quinta-feira, 10 de abril de 2025

Seminário Internacional na Fiocruz pelo fim do amianto. Carlos Minc homenageia precursores na luta contra o mineral cancerígeno


 Durante dois dias (8 e 9/4) os mais renomados especialistas debateram malefícios, histórias e buscas de soluções envolvendo a necessidade do banimento do cancerígeno amianto, no Brasil e no mundo, durante o IV Seminário Internacional sobre Vigilância dos Expostos ao Amianto: Saúde, Trabalho e Meio Ambiente, realizado na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), que sediou o evento.  Organizado pela Escola em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (ABREA), o seminário reuniu técnicos, lideranças das associações de vítimas, trabalhadores, membros da ABREA/RJ, membros do MPT e do MPF, peritos do MPT. Autor da Lei estadual 357/01 de desamiantagem - a primeira no Brasil - o deputado Carlos Minc (PSB-RJ) abriu o evento prestando homenagens, como à auditora fiscal do Trabalho, Fernanda Giannasi, uma das mais importantes e atuantes ativistas na luta pelo banimento do amianto no Brasil e no mundo. Minc entregou à Fernanda a Medalha Tiradentes. 


“Ao longo de 40 anos venho me dedicando tanto como auditora-fiscal do Ministério do Trabalho, como cofundadora das diversas associações de expostos e vítimas do amianto em diversas regiões de nosso país. Por isso, hoje, sinto-me extremamente honrada ao receber esta homenagem, que se deve fundamentalmente ao apoio e confiança de familiares e vítimas do amianto ao nosso trabalho”, comentou Giannasi. 

Ela lembrou que a atuação de Carlos Minc no trabalho de banimento ao amianto é antiga. Lembrou ter testemunhado o parlamentar, em plena RIO-92, denunciando e exigindo a retirada de telhas de amianto de algumas instalações da conferência histórica.  “Estamos na luta há muito tempo, comentou”, Minc. 


O parlamentar também prestou homenagens concedendo diplomas Anna Nery, para os precursores da lula-anti-amianto no Brasil: Rosa Amélia Araújo e Ruthe Nascimento, ambas Post Mordem”; Vanda D’Acri e Eliezer João Souza, da ABREA.

Em sua palestra, Fernanda Giannasi apresentou diversos registros de s de contaminação e morte por amianto, como na Mina de São Félix em Bom Jesus da Serra, na Bahia, desativada, onde crianças brincavam com o mineral cancerígeno, expostos a doenças diversas, situação grave que ela denuncia há pelo menos 26 anos. Há dificuldades para a realização de exames nos expostos, com alto custo para o deslocamento de equipes e equipamentos, tanto que foi preciso recorrer aos postos do Hospital do Câncer de Barretos a 1.353,3 km de distância; entre outras dificuldades. 

AMIANTO NO STF - 

A Suprema Corte Brasileira (STF) estava prestes a emitir o veredicto final sobre as exportações de amianto, substância proibida em 2017 pelo STF. Mas a decisão foi adiada, porque o ministro Kassio Nunes Marques, disse que precisava de mais tempo para considerar os argumentos do caso ADI 6200 - uma ação judicial iniciada em 2019 que pede a inconstitucionalidade da lei estadual de Goiás, isentando a mineração de amianto da proibição da Suprema Corte. A ADI 6200 pediu o fechamento da mina de crisotila de Cana Brava, a única mineradora de amianto remanescente do país. “Como ele é Ministro do STF desde 5 de novembro de 2020, alguém deve se perguntar por que Marques não encontrou tempo para estudar os arquivos do caso”, comentou Giannasi. 

SEMINÁRIO - 

Definir estratégias para a vigilância, diagnóstico, tratamento, registro e compensação das vítimas do mineral, bem como apresentar experiências de desamiantagem, que consistem na desconstrução e remoção dos materiais contendo amianto, a descontaminação da área e a destinação segura dos MCA (a sigla para "material contendo amianto", que se refere a todos os materiais que têm mais de 1% de fibras de amianto na sua composição). 

Apesar da proibição pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2017, ao uso do amianto no Brasil, o problema perdura. O principal motivo é a permanência da extração na Minaçu, em Goiás, além da presença de produtos em domicílios, equipamentos de lazer e edificações em geral. Outro aspecto debatido foram os efeitos à saúde humana, que podem levar longo período para se manifestar, devido ao tempo entre a exposição e a latência dos eventos.

Além dos representantes do MPT, do Ministério Público Federal (MPF) e Ministério da Saúde, participaram as secretarias de Estado de Saúde, Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), trabalhadores e grupos de pessoas expostas ao amianto (por meio de sindicatos e de associações de vítimas). A Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do Conselho Nacional de Saúde (CISTT/CNS) também esteve presente. 

METAS - 

Uma das metas do seminário é dar continuidade às ações e debates sobre os riscos decorrentes da exposição ao cancerígeno amianto, tanto nos ambientes de trabalho, como no meio ambiente. Foram definidas estratégias para a vigilância, diagnóstico, tratamento, registro e compensação das vítimas deste mineral, bem como apresentar experiências de desamiantagem. 

Em seguida, mesas debateram os seguintes temas: “SUS: as ações de vigilância (DATAMIANTO) e os sistemas de registro (SINAN, SIM)”, “Experiências Nacionais na Vigilância dos Expostos ao Amianto” e “Experiências Internacionais na Vigilância dos Expostos ao Amianto. Também foram debatidos casos na Índia, Colômbia e outras experiências Arthur Frank (Drexel Universty, USA); Exposição ambiental e ocorrência de doenças relacionadas ao amianto: a experiência italiana Agata Mazeo ( University of Bologna, Bologna, Italy) Pietro Comba (National Institute of Health, Roma, Italy);Experiência australiana de vigilância dos expostos ao amianto Matthew Peters e Catherine Jones (Asbestos and Dust Diseases Research Institute- ADDRI); Desafios após a proibição do amianto: a experiência colombiana Guillermo Villamizar (Colombia Asbestos Free Foundation- FundClas), entre outros. 

Na quarta-feira (9/4), “Placas pleurais e seu significado técnico, político e social” foi o assunto em debate na primeira mesa. Em seguida, as considerações finais das instituições organizadoras do evento, além de Ações de Vigilância no Brasil e Cooperação Internacional, com destaque para projetos de formação e Pesquisa (Brasil, Portugal, Itália, Colômbia, Austrália).

(FOTOS – BLOG)– 

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