A Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (Sape), do município de Angra dos Reis, na Costa Verde, denuncia o abandono de cerca de 420 índios da Sapukay, a maior aldeia do Estado do Rio de Janeiro. Segundo a coordenadora geral da Sape, Maria Clara Valverde Sevalho, a aldeia está localizada a cerca de 10 Km da Central Nuclear de Angra, mas sobrevive em precárias condições, situação agravada pelo isolamento provocado pelo coronavirus (COVID-19).
“Os índios chegaram muito antes das usinas nucleares, suas terras foram invadidas, eles têm medo da radiação e agora, do Covid-19. As compensações foram prometidas, mas praticamente nada aconteceu. A triste realidade deles está cada vez mais afetada”, denuncia a coordenadora da Sape. Segundo ela, 88 indígenas se contaminaram com o coronavirus, o percentual mais alto de Angra dos Reis. Lembrou que o em julho, o cacique Domingos Venite Guarani Mbya faleceu por complicações decorrentes do Covid-19. O líder, Algemiro, também contraiu o coronavirus, e se recupera aos poucos, disse Maria Clara.
“Os índios estão mendigando. Há muito tempo eles reivindicam um posto de saúde, mas tudo não passa de promessa”, comenta. O procurador da República, Ígor Miranda, ingressou na Justiça com ação civil pública obrigando a Eletronuclear, gestora das usinas nucleares, a cumprir promessas socioambientais previstas nas licenças de operação de Angra 1 e Angra 2 e em relação à instalação de Angra 3. Na ação, ele pede que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) seja impedido de renovar ou conceder licença ou autorização ambiental para o conjunto de usinas enquanto as condicionantes não forem cumpridas.
Segundo o procurador, duas recomendações já foram feitas pelo Ministério Público Federal (MPF) cobrando o cumprimento das condicionantes: uma em julho de 2017, outra em julho de 2020, sem avanço na execução das medidas. Ele acredita que o ponto de partida pode ser a atualização do projeto Tekoa, produzido há cerca de 10 anos pelas comunidades indígenas, em parceria com os estudiosos do Museu do Índio.
FUNAI PEDE AJUDA -
A Eletronuclear afirmou que não se pronunciará sobre a ação movia pelo procurador. A estatal divulgou que acaba de doar 183 cestas básicas a famílias em diversas comunidades indígenas da Costa Verde, por solicitação da Coordenadoria Técnica Local de Paraty da Fundação Nacional do Indio (Funai). Foram beneficiadas a Aldeia Sapukai, localizada na Terra Indígena Guarani do Bracuí; a Terra Indígena Guarani Araponga; a Terra Indígena Parati-Mirim; a Aldeia Indígena Rio Pequeno; e o Aldeamento Pataxó.
A Funai
ressaltou, segundo a Eletronuclear, que essa população foi afetada diretamente
pelo isolamento social imposto pelas autoridades sanitárias como prevenção
contra a covid-19. “A medida impactou de forma determinante a comercialização
do artesanato nas ruas das cidades, atividade que representa a principal fonte
de renda para as famílias indígenas da região e a garantia de sua segurança
alimentar”. A Prefeitura de Angra informou que libera um vale alimentação no
valor mensal de R$ 100,00, a cerca de 100 famílias; e que todas estão
cadastradas para receber o bolsa família do governo federal.
FOTO: Cacique Guarani Mbya - Jornais da Costa Verde.
Que situação delicada essa. Os indígenas sempre sendo alijados dos cuidados a que por direito e constitucionalmente têm direito, situação que piorou muito no governo Bolsonaro sabidanente não tem nenhum compromisso com os índios.
ResponderExcluirInfelizmente a Pandemia afeta muito mais os brasileiros nativos e pobres! Tomara chegue logo uma vacina e que o poder público lembre do compromisso constitucional. Contamos com pessoas como vc, Tania Malheiros pra divulgar as ações, Deus lhe abençoe e lhe dê forças pra continuar essa luta justa e humanitária
ResponderExcluirMuito obrigada por sua participação! Seu comentário é muito importante. Contamos sempre com a sua presença em nosso espaço democrático.
ExcluirSituação triste e vergonhosa para o nosso país. Parabéns à reportagem que,,com coragem, denuncia mais esse arbítrio.
ResponderExcluirObrigada por opinar. Sua participação é muito importante, incentivo e honra.
ResponderExcluirTriiste situação dos índios no Brasil. Se não é a atuação de jornalistas como você,nínguém fora de lá saberia da dificulda de pelas quais aqueles índios estão passando.
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