quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Exercício de Segurança Nuclear chega ao Porto do Rio de Janeiro: atenção a cargas nucleares e radiológicas

 


Praticamente sem divulgação, o Porto do Rio de Janeiro sediou o Exercício de Segurança Nuclear em Porto (ESFPORTO 2022), no período de 23 a 25 de novembro. A ação foi coordenada pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR), além da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Coordenação de Enfrentamento ao Terrorismo da Diretoria de Inteligência da Polícia Federal, Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), e dezenas de organizações públicas federais, estaduais e municipais, e algumas empresas privadas. No dia 17/11, outro exercício simulado - conforme a foto -, voltado para o derramamento de óleo combustível, mobilizou o Porto do Rio. 

No exercício de segurança nuclear, a atividade foi realizada na modalidade “exercício de mesa”, em que situações fictícias foram analisadas pelos órgãos participantes, que operaram no Centro de Comando e Controle de Segurança Portuária (CCCSP) do Porto do Rio de Janeiro. Para o superintendente da Guarda Portuária, José Tadeu Diniz, além de treinar o pessoal para pronta-resposta diante de uma emergência nuclear em área portuária e promover a interação entre as instituições, o exercício é uma boa oportunidade para aprimorar a gestão de risco. 

“Por meio dessa atividade, podemos identificar vulnerabilidades, conhecer as ameaças e adotar as boas práticas de prevenção. Sabemos que a probabilidade de ocorrer acidentes dessa natureza é muito baixa, mas devemos estar sempre preparados, porque as consequências seriam desastrosas para a população, o meio ambiente e a economia”. 

CARGA NUCLEAR OU RADIOLÓGICA - 

Segundo a gerente de Riscos de QSMS (Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde) da Docas do Rio, Jussara Mendes, o exercício ocorreu conforme o planejamento. O ESFPORTO tem por objetivos testar a efetividade dos protocolos de atuação integrada, elaborados pela CONPORTOS e pela CESPORTOS-RJ, durante uma operação portuária com carga nuclear ou radiológica; propor aperfeiçoamentos aos referidos protocolos, a fim de utilizá-los como base em outros portos de interesse do Programa Nuclear Brasileiro (PNB); e testar a capacidade de comando e controle do Centro Integrado de Comando e Controle Regional. 

DERRAMAMENTO DE ÓLEO COMBUSTIVEL - 

Outro exercício simulado do plano de emergência do Porto do Rio mobilizou arrendatários e operadores portuários no dia 17/11. Foi um Exercício de Planejamento e Mobilização de Equipamentos do Plano de Emergência Individual (PEI). O simulado foi coordenado pela Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), em parceria com os arrendatários e operadores portuários, com a participação do grupo Bravante-Hidroclean, responsável pelo Centro de Atendimentos a Emergências (CAE) do porto.  A superintendente de Sustentabilidade do Negócio da Docas do Rio, Gabriela Campagna, informou que “para o simulado, os arrendatários e operadores escolheram a hipótese de derramamento de óleo combustível para que fossem treinados a atender a emergências de um acidente ambiental de grande monta”. 

CENÁRIO HIPOTÉTICO - No exercício, foi abordado o cenário envolvendo a hipótese acidental. O gerente de Meio Ambiente da Docas do Rio, William Lobosco, descreveu o cenário hipotético: “No armazém 18 do Porto do Rio de Janeiro, durante manobra de atracação do navio CBO Cabrália com auxílio de rebocadores, devido a uma colisão com o cais, houve ruptura do costado e do tanque do navio, causando o vazamento instantâneo de até 400 m³ de óleo combustível MF-380 para o mar”. 

Tudo está registrado em documento que contém as informações relativas às ações em casos de emergência de acidentes ambientais e descreve os procedimentos de resposta da instalação (portos organizados, instalações portuárias, terminais, dutos, sondas terrestres, plataformas e suas instalações de apoio, refinarias, estaleiros, marinas, clubes náuticos e instalações similares) a um incidente de poluição por óleo, em águas sob jurisdição nacional, decorrente de suas atividades. 

FOTO:  DOCAS – Simulado realizado em 17/11/2022 – 

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terça-feira, 29 de novembro de 2022

Comissão da Câmara dos Deputados quer informações sobre denúncia de racismo e transfobia em empresa nuclear

 


A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados promove audiência pública nesta quarta-feira (30/11) para ouvir o diretor-presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Carlos Freire Moreira, para esclarecer fatos relativos a episódio de racismo e homofobia na suposta de recusa de ingresso de candidato negro e homossexual aprovado no concurso público da empresa. A agenda foi divulgada hoje pela Câmara. A realização da audiência foi solicitada pelo deputado Áureo Ribeiro, do Solidariedade/RJ. A primeira reportagem sobre o caso foi publicada pelo Blog no dia 27 de setembro; que deu continuidade ao caso nos dias seguintes. 

O debate será realizado no plenário 11, às 17 horas, seguindo a Agência Câmara de Notícias. 

No da 27 de setembro, o BLOG publicou a seguinte denúncia “Racismo e transfobia provocam indignação nas Indústrias Nucleares do Brasil em Resende”.  

O vice-presidente do Sindicato dos Mineradores de Brumado e Microrregião, Lucas Mendonça, acabava de formalizar denúncia de racismo e transfobia contra uma chefia da Gerência de Comunicação Institucional da INB, junto à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADIP) e ao Ministério Público do Rio de Janeiro. 

“Negro e veado” traria “vergonha à empresa” foi a justificativa da funcionária para tentar adiar a contratação do profissional aprovado em concurso público. 

Funcionários que presenciaram as ofensas, inclusive negros, fizeram a denúncia à Ouvidoria e ao Conselho de Ética, além da diretoria de finanças e administração, mas foi em vão.  Houve prevaricação. Segundo Mendonça, o crime de racismo e transfobia vinha sendo mantido em sigilo pela empresa, mas já se tornara público entre os empregados que estão indignados. 

O caso ocorreu dentro da Unidade da INB, em Resende, na Rodovia Presidente Dutra KM 330 – em Engenheiro Passos. 

No dia 28 de setembro, o blog publicou: “INB confirma denuncia de racismo e transfobia praticados contra profissional negro transgênero. “A INB “não coaduna com nenhum ato de discriminação de gênero, identidade sexual, raça e etnia, condição física, classe social, procedência geográfica, estado civil, idade, religião, cultura e convicção política”, informava a empresa. E acrescentava: “Este princípio basilar está fixado no Item 2.1.2 do Código de Ética, Conduta e Integridade da empresa”.  

O BLOG publicou outras matérias sobre o caso. 

FOTO: INB – RESENDE – 

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Angra 3 tá On! Reinício da concretagem marca a retomada das obras

 


“Angra 3 tá on, lançamento do primeiro concreto”. Assim, com apelo popular, que nada tem a ver com a linguagem dos "anos de chumbo", quando o projeto começou, a Eletronuclear está lançando um vídeo para mostrar a retomada das obras da usina. O reinício do processo de concretagem de Angra 3, sexta-feira, marcou a retomada das obras civis paralisadas desde 2015. Segundo a Eletronuclear, gestora do empreendimento, a preparação para o procedimento de concretagem das obras começou em fevereiro deste ano com a assinatura de contrato com o consórcio Agis, composto pelas empresas Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz. De lá para cá, o consórcio atuou na preparação do canteiro de obras para a retomada do empreendimento, o que incluiu a montagem de uma central de concreto no local. 

O novo presidente da empresa, Eduardo Grivot de Grand Court, participou do evento. Segundo os assessores, a qualidade do concreto, tanto dos elementos agregados em si, tais como areia, pedra, água, cimento, por exemplo, quanto de sua proporção na mistura final, o chamado traço, são objeto de rigorosa avaliação técnica por parte da companhia e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que é quem autoriza o reinício do procedimento de concretagem. Desde setembro, quando foi inaugurada a central de concreto até o dia de realização da concretagem, testes de campo e em laboratório foram realizados para garantir a qualidade do material empregado na construção. 

O lançamento do concreto faz parte do “Plano de Aceleração do Caminho Crítico de Angra 3”, cujo objetivo principal é concluir as obras civis dos principais prédios da usina, o que inclui o edifício do reator e outras instalações ligadas à segurança nuclear. Nesta etapa, há outros eventos importantes como o fechamento da esfera de aço que fica dentro do edifício do reator, e a instalação de equipamentos importantes como a piscina de combustíveis usados, a ponte polar e o guindaste do semipórtico. 

Angra 3 faz parte do pacote do acordo nuclear Brasil-Alemanha assinado em 1975, pelo general Ernesto Geisel, então presidente da República, que previa a construção de oito centrais atômicas. As obras começaram em 1984, mas foram paralisadas diversas vezes por problemas variados. O então presidente da República Michel Temes chegou a ser preso por acusações de corrupção, na usina, tendo sido depois absolvido e liberado depois. Conforme dados oficiais, Angra 3 já consumiu cerca de R$ 7 bilhões e depende de outros R$18 bilhões para ser concluída. 

A previsão atual é de que a inauguração será em 2028. Terá capacidade para gerar 12 milhões de megawatts-hora por ano, energia capaz de atender o consumo residencial da região Norte ou quase todo o Centro-Oeste do Brasil. Mas a energia fará parte do Sistema Integrado Nacional (SIN). 

FOTO: Eletronuclear. 

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Técnica nuclear é aplicada em aldeia indígena para detectar metais pesados em Brumadinho

 


Uma equipe de especialistas do Serviço de Meio Ambiente do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) está delimitando para análise o impacto causado pela mineração no município de Brumadinho (MG). A área delimitada para estudo está situada em uma aldeia indígena, conta com cerca de dois hectares e foi escolhida devido a uma inundação após uma cheia recente no Rio Paraopeba. A técnica a ser utilizada para análise do material é a de ativação neutrônica, através do Reator Nuclear Triga IPR-R1. 

“Por causa do rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019, alguns poluentes ficaram acumulados nos sedimentos do rio, e podem ter sido depositados nos solos do local durante a cheia. Também fizemos coletas em pontos de controle e no local de chegada dos sedimentos no Rio Paraopeba após rompimento da barragem, a fim de auxiliar na interpretação dos resultados”, explica o pesquisador do CDTN, Ricardo Passos. 

O CDTN representa o Brasil em projeto que reúne 19 instituições em 18 países com o objetivo de avaliar o impacto de metais pesados, pesticidas e outros contaminantes de origem humana na água e no solo. A iniciativa é organizada pelo Acordo de Cooperação Regional para a Promoção da Ciência e Tecnologia Nuclear na América Latina (ARCAL), ligado à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). 

A primeira etapa do projeto consiste na avaliação preliminar da área. Moradores estão sendo entrevistados para que se possa compreender as atividades realizadas no local. A próxima etapa será realizada ainda neste mês de novembro, quando o CDTN irá participar de um treinamento sobre padronização global dos métodos de coleta dos materiais, em conjunto com os demais países participantes. 

Uma avaliação sobre o impacto de atividades no solo requer esforços internacionais, com o objetivo de equilibrar os processos analíticos e o conhecimento produzido durante o projeto. Segundo Ricardo, o CDTN poderá contribuir internacionalmente com práticas analíticas e de coleta já consolidadas na entidade, além de trazer novas práticas à rotina, por exemplo. 

PROJETO INTERNACIONAL RLA 5089. 

O projeto estabelece, como prioridade estratégica para a América Latina e Caribe, a preservação do solo, um recurso natural não renovável. Para isso, a identificação de metais pesados (como o mercúrio, chumbo, níquel e cobre), pesticidas e outros contaminantes é essencial para a avaliação dos processos de desertificação e da perda de fertilidade do solo, bem como o impacto das atividades humanas sobre o mesmo. 

Segundo o CDTN, o projeto também pretende estabelecer o conhecimento necessário para compartilhar e conscientizar os órgãos governamentais sobre a contaminação do solo e solicitar seus envolvimentos, contribuindo para o estabelecimento de normas regulatórias e para a adoção de medidas e estratégias de conservação e mitigação. 

CDTN -  

CDTN, instituição vinculada à CNEN, é uma autarquia federal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Com destaque na atuação em Saúde, Meio Ambiente, Minerais, Materiais e Reatores em Minas Gerais e no Brasil. As aplicações resultadas de técnicas nucleares incluem a produção de radiofármacos, a esterilização de produtos médicos e farmacêuticos, a esterilização de hemocomponentes, o atendimento a emergências radiológicas e o recebimento de rejeitos radioativos. 

O CDTN conta ainda com um Programa de Pós-Graduação para contribuir com a pesquisa nacional e internacional, que hoje forma mestres e doutores em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais. Criado como Instituto de Pesquisas Radioativas (IPR), em 1952, o Centro está localizado no campus da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, e possui uma vasta gama de interlocuções com setores da academia, indústria e inovação. 

FOTO: CDTN - ÁREA DELIMITADA  

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segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Brasil aumenta a produção de urânio enriquecido


A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) aumenta a produção nacional de urânio enriquecido na próxima sexta-feira, dia 25/11, com a inauguração da 10ª cascata de ultracentrífugas da Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio na Fábrica de Combustível Nuclear- FCN, em Resende/RJ. Com a ampliação, a INB finaliza a primeira fase da implantação e reduz o seu grau de dependência na contratação do serviço no exterior para a produção de combustível das usinas nucleares nacionais. As informações foram divulgadas pela empresa nesta segunda-feira (21/11). 

A entrada em operação da 10ª cascata de ultracentrífugas (equipamentos que enriquecem urânio) permite o alcance da capacidade de produção para atendimento de 70% da demanda das recargas anuais da usina nuclear Angra 1. Isto correspondendo a um acréscimo de cerca de 5% em relação à capacidade atual. 

A tecnologia de enriquecimento do urânio pelo processo da ultracentrifugação foi desenvolvida no Brasil, na década de 80, secretamente, pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN /CNEN). O projeto chamava-se programa paralelo (militar), depois, foi batizado de “autônimo”.  O Brasil estava dominando o ciclo do combustível, do qual poucos países faziam parte. Hoje, de acordo com a World Nuclear Association, o Brasil faz parte de um seleto grupo de 13 países reconhecidos internacionalmente pelo setor nuclear como detentores de instalações para enriquecimento de urânio com diferentes capacidades industriais de produção.

HISTÓRICO - 

A implantação da Usina de Enriquecimento de Urânio da empresa, projeto industrial estratégico do Ciclo do Combustível Nuclear, foi iniciada em 2000, em Resende/RJ. Em 2006, foi inaugurada a 1ª cascata de ultracentrífugas, fato que inseriu o Brasil no seleto grupo de países detentores dessa tecnologia.

A implantação da Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio da FCN está sendo realizada, de forma modular, em duas fases. A segunda será composta por trinta cascatas. O projeto para a implantação da 2ª fase, denominada Usina Comercial de Enriquecimento de Urânio (UCEU) já foi iniciado com o projeto básico, que se encontra em elaboração, e com a solicitação de licenças aos órgãos de fiscalização: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Quando a implantação da Usina estiver concluída, o Brasil passará à condição de autossuficiência de enriquecimento de urânio. A previsão é que, até 2033, a INB seja capaz de atender, com produção totalmente nacional, as necessidades das usinas nucleares de Angra 1 e 2 e, até 2037, a demanda de Angra 3, prevista para ser inaugurada em 2027. 

FOTO: Fábrica de Enriquecimento - Resende - Acervo INB - 

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sábado, 19 de novembro de 2022

STJ mantém liminar da Justiça Federal que impede a mineração de amianto em Minaçu (GO)

 


O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) manteve esta semana a liminar que impede o funcionamento da mina do cancerígeno amianto, de propriedade da empresa Sama, do grupo Eternit, funcionando em Minaçu, localizada no Norte de Goiás. O caso da extração do amianto, que provoca graves doenças, como o câncer, vem sendo denunciado há anos pela Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (ABREA), mas parece não ter fim. A fiscal do Trabalho, Fernanda Giannasi, uma das fundadoras da ABREA, informou que a qualquer momento a empresa pode ser notificada para paralisar as suas atividades. 

Segundo Giannasi, os advogados de São Paulo, do poderoso grupo Eternit, estão se movimentando rapidamente para restabelecer a liminar e minimizar os efeitos negativos que a notícia poderá causar no mercado internacional de commodities (minério de amianto). Por decisão do STF em 2017, a exploração do minério ficou proibida no Brasil.  

“Espero que não presenciemos mais uma vez a ocorrência da guerra de liminares, que fecham a mina de manhã e reabrem à tarde. Isto precisa acabar. Não é admissível que a decisão do Supremo Tribunal Federal, de 2017, determinando o banimento do amianto, continue a ser desrespeitada sob os olhares benevolentes dos órgãos do Judiciário e da omissão conivente de nossos parlamentares, com flagrantes conflitos de interesse, e do Poder Legislativo como um todo”, alertou Giannasi. 

Depois da decisão do STF, de acabar com a exploração do amianto no Brasil, a Eternit, através de liminares, tem conseguido a retomada de escavações para extração do amianto crisotila para exportação. De acordo com a empresa, o retorno destas atividades está amparado em uma lei estadual que autoriza o processo. 

Na divisa com Tocantins, Minaçu tem a única usina de amianto da América Latina, a terceira maior do mundo, perdendo apenas para uma instalada na China e outra na Rússia, parceiras no BRICS. Pertencente ao grupo Eternit, ela responde por 13% de toda a fibra comercializada no mundo. Misturado ao cimento, o amianto foi usado principalmente na confecção de telhas e caixas d'água. Com a metade das residências usando tais materiais, o país foi até recentemente o quarto maior consumidor mundial do mineral cancerígeno. A ABREA não deixa dúvidas sobre os malefícios provocados pelo amianto à saúde do trabalhador, com um número incalculável de mortes. 

Leia no BLOG outras notícias sobre os males provocados pelo amianto: em 16/4/2018, “Livro dá voz às vítimas e a luta pelo banimento do amianto no Brasil”; em 01/03/2019, “Fernanda Giannasi e a sua luta para banir o amianto. Ela também já sofreu preconceito”; 02/7/2019, “Banimento do amianto é tema de audiência pública na Câmara dos Deputados”; 19/07/2019, “Associação dos procuradores do Trabalho quer anular Lei Caiado a favor do amianto”; 14/02/2020, “Eternit passa por cima de decisão do STF e anuncia retomada da exploração do amianto, produto cancerígeno”; 16/08/2021, “Cancerígeno amianto: Justiça decide por suspensão imediata das atividades de extração, exploração, beneficiamento, comercialização, transporte e exportação, a pedido do Ministério Público Federal”. 

FOTO: acervo ABREA. 

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terça-feira, 15 de novembro de 2022

Angra 2 novamente desligada, em menos de 24 horas


A usina nuclear Angra 2 acaba de ser novamente deligada nesta terça-feira (15/11). Religada ontem (14/11), depois de ter sido desligada na semana passada (9/11), por problemas técnicos a central atômica está novamente fora do Sistema Interligado Nacional. A informação exclusiva do blog é de fontes do setor nuclear. Ainda hoje, a Eletronuclear deverá informar os motivos da parada de Angra 2. O site da Eletronuclear permanece informando que a usina está sem produzir energia, embora informações oficiais da empresa, no mesmo site, na área de noticias, informem o contrário. Fato, é que a usina religada ontem, voltou a parar hoje. Leia mais sobre as usinas nucleares. FOTO: acervo Eletronuclear - empregados na área controlada. COLABORE COM O BLOG – PIX: 21 996015849 

SENAI-SP lança "O IPEN e a Economia do Hidrogênio", de Marcelo Linardi

 


Acaba de sair do forno o livro “O IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e a Economia do Hidrogênio”, do engenheiro químico Marcelo Linardi, pela editora SENAI, de São Paulo, com 288 páginas,   um importante trabalho sobre o tema, que no momento está sendo debatido no Brasil e no mundo. As mudanças climáticas apontam para a relevância do estudo da utilização do hidrogênio, considerado o pilar da descarbonização e, desde fevereiro de 2021, foram anunciados em todo o mundo 131 projetos de grande escala, em um total de 359, com investimentos estimados em cerca de US$ 500 bilhões até 2050. 

De acordo com o Marcelo Linardi, mais de 30 países possuem estratégias para o hidrogênio e a capacidade de sua produção pode ultrapassar 10 milhões de toneladas/ano, em 2030. Até 2050, a demanda por hidrogênio verde (de origem renovável) deverá chegar de 300 milhões de toneladas, segundo as previsões mais pessimistas, e a 800 milhões de toneladas, no cenário mais otimista, promovendo o desenvolvimento socioeconômico, tecnológico, a sustentabilidade e a proteção do meio ambiente.  

“Internamente, entre as maiores riquezas do Brasil estão as inúmeras fontes de produção de hidrogênio, em sua maioria renovável, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Temos sol, vento, água, biomassa, energia geotérmica, energia dos oceanos, biocombustíveis, e ainda vários tios de resíduos”, comenta Linardi. Para a diretora de Relações Institucionais da Associação da Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2), Monica Saraiva Panik, o hidrogênio já está entre as mais importantes fontes de energia no futuro. 

“Vislumbramos o sonho do hidrogênio tornando-se realidade, quando tantos pesquisadores e especialistas do IPEN e de outros institutos de ensino e pesquisa têm trabalhado, incansavelmente, durante os últimos 30 anos, nesse tema, no Brasil. De fato, considerando a imensa porta de oportunidades que se abriu em 2021, o que importa que tenha demorado tanto tempo? As experiências bem sucedidas serviram de legado e as experiências frustradas, de aprendizado. E agora, é preciso aproveitar esse momento do nascer do sol do hidrogênio, pelo qual todos nós espetávamos e que é tão maravilhoso que parece que ainda estamos sonhando. Mas não estamos”, escreveu a diretora da Associação, ao prefaciar o livro. 

Hoje, segundo eles, já está garantido que o hidrogênio passou a ser finalmente considerado veto energético importante e a sua demanda mundial está vinculada às metas de descarbonização. “Não se trata de mais uma onda ou moda, e sim de um processo sem volta”, afirmaram. 

Em fevereiro de 2021, segundo eles, o governo do Estado do Ceará lançou o primeiro hub de hidrogênio verde, atraindo outros estados. Para a presidente da ABH2, a obra de Marcelo Linardi, além de promover um resgate histórico, tem o mérito de demonstrar o legado cientifico, tecnológico e de formação de recursos humanos especializados que o IPEN deixou em áreas da economia do hidrogênio para o Brasil. Ela espera que o trabalho “estimule instituições de pesquisa e desenvolvimento do País a continuar contribuindo para a realizado do sonho, em parceria com órgãos do governo responsáveis”. 

No Brasil, segundo ela, o hidrogênio pode combinar a rota da eletrificação com a de biocombustíveis e o sonho brasileiro de ter um veiculo a hidrogênio movido a etanol pode virar, finalmente, realidade, conforma descrito no livro, que contou com a coautoria de uma equipe formada por 27 pesquisadores. Entre os temas estão a infraestrutura e ensino, as células a combustível, o programa brasileiro, os resultados institucionais das pesquisas nos últimos 20 anos, publicações de estaque e patentes, os grandes projetos entre outros. Para obter o trabalho, escreva para o endereço: dpde@ipen.br

MARCELO LINARDI – PERFIL - 

Pesquisador emérito do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Marcelo Linardi, é graduado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas (1983), com mestrado em Ciências Nucleares pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (1987), doutorado em Engenharia Química - Universitat Karlsruhe (1992) e Pós-Doc pela Universidade de Darmstadt, Alemanha em 1998. Na área da Química, tem experiência em Eletroquímica, atuando principalmente nos seguintes temas: célula a combustível, eletroquímica, eletrocatálise, hidrogênio e etanol. Orientou 10 teses de doutorado, 10 dissertações de mestrado, 15 trabalhos de iniciação científica, 7 estágios e 5 pós-doc, na CPG USP/IPEN. 

Atuou no Programa Brasileiro de Células a Combustível e Hidrogênio do Ministério de Ciência e Tecnologia. Escreveu o primeiro livro em língua portuguesa sobre ciência e tecnologia de células a combustível. Possui atualmente mais de 100 publicações internacionais arbitradas, incluindo uma publicação na Advanced Materials, revista mais prestigiada na área de materiais do mundo. 

Participou de mais de 100 eventos científicos nacionais e internacionais e ministrou vária palestras e conferências como convidado. Ocupou o cargo de Diretor de P&D e Ensino do IPEN de 2013 a 2019, onde atuou em Inovação, Ensino, Projeto Institucionais e Gestão de Tecnologias. Coordena projetos institucionais na FAPESP, chamada da Secretaria do Estado de SP, na área de radiofarmácia e nanotecnologia; e na FINEP, de equipamentos multiusuários. É responsável por várias ações de Internacionalização do instituto, como o livro sobre o passado, presente e futuro da inovação tecnológica no IPEN; e o livro sobre o IPEN, entre outros. 

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segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Angra 2 é reconectada ao Sistema Interligado Nacional

 


Desligada desde a quarta-feira passada (09/11), por problemas técnicos, a usina nuclear Angra 2, foi reconectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), nesta segunda-feira (14), à 1h36.

A usina foi desligada porque o conjunto turbogerador, na parte não nuclear da planta, foi desarmado automaticamente, devido ao acionamento da proteção de falha para terra do rotor do gerador principal. 

“Na ocasião, o reator teve sua potência reduzida, também de forma automática, para 23%, sendo, posteriormente, desligado”, informou a Eletronuclear. Profissionais da companhia investigaram e solucionaram o problema, que não representou risco à segurança nuclear, aos trabalhadores da central nuclear, à população ou ao meio ambiente. 

FOTO: Angra 2 - Acervo Eletronuclear - 

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sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN) debate a comunicação no setor

 


“Comunicação” foi tema de debate ontem (10/11) no XIII Seminário Internacional de Energia Nuclear, realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), no Centro, que teve início na terça-feira (08/11). Participaram os jornalistas Ana Paula Freire Artaxo, coordenadora dos projetos de divulgação cientifica do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e Rodrigo Polito, mestrando em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (PPED) pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

Ana Paula falou sobre a importância de a comunicação da área nuclear privilegiar a ciência que fundamenta o setor e coloca o Brasil na condição de pioneiro em pesquisas e soluções inovadoras nas aplicações da tecnologia em benefício da sociedade. A partir da valorização da ciência para a comunicação da área, mencionou um segundo desafio: como falar de ciência, da ciência nuclear, para a sociedade, enfatizando o uso pacífico? 

“O jornalismo científico, que é uma subárea da divulgação científica, ajuda, mas não resolve. É preciso atuar nas bases, introduzindo a área nuclear nos currículos de ensino fundamental e médio. Mas não o ensino de ciências nos moldes em que é feito em muitas escolas”, comentou. Ela acredita que é preciso tocar as pessoas, mostrar que a energia nuclear e tecnologias estão presentes no dia a dia. “É uma alfabetização científica, considerando que a área é vista com desconfiança e (pre)conceito, a partir de um pré-construído de energia nuclear como sinônimo de bomba atômica e de acidente em reatores de potência, como Chernobyl e Fukushima”. 

Rodrigo Polito é jornalista especializado nos mercados de energia elétrica e petróleo e gás natural. Foi repórter na revista Brasil Energia e no jornal Valor Econômico e, desde 2020, é consultor editorial da MegaWhat, plataforma de inteligência e informação para o mercado de energia. Ele acredita que a fonte nuclear é uma alternativa diante do aumento do aquecimento global. 

“Precisamos escolher nossas batalhas. Se a batalha hoje é conter o aquecimento global e minimizar os efeitos da mudança climática, a fonte nuclear é uma alternativa que precisa estar dentro dessa discussão. Não se pode descartar a fonte nuclear para depois discutir mudanças climáticas”. Na avaliação do jornalista, para uma melhor comunicação entre as empresas e a sociedade sobre os benefícios da energia nuclear, é necessário haver investimentos e recursos para uma estrutura de comunicação por parte das empresas. 

“Não pode ser uma ação isolada, inconstante, e sim estrutural. A internet e as redes sociais também são um canal importante para a difusão de informações relativas à fonte nuclear”, finalizou. O debate foi mediado e apresentado por Tania Malheiros. Todo o evento está disponível no canal do Youtube do SIEN. 

FOTO:  Diego Rodrigues/Realizar Estúdio, para Casa Viva-SIEN. 

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quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Angra 2: problema técnico desconecta a usina nuclear do Sistema Interligado Nacional (SIN)

 


Um desarme automático do conjunto turbogerador, na parte não nuclear de Angra 2, devido ao “acionamento da proteção de falha para terra do rotor do gerador principal”, desconectou a usina nuclear do Sistema Interligado Nacional (SIN), ontem à noite. A unidade operava a 100% de potência quando ocorreu o problema. 

A informação foi confirmada pela Eletronuclear nesta quinta-feira (10/11). Segundo a companha, todos os sistemas de segurança atuaram adequadamente, tendo o reator de Angra 2 permanecido em funcionamento com 23% de potência, conforme previsto em projeto. 

“O episódio não representou qualquer risco aos trabalhadores da central nuclear, à população ou ao meio ambiente”, informou a Eletronuclear. No momento, as equipes de manutenção da Eletronuclear estão trabalhando para solucionar o problema. Ainda não há previsão de retorno de Angra 2 ao sistema elétrico. 

Quando funciona com 100% de sua potência, Angra 2 pode produzir 1.350 Megawatts, o equivalente a 20% da energia elétrica consumida na cidade do Rio de Janeiro. Angra 2 foi comprada no pacote do acordo nuclear Brasil-Alemanha, assinado em 1975 pelo general Ernesto Geisel, então presidente da República. A usina levou anos sendo construída e entrou em operação comercial em 2001.

Leia no BLOG tudo sobre a usina nuclear. 

FOTO: Angra 2 – Acervo Eletronuclear – 

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terça-feira, 8 de novembro de 2022

Seminário Internacional de Energia Nuclear debate quarta central atômica

 


O XIII Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN), edição 2022, começou nesta terça-feira (8/11), no auditório da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e termina na quinta-feira (10/11) reunindo presidentes de estatais do setor, empresários e pesquisadores. A construção da quarta usina nuclear, desejo antigo dos empresários da área, está na programação dos debates. 

“O anúncio da construção da quarta usina nuclear no sudeste do País, feito no início de 2022 pelo Ministério de Minas e Energia, criou muita expectativa no mercado nuclear brasileiro. Contudo, antes de virar realidade, muitas decisões precisam ser tomadas, como a definição do sítio que irá abrigá-la, o modelo de negócios e financiamento, a tecnologia etc. E mais importante ainda: o MME tem deixado claro em conversas com representantes do setor que a próxima usina só sairá do papel com parceria privada”. 

A informação consta no material de divulgação do evento. Assunto de grande interesse de todo o setor, especialmente das empresas que atuam no segmento nuclear, o XIII SIEN vai dedicar nesta quarta-feira uma mesa para debater esses pontos específicos. Moderado pelo presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), Carlos Mariz, o painel conta com a presença confirmada do Secretário Substituto de Parcerias em Energia, Gás, Petróleo e Mineração – SPPI, Odenir Reis; do Chefe do Departamento de Desenvolvimento de Novos Empreendimentos nucleares da TRONUCLEAR, Marcelo Gomes; e do Diretor Geral do Centro de Pesquisas Elétricas – CEPEL, Amilcar Guerreiro. Saiba mais em www.sienbrasil.com.br.

FOTO: Central Nuclear de Angra do Reis - Acervo SIEN - 

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sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Justiça condena entidade acusada de ofender Fernanda Giannasi, auditora fiscal que luta pelo banimento do cancerígeno amianto

 


Após 10 anos de tramitação do processo na 39ª. Vara Cível de São Paulo, autores de acusações injuriosas contra a auditora fiscal Fernanda Giannasi, foram condenados, esta semana, a pagar indenização a vítima por danos morais por violação e intimidação à sua imagem. Giannasi também terá direito de resposta em veículos de divulgação do Instituto do Crisotila, como em blog, website e no boletim do Sindicato denominado "O Arroxo".

 Por conta de sua reconhecida militância em favor do banimento do amianto na América Latina, Fernanda Giannasi passou a sofrer sucessivos ataques caluniosos e difamatórios de lobistas ligados à exploração econômica do amianto, mineral reconhecidamente cancerígeno para os seres humanos. As ofensas foram veiculadas em sites on line, programas televisivos e em boletins informativos do Sindicato dos Trabalhadores da Mineração de Minaçu / Goiás e do Instituto Brasileiro do Crisotila (IBC), financiado pela indústria do fibrocimento e, especial, o grupo ETERNIT, e no blog do jornalista goiano, Luiz Carlos Bordoni. 

Adjetivos ofensivos à profissional, que tem uma vida dedicada à saúde dos trabalhadores como auditora-fiscal do Ministério do Trabalho por 30 anos, foram usados, tais como “ilegal”, “irresponsável”, “autoritária”, “mentirosa” e “leviana”, voltados à sua conduta à frente da fiscalização das empresas usuárias de amianto, afirmando inclusive que a auditora teria incorrido em “desvio de função” e em “quebra de hierarquia”. 

Entre as ofensas, o jornalista Luiz Carlos Bordoni, que trabalha para a indústria do amianto, passou até a comparar a profissional com o Ministro da Propaganda nazista, Joseph Goebbels. A decisão da Justiça foi divulgada no último dia 30. Por sua luta pelo banimento do amianto, Giannasi já recebeu vários prêmios, como o “Faz  a diferença” de O Globo. 

"Mesmo tendo demorado tanto tempo, uma eternidade para mim, a Justiça foi finalmente feita", comentou Giannasi.

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