quinta-feira, 18 de agosto de 2022

BNDES tenta atrair interessados em Angra 3

 


Mais uma vez o governo tenta atrair interessados em investir em Angra 3, com obras iniciadas em 1984, cercada de dividas, adiamentos e promessas. Da próxima quinta-feira (25/8) até 13/09, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) conduzirá um processo de Market sounding (sondagem de mercado) visando a estruturação e implementação do modelo para a viabilizar a usina nuclear. A sondagem está sendo anunciada pela Eletronuclear, gestora das usinas atômicas em Angra dos Reis (RJ). 

Em paralelo, o BNDES está promovendo uma “avaliação independente sobre a viabilidade técnica e financeira da usina, visando trazer segurança aos futuros parceiros acerca das condições do empreendimento”, segundo a Eletronuclear. O estudo também estimará o custo de concluir a unidade e apresentará um cronograma para a obra, que está parada. Até o ano passado, o governo anunciava que dependia de R$ 15 bilhões para concluir Angra 3, mas agora, depende de novos estudos.  Na bolsa de apostas da área nuclear há quem garanta que a usina vai custar no mínimo R$ 18 bilhões.

Até bem pouco tempo também o governo anunciava que Angra 3 estaria concluída em 2026, mas a data passou para 2027. Angra 3 fez parte do acordo nuclear Brasil-Alemanha, assinado em 1975, no governo do general Ernesto Geisel.  A usina alcançou 65% de suas obras civis concluídas consumindo cerca de R$ 7 bilhões. 

CONTRATAÇÕES - 

O BNDES contratou o consórcio Angra Eurobras NES, composto por Tractebel Engineering Ltda. (líder), Tractebel Engineering S.A. e Empresários Agrupados Internacional S.A., para participar dos trabalhos. Há outra licitação para contratar a empresa ou o consórcio que vai finalizar as obras civis e a montagem eletromecânica da usina. Isso será feito via um contrato de EPC – sigla em inglês para engenharia, gestão de compras e construção. 

Os recursos para a construção de Angra 3 estão sendo obtidos, principalmente, por meio de empréstimos tomados pela Eletrobras, controladora da Eletronuclear. Os equipamentos e serviços contratados no mercado nacional estão sendo custeados por meio de financiamento do BNDES.  O financiamento para a aquisição de máquinas e equipamentos importados e a contratação de serviços externos está sendo feito mediante contrato com a Caixa Econômica Federal (CEF). 

A Eletronuclear assinou um contrato com o consórcio formado por Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz que permitirá a retomada da construção da usina. Essas empresas foram as vencedoras da licitação para contratar os serviços no âmbito do Plano de Aceleração da Linha Crítica da unidade. Com o contrato assinado, o consórcio opera para mobilizar o canteiro de obras reiniciar os trabalhos de construção. 

FOTO: Angra 3 – ABDAN. 

LEIA NO BLOG, em 2018: TCU autoriza retomada das obras de Angra 3 (18/9); em 2019, Angra 3: Governo busca parcerias internacionais. Dividas com BNDES e CEF são de bilhões (25/3), Acusado de corrupção em Angra 3, Michel Temer foi solto nesta quarta-feira (15/5), Eletronuclear entrega relatório sobre Angra 3: China, França, Coreia do Sul, Japão, Rússia e EUA estão no páreo (05/07), Angra 3: comitê fará estudos em 180 dias (08/08); em 2020, Angra 3: o caminho para a retomada das obras (23/07), Angra 3: Medida Provisória visa a retomada das obras (03/09); em 2021,  Angra 3: retomada das obras envolve compromisso socioambiental de R$ 217milhões para o município, usina depende de R$ 15 bilhões (28/01), Angra 3: edital para retomada das obras sai nesta quinta-feira. Dividas com BNDES e CEF chegam a R$ 6,6 bilhões (24/02), Eletrobras divulga comunicado sobre retomada das obras de Angra 3 902/03), Angra 3: adiada a data de abertura das propostas para a retomada das obras (17/05), Consorcio belga e espanhol vence concorrência para estruturar projeto de conclusão de Angra 3 (29/06), Eletronuclear divulga vencedor de licitação para obras de Angra 3, mas ainda cabe recurso (23/07), e muito mais. 

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