O Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), onde inclui-se o de propulsão nuclear, e o Programa Nuclear da Marinha (PNM), que envolve principalmente o enriquecimento de urânio, estão sob o comando do almirante de Esquadra Alexandre Rabello de Faria que assumiu o cargo de Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), sexta-feira (5/4), durante cerimônia presidida pelo Comandante da Marinha, almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen.
A posse aconteceu no Complexo do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), onde o Brasil dominou a tecnologia do enriquecimento na década de 80, ingressando para o restrito clube do átomo. O novo diretor-geral, presidente do Conselho de Delegados na Junta Interamericana de Defesa entre 2021 e 2023, substituiu o Almirante de Esquadra Petrônio Augusto Siqueira de Aguiar, que esteve à frente do cargo desde 15 de dezembro de 2021.
ACORDO COM A FRANÇA -
O Prosub faz parte de um acordo de parceria estratégica assinado entre França e Brasil em 2008. Estimado em R$ 40 bilhões em valores atuais, engloba a construção de quatro submarinos convencionais e o nuclear. No último dia 27/3, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e da França, Emmanuel Macron participaram da cerimônia de lançamento do terceiro submarino convencional brasileiro, o Tonelero (S-42), em Itaguaí (RJ).
Conforme foi divulgado, Macron tem grande interesse no urânio brasileiro, pois 74% da energia elétrica francesa provém da energia nuclear. Muito se falou sobre o acordo do Brasil com a França, porque o Brasil tem a sétima maior reserva de urânio do mundo. Mas sem informações sobre de que forma o negócio será viabilizado. Foi bastante noticiado também que a França suprirá o submarino nuclear brasileiro de urânio enriquecido, mas o negócio terá que passar pelo crivo da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), por exemplo.
O fato que vinha sendo guardado a sete chaves divulgado pelo BLOG é que militares da Marinha brasileira já estão embarcados em submarinos nucleares franceses para receber treinamento. Formar a tripulação para comandar o submarino de propulsão nuclear nacional é mais um desafio, além de concluir toda a montagem do submarino, com previsão de lançamento em 2033.
Segundo o almirante de esquadra Petrônio Augusto Siqueira de Aguiar, ex-diretor do Prosub, o treinamento na França, faz parte da parceria estratégica. “Se não tivermos gente qualificada, nós vamos ter problemas”, comentou ao BLOG. Revelou também, durante palestra na COPPE/UFRJ, que a Marinha participa de edital na FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) visando passar o hexafluoreto da fase experimental para a industrial. Tudo vem sendo realizado no Centro Experimental de Aramar, em Iperó, São Paulo, dentro do PROSUB, comandado agora por seu sucessor, Alexandre Rabello de Faria.
O projeto de construção do edifício para abrigar a Usina-Piloto de demonstração Industrial para a Produção de Hexafluoreto de Urânio (USEXA) foi concluído pela Marinha na década de 90. Custou US$ 60 milhões e conta com três subunidades operando desde 2012. Além dessas, desde aquela época, havia uma outra em fase de comissionamento e duas em fase de testes para começar a operar em 2019. Na época, também, a Marinha informava sobre planos de emergência para a USEXA. Nada mais foi dito sore o assunto.
NOVO COMANDO -
O almirante Rabello disse estar pronto para o novo desafio e explicou que, historicamente, a coordenação científica e tecnológica da Marinha esteve concentrada no Rio de Janeiro, onde continua a desenvolver diversos projetos destinados a contribuir para o preparo e aplicação do Poder Naval. E que, em julho de 2023, a DGDNTM, estrategicamente, transferiu sua sede para a cidade de São Paulo, ocupando espaço na Cidade Universitária, ao lado do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), com quem a Marinha mantém parceria há cerca de 70 anos.
“No Rio de Janeiro, estão sediados o Instituto de Pesquisas da Marinha, o Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira e o Centro de Análises de Sistemas Navais, que executam programas relacionados a sistemas de armas; sensores; sistemas de guerra eletrônica; sistemas acústicos submarinos; sistemas digitais e informatizados; tecnologia de materiais; criptologia e avaliação de segurança em sistemas; modelagem e simulação; pesquisa operacional; oceanografia; meteorologia; biotecnologia marinha; sensoriamento remoto; e engenharias costeira e oceânica. A essas áreas de pesquisa, somam-se outras de interesse do Corpo de Fuzileiros Navais, da Diretoria de Saúde da Marinha e da Diretoria de Hidrografia e Navegação, com projetos desenvolvidos pelas respectivas Instituições de Ciência e Tecnologia”, lembrou.
E acrescentou: “A vinda da sede desta Diretoria-Geral para São Paulo teve várias motivações, dentre elas a de aumentar a representatividade da Marinha no estado de São Paulo. A mudança também sinaliza que estamos avançando no alcance do objeto principal do Programa Nuclear da Marinha (PNM) e do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), que é a obtenção do primeiro submarino nuclear convencionalmente armado do Brasil. Nosso primeiro submarino nuclear carregará o nome do ilustre patrono da Ciência e Tecnologia da Marinha, o Almirante Álvaro Alberto, pioneiro do Programa Nuclear Brasileiro e responsável pela proposta de criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do qual foi o primeiro presidente”, destacou o Almirante Rabello.
O novo diretor-geral enfatizou que a cooperação entre a Marinha e a comunidade científica brasileira rendeu ao País importantes ganhos, como o domínio do ciclo do combustível nuclear. “Os desafios científicos, tecnológicos e industriais continuarão; cabendo à Marinha, por intermédio da DGDNTM, a tarefa de robustecer o ecossistema científico e de apoio à pesquisa e consolidar as cadeias industriais e de suprimentos correlatas, necessárias a proporcionar solidez e perenidade tanto ao PNM quanto ao PROSUB. Fortalecer e intensificar essa cooperação é um compromisso que assumo e no qual trabalharemos com energia, foco e prioridade, para transformar conhecimentos em inovação”, declarou.
(FOTO E FONTE DA POSSE: Agência Marinha de Notícias. Informações também do BLOG).
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