Rio de Janeiro, 03 de abril de 2025
Cerca de 1.373 profissionais, entre eles, 238 estrangeiros, contratados por empresas nacionais e internacionais atuarão em conjunto aos técnicos da Eletronuclear na troca de combustível (urânio enriquecido) de Angra 1, que está sendo preparada para ser desligada neste sábado (5/4). Enquanto isso, a direção da companhia tem anunciado a demissão de pelo menos 90 funcionários, entre outras medidas de austeridade. Sindicatos devem promover manifestações nos próximos dias. O clima é tenso na central nuclear.
Desta vez, a usina ficará fora do Sistema Interligado Nacional (SIN), 85 dias, quando deixará de gerar 640 Megawatts, o equivalente a 10% da energia elétrica consumida na cidade do Rio de Janeiro. Isto, quando opera com 100% de sua potência, sem os desligamentos registrados com frequência. Angra 1 está sendo preparada para durar mais 20 anos. A Eletrobras divulgou que injetará cerca de R$ 2,4 bilhões na extensão de Angra 1.
A usina foi comprada da norte-americana Westinghouse na década de 70, passou anos em obras, com diversos atrasos, sendo inaugurada em 1985. Problemas diversos, atrasaram mais um ano e Angra 1 entrou em operação em 1986.
Desligamentos por problemas técnicos, ações judiciais, entre outros, obrigaram a paralisação da usina muitas vezes; dando o apelido de “vagalume” à central nuclear. No mês passado, cerca de 90 toneladas de equipamentos norte-americanos, chegaram de Miami num Boeing 747 ao aeroporto de Cabo Frio, rumo à Central de Angra dos Reis. Apenas o transporte teria custado R$ 8 milhões.
PRÓXIMA PARADA -
Nesta 29ª parada da central atômica para a troca de combustível (urânio enriquecido a cerca de 4%), serão realizadas 5.700 tarefas. Entre as ações estão: manutenção dos transformadores principais de energia elétrica; atualizações tecnológicas nos sistemas de instrumentação; inspeções e melhorias em soldas das tubulações do circuito primário e do reator; e testes e manutenções preventivas nos componentes dos circuitos primário e secundário.
No Programa de Extensão de Vida de Angra 1, visando a modernização da infraestrutura da unidade, estão as ações manutenção dos transformadores principais de energia elétrica; atualizações tecnológicas nos sistemas de instrumentação; inspeções e melhorias em soldas das tubulações do circuito primário e do reator; e testes e manutenções preventivas nos componentes dos circuitos primário e secundário.
O urânio usado (irradiado) - que poderá ser utilizado no futuro como plutônio- retirado do reator, em outra operação complexa, seguirá para a Unidade de Armazenamento a Seco (UAS), também com tecnologia norte-americana, que terá capacidade para abrigar os combustíveis irradiados de Angra 1 e Angra 2 por mais 25 anos. Vale lembrar que as piscinas das duas usinas que armazenam rejeitos radioativos estarão esgotadas em 2028, segundo levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU). A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) ainda não decidiu onde será construído o depósito definitivo para esses e outros rejeitos de média e baixa atividade. O projeto é o CENTENA, mote de várias reportagens do BLOG.
URÂNIO: DA BAHIA, RÚSSIA, RESENDE E ANGRA -
O combustível da usina é produzido pela Indústria Nucleares do Brasil (INB). O urânio é extraído da mina que faz parte da Unidade de Concentrado, em Caetité, na Bahia. Lá, na URA (Unidade de Concentrado de urânio), passa para a forma de yellowcake. Como o país depende do produto na conversão para gás e enriquecimento, ele é enviado para o exterior (desta vez para a Rússia), retornando à Resende (RJ) onde é transformado em pastilhas até estar em condições de ser inserido em varetas de zircaloy.
Em seguida, em varetas, o combustível segue para a Central Nuclear em Angra dos Reis, onde será introduzido no reator. É uma operação complexa, que envolve diversas etapas e investimentos no mínimo milionários. Toda a parte de produção do combustível, incluindo a conversão em gás e o enriquecimento, tem sido feito na Rússia; cabe à Eletronuclear pagar à INB. No passado, o contrato era feito com a Urenco (consórcio de empresas na Inglaterra, Holanda e Alemanha).
Leia no BLOG:
28/2/2025 – Eletrobras vai injetar R$ 2,4 bilhões na extensão de vida útil de Angra 1; e nada mais em Angra 3, além dos R$ 6,1 bi comprometidos via BNDES e CEF; 27/02/2025 - Angra 1: refém dos EUA aos 40 anos, mais dívidas por equipamentos chegando de Miami a Cabo Frio; 8/1/2025 – Usina nuclear Angra 1 foi reconectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), às 05h54 desta quarta-feira (08), após o desarme ocorrido ; 19/01/2025 - Em menos de 20 dias, a usina nuclear Angra 1 foi novamente desconectada do Sistema Interligado Nacional neste sábado (18/1), às 19h35. O fato ocorreu em função de um problema no sistema de óleo de selagem do Gerador Elétrico Principal; 26/01/2025 - Desligada desde o dia 18/1, a usina nuclear Angra 1 foi reconectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), neste sábado (25/1), após reparos e testes no sistema de óleo de selagem do Gerador Elétrico principal; 28/2/2025 - A Eletrobras, como acionista da Eletronuclear, apoiará o projeto de extensão da vida útil da usina de Angra 1, por mais 20 anos. Para isso, a Eletronuclear emitirá R$ 2,4 bilhões em debêntures conversíveis, com prazo de 10 anos e custo equivalente à NTN-B, que serão adquiridas pela Eletrobras, de acordo com andamento do projeto.
(FOTOS – ELETRONUCLEAR - ABDAN - CNEN) –
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