O procurador da República de Guarulhos/Mogi, em São Paulo, Igor Miranda da Silva, solicitou esclarecimentos à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), sobre o licenciamento da Unidade de Armazenamento a Seco (UAS), que servirá de depósito para os elementos combustíveis usado (urânio enriquecido) de Angra 1 e Angra 2, em Angra dos Reis (RJ).
Em oficio datado de 7 de setembro, que o BLOG teve acesso, o procurador afirma que a CNEN ainda não esclareceu ao Ministério Público Federal de que forma garante que “as taxas de doses nos limites da cerca da instalação estarão abaixo das doses de limites ocupacionais”.
O procurador requisita informações num prazo de 60 dias, com documentação referente ao Programa de Levantamento radiométrico da UAS. Ele quer que a CNEN se manifeste sobre o impacto da construção e operação da UAS no plano de emergência da central Nuclear. E sobre eventual incompatibilidade, necessidades de adaptações e eventuais ocorrências de conflitos entre os projetos originais das tecnologias utilizadas nas plantas de Angra 1 e Angra 2.
A CNEN deve informar como se dará o transporte de combustível irradiado por supervisores de proteção radiológica, com detalhamento técnico do órgão, além de seus impactos e riscos da retirada dos produtos físseis dos locais onde estão armazenados.
CENÁRIOS DE RISCO -
Igor Miranda da Silva quer saber também se a CNEN avaliou a situação de integridade dos elementos combustíveis em caso de acidente severo que atinja a UAS. “Um sismo além das bases de projeto ou simular”, indaga. No documento, ele também pergunta se foram identificados e analisados os perigos e cenários de risco, seja em operação normal ou em condição de acidente ou eventos externos: incêndios, acidentes de manipulação e eventos sísmicos, por exemplo.
“Foram avaliados cenários possíveis que poderiam resultar em liberação de radioatividade para o meio ambiente? Foram avaliadas as probabilidades e realizadas análises quantitativas da radioatividade liberada? Atendem as limitações regulatórias para situações de operação normal e em acidente. A UAS é a prova de tornados?” pergunta o procurador da República.
INVASORES -
Para o procurador, a localização da UAS preocupa, pois a unidade está “extremamente próxima à rodovia BR 101. Daí, segundo ele, “indaga-se quanto a integridade física da UAS em termos de salvaguardas”. Por exemplo, mencionou no documento, é preciso “assegurar quanto à possibilidade de invasores” se aproximarem do local.
O procurador anexou ao oficio reportagens mostrando que duas agências bancárias foram destruídas durante uma tentativa de furto na madrugada de 21 de julho, na Vila Residencial de Mambucaba. A polícia teria sido acionada por causa de um furto de uma lancha, motivando um cerco por mar e terra. Os bandidos teriam fugido pela mata. A polícia informou que o crime não afetou a segurança da central nuclear, que fica a 15 km do local.
Em reportagem exclusiva publicada nesta terça-feira (15/9), no BLOG, a Eletronuclear, garante total segurança no empreendimento, transporte e armazenamento. Leia a integra da matéria. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), não se manifestou sobre o assunto.
FOTO - Divulgação Eletronuclear – local da UAS.
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