sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Rejeitos e materiais radioativos armazenados em São Paulo devem ir para Buena (RJ) e Caldas (MG)

 


Toneladas de rejeitos e materiais radioativos (Torta II) armazenados há 20 anos num galpão da Usina de Interlagos (USIN), em São Paulo, da estatal Indústrias Nucleares do Brasil, deverão ser transferidos em breve para o distrito de Buena, em São Francisco de Itabapoana (RJ), e depois, para Caldas, em Minas Gerais. Documentos da Procuradoria da República do Ministério Público Federal (MPF-SP), obtidos pelo blog mostram que este ano a transferência deve começar para Buena, porque “existe orçamento federal para os custos da logística” e já foram tomadas as providências junto ao Ibama e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

A USIN estoca rejeitos radioativos, herança maldita da Nuclemon, no Brooklin (SP), onde desde os anos 1970, o governo operou com urânio e tório extraídos das terras raras das areias monazíticas subtraídas do litoral brasileiro. Com o encerramento das atividades da Nuclemon, em 1992, uma grande parte do material radioativo foi levado para Caldas. Lá, recentemente, INB teve que trocar o telhado de galpões que se deterioraram com o tempo. Agora, a Prefeitura de Caldas avisou que não aceitará mais essa remessa de material contaminado. 

A Torta II resulta da monazita beneficiada para a extração do fosfato e dos elementos de terras raras. Trata-se, portanto, do subproduto das areias monazíticas que contém urânio e tório.    

SOLO CONTAMINADO -

Segundo o documento do Ministério Público Federal (MPF), a INB apresentou um cronograma de atividades, o qual prevê a conclusão total do descomissionamento da USIN até o final de 2025. A etapa preliminar dessas atividades consiste inicialmente na remoção do solo contaminado do terreno existente no entorno do galpão (FOTO), o qual armazena o material radioativo (Torta II), que se encontra dentro desse galão. Ou seja, essa primeira etapa não envolve o transporte do rejeito propriamente dito, ressalta o MPF. 

De acordo com o MPF, a situação tem mais de uma “frente investigativa”, sobretudo no campo jurídico. No sentido de antecipar e evitar futuros questões legais na destinação final dos rejeitos e materiais radioativos. O ponto central da investigação consiste na remoção e destinação adequada da Torta II, que está armazenada no galpão A. A remoção do terreno tem o destino em São Francisco de Itabapoana. 

Segundo o cronograma, a Torta II será transportada para o local neste primeiro semestre de 2021 e primeiro semestre de 2022 e, ainda, no primeiro bimestre de 2023. O transporte efetivo desse material está previsto para o primeiro semestre de 2025. O armazenamento futuro dos rejeitos, a INB avalia duas possibilidades: transferir para o município paulista de Itu, na unidade da empresa em Butuxim onde já há material radioativo, ou para Caldas. Sobre Caldas, a INB informa que seria ideal, porque lá “já está armazenada o maior volume de rejeitos semelhantes, além de infraestrutura”. 

FOTO: GALPÃO – USIN.

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