A Eletronuclear tenta mais uma vez uma saída para a retomada das obras da usina Angra 3. Para tanto informa que disponibilizou, nesta quinta-feira (21/3), a consulta pública às minutas do edital e do contrato para a licitação dos serviços de Engenharia, Gestão de Compras e Construção (EPC, em inglês), que tem este objetivo, incluindo a Matriz de Risco e outros complementos contratuais. Até agora a usina já consumiu R$7,8 bilhões e depende de outros R$20 bilhões para entrar em operação em 2028, caso não haja mais um atraso. A usina tem 67% de suas obras civis concluídas.
Quanto à consulta pública, os documentos foram enviados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ficarão disponíveis no site da Eletronuclear a partir de segunda-feira (25/3) até o dia 26 de abril. “A consulta pública busca obter contribuições e melhorias de todos os interessados no processo de licitação, incluindo agentes do setor elétrico, empresas, especialistas e sociedade em geral”, informou a companhia. “O BNDES segue a revisão dos demais estudos relacionados à retomada da construção de Angra 3, como o orçamento do empreendimento e o cronograma, que servirão como base para o cálculo do preço de energia a ser analisado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)”, acrescentou a Eletronuclear.
DÍVIDAS ACUMULADAS -
Em fevereiro de 2021, a Eletronuclear divulgou a sua dívida, fruto de financiamentos de Angra 3, com o BNDES e a Caixa Econômica Federal (CEF): R$ 6,6 bilhões. A empresa vinha pagando, mensalmente, R$ 30,1 milhões ao BNDES. Já a CEF, pagava R$ 24,7 milhões mensais. Tratava-se de operação nada fácil de ser decifrada.
Em 2019, por exemplo, informações da companhia eram de que equipamentos e serviços contratados no mercado nacional estavam sendo custeados por meio desse financiamento junto ao BNDES, na época, no valor de R$ 6,1 bilhões. O contrato fora assinado em fevereiro de 2011. Desse valor, a Eletronuclear havia sacado R$ 2,7 bilhões, entre junho de 2011 e junho de 2015. Ao BNDES, a empresa pagava R$ 30,9 milhões por mês desde outubro de 2017.
Já o financiamento para a aquisição de máquinas, equipamentos importados e serviços realizados no exterior advinham de outro contrato entre a Eletronuclear e a CEF, no valor de R$ 3,8 bilhões, assinado em junho de 2013, tornando-se efetivo em julho de 2015. Desse valor, teriam sido retirados R$ 2,8 bilhões, entre junho de 2015 e julho de 2017.
PARCERIAS INTERNACIONAIS -
Ao longo dos anos, a Eletronuclear manteve contatos com empresas detentores mundiais da tecnologia para construção e operação de usinas nucleares. Foram realizados contatos com o gigante consócio franco-nipônico EDF/MHI (Électricité de France / Mitsubish Heavy Industries); a sul-coreana KEPCO (Korea Electric Power Corporation) empresa que então responsável pela construção de quatro usinas nucleares nos Emirados Árabes Unidos; as atuais controladoras da norte-americana WEC (Westinghouse Electric Corporation), empresa precursora mundial na construção de usinas termonucleares; a russa Rosatom; a chinesa CNNC (China National Nuclear Corporation); e o grupo consorciado chinês SNPTC/SPIC (State Nuclear Power Technology Company / State Power Investment Corporation). Tudo indica que não houve avanço.
O próximo passo é o governo a avaliar o modelo para a escolha do parceiro privado que concluirá a obra, informava a companhia. O cronograma considerava o reinício das obras para junho de 2021. Além da falta de verbas para que se cumprisse o cronograma, uma ação na Justiça de Angra dos Reis empacou as obras ainda hoje. A Eletronuclear deve cerca de R$ 264 milhões à Prefeitura de Angra, dívida de uma contrapartida sócio ambiental relacionada à obra.
1984: INICIO DAS OBRAS
Angra 3 faz parte do pacote do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, assinado pelo presidente da República, general Ernesto Geisel, em 27 de junho de 1975. As obras começaram em 1984, com diversas interrupções, até hoje. Continuam sendo executadas atividades de preservação das instalações do canteiro de obras e das estruturas e equipamentos da usina. Quando entrar em operação comercial, a usina atômica, com potência de 1.405 megawatts, poderá gerar cerca de 10 milhões de megawatts/hora por ano. Com Angra 3, a energia nuclear passará a gerar o equivalente a 70% do consumo do estado do Rio de Janeiro, o equivalente a três por cento do consumo nacional.
(FOTO: ELETRONUCLEAR) –
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