Virou motivo de preocupação e piada entre alguns especialistas do setor nuclear a composição do consócio de empresas que venceu a sessão pública realizada nesta sexta-feira (23/7) para tocar as obras civis e a montagem eletromecânica da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis, paradas desde 2015. Foi um tremendo “mico”, disseram porque o consórcio composto por Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz vencedor, não tem experiência na área nuclear, além de outros problemas. Citação na Lava Jato (“operação abismo”), obras de um viaduto que desabou em Fortaleza em 2016, por exemplo.
Com a sua imagem tão desgastada durante anos, com a prisão e depois liberação do então presidente da Eletronuclear, contra-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, por denúncias de corrupção na Lava Jato, o processo de licitação de Angra 3 poderia ter sido realizado com mais cautela, comentaram especialistas.
O lance vencedor foi de R$ 292 milhões, o que representa um deságio de aproximadamente 16% em relação ao valor de referência estabelecido pela Eletronuclear. No total, duas companhias e cinco consórcios participaram da sessão de abertura das propostas, realizada em 29 de junho.
A Eletronuclear não se manifestou sobre as questões delicadas envolvendo o consórcio vencedor. Mas informou que desde segunda-feira (26/7), o licitante que manifestou a intenção de recorrer tem cinco dias úteis para apresentar as razões do recurso, ficando os demais intimados para, caso queiram, apresentar contrarrazões em igual número de dias. A Eletronuclear terá cinco dias úteis, prorrogáveis pelo mesmo período, para fazer a análise dos recursos e contrarrazões apresentados.
Após o fim da fase recursal da licitação, as empresas integrantes do consórcio vencedor serão submetidas a uma avaliação de compliance, antes de o processo ser encaminhado à autoridade competente para homologação. Em seguida, as companhias devem ser convocadas para assinar o contrato num prazo de 10 dias úteis, prorrogável por igual período. Depois da assinatura, iniciarão a mobilização do canteiro de obras de Angra 3, para que a construção da central nuclear possa ser reiniciada ainda em 2021.
Entre as
principais medidas que constam no Plano de Aceleração do Caminho Crítico está a
conclusão da superestrutura de concreto do edifício do reator de Angra 3. Além
disso, será feita uma parte importante da montagem eletromecânica, que inclui o
fechamento da esfera de aço da contenção e a instalação da piscina de
combustíveis usados, da ponte polar e do guindaste do semipórtico. O índice
atual de conclusão da construção de Angra 3 é de 65%. A Eletronuclear prevê que
a usina entre em operação em novembro de 2026.
FOTO: Angra 3 - Acervo Eletronuclear.
Angra 3 parece condenada a permanecer inacabada!
ResponderExcluirObrigada por registrar a sua opinião.
ExcluirÉ importante que o Consórcio vencedor seja submetido a uma análise criteriosa para que tragédias como de Brumadinho não se repitam!
ResponderExcluirMuito bem informado, Tânia, a ponto de ser citado no blog do Correio Brasiliense. Parabéns.
ResponderExcluirAgradeço a sua importante participação. Comentário muito honroso.
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