sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Usina nuclear Angra 3: destino só depois do Carnaval

 


Só depois do Carnaval o destino da usina nuclear Angra 3 será conhecido, talvez, de uma vez por todas. Durante mais de um ano as notícias sobre a retomada das obras da central atômica movimentaram o setor, certo de que Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), do Ministério de Minas e Energia, bateria o martelo a favor do empreendimento. As reuniões do  CNPE eram noticiadas com grandes expectativas e logo em seguida, adiadas, jogando baldes de água fria sobre as cabeças de alguns políticos, tecnocratas e interessados de um modo geral. Agora, só depois das festas do Momo haverá a definição, em ano de eleição, quando as pressões poderão ser maiores.  


O mais recente adiamento ocorreu em reunião extraordinária do CNPE, no dia 18 de fevereiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estaria disposto a ter problemas com a ministra Marina Silva, nada simpática à energia nuclear.  Segundo fontes, o assunto foi retirado da pauta. O ministro Alexandre Silveira sempre se posicionou favorável à retomada das obras, visitando, inclusive a central nuclear no ano retrasado. 

Na reunião do CNPE, Silveira apresentou voto pela aprovação da resolução que liberava o empreendimento, mas não venceu a resistência da área econômica por conta dos altos custos que envolvem a usina. A Eletronuclear, gestora das usinas, que “vai de mal a pior” financeiramente. E nem descarta a possibilidade de pedir emprestado ao governo os cerca de R$ 3 bilhões do fundo do descomissionamento, conforme o Blog divulgou na semana passada. 

EQUIPAMENTOS ESTOCADDOS - 


Angra 3 faz parte do acordo nuclear Brasil-Alemanha, assinado em plena ditadura militar (1975), que já consumiu pelo menos R$ 8 bilhões; e dependente de mais R$ 23 bilhões para ser concluída. Abandonar Angra 3 pode representar prejuízos de cerca de R$ 21 bilhões. Não basta aprovar a continuidade das obras, comentou uma fonte. “É preciso saber claramente e com planejamento assumido com responsabilidade de onde virão as cifras bilionárias”, comentaram fontes ao BLOG. 

 Dezenas de equipamentos de Angra 3 estão estocados há anos na Central Nuclear e outros, na Nuclep, em Itaguaí. Angra 3, se for concluída até 2031, segundo novas projeções, terá capacidade para gerar 1.350 Megawatts (MW), o equivalente a cerca de 20% da energia consumida na cidade do Rio de Janeiro, uma vez operando com 100% de sua capacidade, como Angra 2. Já Angra 1, gera a metade, nas mesmas condições, operado a 100%. O total representa 3% da energia consumida no Brasil. Vale lembrar que a energia não fica na cidade do Rio, pois faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN).  

BNDES E CEF – CALOTE? -

Conforme o BLOG vem divulgando há pelo menos quatro anos, a dívida da Eletronuclear com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal (CEF), era de R$ 6,4 bilhões, por conta de Angra 3. A empresa deve também a Framatome que estava tocando o empreendimento. O BNDES já divulgou quer não quer mais participar de Angra 3. A usina tem sido um poço de problemas, com obras paralisadas por ações judiciais, editais cancelados, denúncias de corrupção, entre outras.  

(FOTOS: ELETRONUCLEAR – NUCLEP) - COLABORE COM O BLOG – SETE ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – CONTRIBUA VIA PIX: 21 99601-5849 – CONTATO: malheiros.tania@gmail.com 

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