terça-feira, 24 de maio de 2022

Engenharia nuclear: prestes a se formar, Eduardo Lima, da UFRJ, admite mercado de trabalho restrito; mas aposta nos próximos concursos

 


O carioca Eduardo Lima, de 25 anos, está prestes a se formar em engenheiro nuclear pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mas admite que o mercado de trabalho está muito restrito. A Eletronuclear ofertou uma vaga de Engenheiro Nuclear no último concurso e a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), nenhuma, no concurso realizado em 2018. Com passagens pelas áreas de robótica e iniciação cientifica em laboratório que une programação com inteligência artificial, Eduardo faz parte da Comissão de Orientação e Acompanhamento Acadêmico (COAA), da Universidade. Embora trabalhe como programador na área de tecnologia da informação, ele aposta que terá chances de exercer a profissão e vai aguardar os próximos concursos. A chave, acredita, é descobrir desde cedo com o que mais se identifica e apostar na escolha. Eduardo sonha com uma oportunidade de trabalho em planta nuclear. E acha que pode contribuir para melhorar a divulgação do setor. Eis a entrevista: 

BLOG: Por que escolheu Engenharia Nuclear? 

EDUARDO LIMA: Foi em 2016, quando eu estava prestando o ENEM. Nessa época, havia uma promessa muito grande de reaquecimento do mercado, com a retomada das obras de construção da usina nuclear Angra 3, e da abertura de novos concursos. Além disso, já havia mantido algum contato inicial com a área durante o ensino médio, o que despertou bastante o meu interesse. 

BLOG: Começou, então, em 2016? 

EDUARDO: Sim. E na universidade passei por experiências dentro e fora. Participei de uma equipe de robótica, fiz iniciação cientifica em um laboratório de nuclear, que une programação com inteligência artificial, atuei na seção estudantil do curso e sou representante da Comissão de Orientação e Acompanhamento Acadêmico (COAA), que representa os alunos frente à universidade. Fora da universidade, fiz estágio em análise de dados, e, programação e atualmente trabalho como programador e consultor de TI. 

BLOG: Acertou a escolha? 

EDUARDO: Infelizmente a promessa de reaquecimento do mercado não se concretizou e temos poucos concursos, mas não me arrependo por realmente gostar e me interessar pela área. 

BLOG: Na Engenharia Nuclear, o que mais atrai? 

EDUARDO: A área de engenharia nuclear é mais ampla que a maioria pensa. Além de podermos atuar como engenheiros nucleares em instalações nucleares, podemos também atuar na agricultura, em hospitais e empresas focadas em Medicina Nuclear, em módulos espaciais, indústria farmacêutica e diversas outras sub áreas. 

BLOG: Faria novamente? 

EDUARDO: Faria, mesmo sabendo dos riscos de quando formado. Me formo nos próximos meses, só estou pendente de entregar o trabalho de conclusão de curso. 

BLOG: Já trabalha na área? 

EDUARDO: Não. Trabalho como programador na área de Tecnologia da Informação. 

BLOG: A Eletronuclear abriu edital. O que achou? Tem perspectiva? 

EDUARDO: Pelo edital, qualquer engenheiro nuclear formado na UFRJ tem total competência para exercer a função. Infelizmente, só foi aberta uma vaga. 

BLOG: O que acha do mercado de trabalho na área nuclear hoje no Brasil? 

EDUARDO: O mercado de trabalho no Brasil é muito restrito. A principal empregadora é a Marinha, tanto na parte civil quanto na parte militar. O concurso da Amazul, a parte civil da Marinha, acontece geralmente com um espaçamento de três a quatro anos e o da Marinha militar acontece todo ano, mas nem sempre com vagas para Engenheiro Nuclear. Esse ano além de dois, da Marinha, tivemos uma vaga da Eletronuclear. 

BLOG: Além disso? 

EDUARDO: Fora isso, temos Oportunidades para quem quer seguir a carreira acadêmica, fazendo mestrado e doutorado e trabalhando com pesquisas. 

BLOG: O mercado tem futuro no Brasil? 

EDUARDO: O futuro ainda é incerto, ainda mais com a troca constante de filosofia política do governo federal. 

BLOG: Hoje? 

EDUARDO: O governo atual, no geral, aposta na indústria e vê a energia nuclear como uma ótima alternativa para o futuro do país. 

BLOG: O que busca para o seu futuro profissional? 

EDUARDO: Como não me vejo na área acadêmica e as vagas para área são escassas, seguirei na área de Tecnologia da Informação, mas fazendo os próximos concursos. 

BLOG: Com as exigências mundiais de novos conhecimentos, mudanças tecnológicas, etc, acredita que o estudante de Engenharia Nuclear pode apostar nesse mercado brasileiro nos próximos anos? 

EDUARDO: Como já dito nas respostas anteriores, é fundamental que o estudante saiba os riscos e suas opções. Há muitos engenheiros trabalhando fora da área, assim como há engenheiros trabalhando na área. No geral, eu diria que depende mais de você e do quanto está disposto a se arriscar. 

BLOG: Que mensagem mandaria para quem sonha com o curso? 

EDUARDO: Procure conhecer a área desde o início do curso ou até antes de entrar nele. Saiba suas opções e os caminhos que pode trilhar. A área é extremamente interessante, mas um bom planejamento é a chave. 

BLOG: Qual o segredo da chave? 

EDUARDO: É tentar achar, desde o início, a área de engenharia nuclear com a qual você mais se identifica e mergulhar de cabeça. Lá na frente, isso fará muita diferença. 

BLOG: Assim pretende ingressar na carreira de engenharia nuclear? 

EDUARDO: Como já dito, nossas oportunidades no mercado de trabalho profissional são através de concurso, caminho que pretendo tentar. Não fiz os concursos recentes, mas pretendo fazer os próximos que serão abertos. 

BLOG: O que mais pretende no futuro na engenharia nuclear? Vai tentar doutorado no exterior?  

EDUARDO: Não pretendo buscar o doutorado, embora haja muitas oportunidades. Também não gosto muito da área de pesquisa, então gostaria de trabalhar em uma planta nuclear, pois tenho muita vontade de obter o conhecimento sobre usinas o que só é possível na prática. 

BLOG: Qual o seu maior sonho profissional na engenharia nuclear? 

EDUARDO: O meu maior sonho caminha com a minha visão de futuro. Gostaria de trabalhar dentro de uma planta nuclear e contribuir para o mercado de nuclear no Brasil, tanto espalhando informação, quanto corrigindo desinformação, que é muito abundante atualmente no país sobre nosso setor. 

BLOG: Espalhar a informação, de que forma? 

EDUARDO: Promovendo eventos que tratem da energia nuclear de forma correta, com embasamento cientifico. Tanto partindo de nós mesmos estudantes, quanto fazendo divulgação de eventos feitos por terceiros.      

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4 comentários:

  1. Tânia Malheiros é uma das mais importantes jornalistas especializadas e energia nuclear

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  2. Mais uma vez, sua matéria é esclarecedora. Parabéns.

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