terça-feira, 24 de agosto de 2021

Bento Albuquerque reafirma prioridades: usinas atômicas e construção de reator para a medicina, emperrada há anos por falta de verbas, dizem

 


O Ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque, abrirá nesta quarta-feira (25/08), em modo online, o XII Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN 2021). Segundo os organizadores do evento, a presença do Ministro é “um sinal claro da prioridade do Governo ao setor”. Entre as prioridades, as usinas nucleares no Nordeste e a construção do Reator Nuclear Multipropósito Brasileiro (RMB), que permitirá ao Brasil atender às necessidades nacionais de radioisótopos e radiofármacos, bem como aumentar a capacidade de pesquisa em técnicas nucleares. 

Mas no momento, o projeto de construir novas usinas no Nordeste, em especial em Itacuruba (PE), em Pernambuco, está no olho do furacão, sendo duramente criticado por organizações como a Articulação Antinuclear Brasileira, lembrou um dos mais importantes líderes indígenas, Ailton Krenak, em entrevista exclusiva ao Blog, na semana passada. Já o projeto de construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), em São Paulo, continua emperrado, sem verbas, há muitos anos. “Estamos como no conto do cavalo inglês, que no instante em que aprendeu a trabalhar sem comer, morreu”, comentou um físico da área.  

A falta de decisão de governos para destravar a construção do RMB leva o país a gastar mais de R$ 60 milhões (de acordo com a alta do dólar), importando radioisótopos da África do Sul, Rússia, Holanda e principalmente da Argentina. O Brasil importa cerca de 4% da produção mundial anual do radioisótopo molibdênio-99. O decaimento radioativo do molibdênio-99 produz o radioisótopo tecnécio-99m, utilizado nos radiofármacos (substância química) mais empregados na medicina nuclear. 

Vamos ver o que acontece com as promessas mais recentes, comentaram técnicos da área nuclear. Para se ter ideia da necessidade do RMB, cerca de dois milhões de procedimentos médicos são realizados, por ano, utilizando radioisótopos, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em 440 clinicas cadastradas para realizar o trabalho semanalmente. Cerca de 440 mil pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o restante pela rede privada. Em cerimônia disputada em 2018, o projeto do RMB teve até lançamento de pedra fundamental, com a presença do então presidente Michel Temer. Não faltaram promessas e frases de efeito, que foram por água abaixo, como se vê novamente. 

AMPLIAÇÃO DA GERAÇÃO NUCLEAR - 

Segundo a coordenação do SIEN, o planejamento energético brasileiro de longo prazo – conforme o Plano Nacional de Energia 2050 - projeta uma ampliação da geração nuclear entre 8 GW e 10 GW nos próximos 30 anos. “Isso implicará na construção das novas usinas nucleares e de pequenos reatores modulares, que são alternativa econômica para o fornecimento de energia elétrica de base, sem emissões de carbono, para áreas isoladas. Por conta disso, a escolha de novos sítios nucleares também está nas prioridades do Governo, que quer agilizar esses estudos”. 

O Ministério de Minas e Energia tem colocado “esforços em conjunto” com outras áreas do governo para promover a expansão da fonte nuclear na matriz energética do país. Segundo afirmou recentemente o Ministro, para cumprir a meta de expandir a geração nuclear no país o governo precisa avançar na pesquisa de novos locais que possam receber as futuras centrais nucleares. 

“Estamos avançando na retomada dos estudos de localização de novos sítios nucleares. Uma parte desses estudos já foi realizada pela Eletronuclear, em parceria com a Coppe/UFRJ. Nossa meta é intensificar esses estudos, para que tenhamos a identificação de sítios preferenciais que permitam ao governo propor ao Congresso Nacional a implantação de novas centrais nucleares, tão importantes para o desenvolvimento e a segurança do sistema elétrico do Brasil”, afirmou Bento Albuquerque. 

Em sua programação, o XII SIEN debate diversas questões de interesse da cadeia da indústria nuclear, como a tecnologia de pequenos reatores e reatores modulares (SMRs), segurança cibernética, aplicações da radiação na agricultura, medicina e na indústria do petróleo, a retomada de Angra 3, por exemplo. No modo online, seguindo os protocolos da Covid-19 o evento recebeu em 2020 quase 3.000 acessos durante os três dias de debate, e espera repetir o mesmo público em 2021. Ilustração do RMB - 

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