O governo terá que escolher, nos próximos meses, o local onde será construído o depósito definitivo para armazenar os rejeitos radioativos, conhecidos como lixo atômico, produzidos pelas usinas Angra 1 e Angra 2, além de outras centenas de instalações no país, que produzem o material de baixa e média atividade. O projeto com cerca de 40 opções de locais nos estados do Rio, São Paulo e Minas Gerais, será apresentado em 2021, assim que a pandemia do coronavirus (COVID-19) estiver controlada. A agência francesa ANDRA, especializada em gestão de rejeitos radioativos, está prestando consultoria ao Brasil.
A construção do depósito está orçada em cerca de RS 120 milhões. O início da operação está previsto para 2024. Com o nome oficial de Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação, o Projeto RBMN está em pleno desenvolvimento e receberá apenas rejeitos já tratados. Iniciado em 2009, o Projeto RBMN passa agora a ser acompanhamento pelo Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, coordenado pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.
O projeto está sendo realizado no Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), em Belo Horizonte, sob a coordenação da engenheira química, mestre e doutora no assunto, Clédola Cássia Oliveira de Tello. Segundo ela, os rejeitos terão que ser tratados e armazenados dentro dos padrões de segurança, antes de chegarem ao depósito definitivo. “Caberá a cada instituição a responsabilidade por esse trabalho”, avisou.
Ela informou que, nos últimos anos, uma equipe do CDTN vem realizando o levantamento do inventário volumétrico dos rejeitos radioativos a serem armazenados no depósito. Essa contabilidade é constante., disse a especialista ao BLOG. Ela informou também que o depósito definitivo não poderá ser construído longe dos principais pontos de produção de rejeitos, para não dificultar o transporte do material radioativo. “O depósito terá total segurança”, garante. Prefeituras e governos estaduais vão participar das negociações. Haverá contrapartidas.
LIXO ATÔMICO -
Desde o acidente com césio 137, em Goiânia, que chocou o país, em setembro de 1987, a construção do depósito definitivo para os rejeitos nacionais tem sido debatida. Depois de muita discussão, Goiânia construiu o depósito para os rejeitos produzidos pelo acidente, que provocou a morte de quatro pessoas, contaminou muitas outras e gerou toneladas de rejeitos radioativo.
Por falta de local adequado para abrigar o lixo atômico e as fontes radioativas usadas em clinicas médicas, hospitais e pela indústria, as dependências de alguns institutos de pesquisas se transformaram em verdadeiros cemitérios de rejeitos. Segundo a literatura disponível, pelo menos até 1995, 143 toneladas de lixo atômico, mais 1700 fontes radioativas foram descartadas pelo setor médico e pela indústria. Até o ano de 2025, o Brasil terá produzido 126 mil tambores de 200 litros de rejeitos nucleares, previa a CNEN, em 1986.
Nos últimos cinco anos, em média, Angra 1, produziu, por ano, 100 metros cúbicos de rejeitos. No mesmo período, em média, Angra 2 produziu 10 metros cúbicos/ano, de rejeitos. A Eletronuclear, gestora das usinas, informou que todo o rejeito de baixa e média atividade está acondicionados em piscinas dentro das usinas. Segundo a especialista responsável pelo projeto do deposito, cada instituição será responsável pelo armazenamento dos rejeitos que ficarão no depósito definitivo, previsto para durar pelo menos três séculos.
FOTO: Maquete do depósito definitivo - CDTN/CNEN.
Por que os nossos jornais não publicam matérias tão importantes como as que você publica em seu blog? Prestaram um bom serviço, informando sobre essa área que muita gente desconhece ou pouco conhece. Parabéns,Tânia.
ResponderExcluir