindo a possibilidade de rompimento, provocando medo nas populações da região. Além das barragens, não faltam denúncias sobre rios e bacias contaminados com urânio. Infiltração e problemas com uma pluma de drenagem ácida estavam impactando o Córrego Consulta, enquanto a Bacia de Águas Claras também apresentava em seu leito sedimentos que de fato são resíduos gerados pelo sistema de tratamento de águas ácidas do empreendimento conhecido por suas origens recheadas de contaminação radioativa. 

Conforme o BLOG noticiou em fevereiro do ano passado, por diversos transtornos ambientais e trabalhistas acumulados ao longo das últimas décadas, o “Relatório de Situação Ambiental e Atividades nº 7/2022, de 20/12/2022, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) mostrou que ainda está longe o ponto final da herança radioativa da Nuclemon, no Brooklin paulista. Foi de lá que saíram toneladas de material radioativo (Torta II) para Caldas. 

Segundo fontes da empresa, no local, desde setembro de 2022, a INB deixou de bombear as águas ácidas da mina de Caldas com a regularidade necessária a manter a cota de drenagem determinada pela CNEN. A CNEN, por garantia ambiental, determinou a cota 1328 para garantir que a mina não transbordasse para o meio ambiente.

 Em início de setembro do ano passado, as três balsas que abrigavam as bombas de drenagem da mina afundaram e desde então, o bombeamento funcionou de forma precária e a cota de segurança não estava sendo ultrapassada. No documento, constava que “há exigências abertas pela CNEN solicitando soluções para os problemas”. 

Para remover sedimentos acumulados na Bacia de Águas Claras foi iniciada a contratação de empresa para desassorear parcialmente a Bacia. Algumas medidas foram pontuadas no documento. Estava em andamento, por exemplo, o contrato de 24 meses entre a INB e o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN), para, entre outros objetivos, aperfeiçoar o modelo hidrogeológico do complexo, especificamente nas regiões da pilha de estéreis 4 e bacia de rejeitos. O contrato estaria em vigência até este mês de junho de 2024. Não houve mais informações sobre esses contratos. No documento, ficou ainda especificada a necessidade de perfuração de 20 novos poços. Um primeiro estaria no rol de contratação pela INB, no início deste ano. Estava nos planos da empresa, segundo o documento, uma nova estação de tratamento de águas ácidas. Aconteceu? A INB não informou. 

VENDA DE SUCATA - 

Outras informações divulgadas não foram confirmadas depois. A INB informou no ano passado que assinou contrato com uma empresa privada – não informou qual - para a elaboração do projeto conceitual da estação, que terá capacidade para tratar 600 metros cúbicos por hora; em duas linhas independentes das águas ácidas. O desmantelamento da planta industrial, com a alienação de bens patrimoniais, exigiria a venda de “sucata e equipamentos que não estejam radiologicamente contaminados, sem necessidade de descontaminação”. 

Para resolver o problema da infiltração, seria necessária a impermeabilização dos 200 metros inicial do desvio do Córrego Consulta. A elaboração do projeto estaria prevista para ocorrer em março próximo, com execução das obras para dezembro de 2024. O relatório da empresa a ser contratada estava previsto para março. Um plano de descomissionamento da barragem de rejeitos, foi anunciado para junho de 2025, com a contratação da empresa em dezembro daquele ano.

O documento não mostrava orçamentos e valores estimados dos contratos. Além dos problemas com o Córrego, a barragem, a UDC mantém tambores metálicos contendo Torta II (material radioativo), na instalação. A troca de tambores iniciada em setembro do ano passado vai durar 14 meses. De um total de 19600 tambores, 3.200 haviam sido sobre-embalados. Outros 3500 também. A complicada operação exige a coleta de amostras de Torta II para análise das concentrações de urânio e tório.  A CNEN queria, na época, mais detalhes para a contabilização do inventário de Torta II armazenado em um dos galpões. Estaria disposta a passar adiante no futuro? No complexo de Poços de Caldas funcionou a primeira mina de extração de urânio no Brasil, fechada em 1982. 

(FOTOS: FONTES E BLOG) – 

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