terça-feira, 31 de agosto de 2021

Falta dinheiro para instalação de alarmes nas comunidades próximas à unidade com material radioativo em Caldas (MG)

 


A instalação de alarmes nas comunidades inseridas  na Zona de Autossalvamento (ZAS), em Caldas (MG), onde há unidade com 15 mil tambores de Torta II (material radioativo),  corre o risco de ser adiada, pois o custo estimado para a contratação, no valor de RS 6 milhões, “não é compatível” com o orçamento da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Para a atividade de descomissionamento este ano, a empresa conta com R$ 4,7 milhões, verba liberada apenas em junho.  Segundo a literatura disponível, ZAS é a “região imediatamente a jusante da barragem, em que se considera não haver tempo suficiente para uma adequada intervenção dos serviços e agentes de proteção civil em caso de acidente". 

Há duas décadas, na unidade de Caldas, a INB armazena toneladas de Torta II (material radioativo), procedentes da Nuclemom, em São Paulo. Parte da Torta II, guardada em tambores, na Usina de Interlagos (USIN/SP) deverá seguir para Caldas também.

As informações constam em documentos obtidos pelo blog na semana passada e nesta terça-feira (31/8). Ambos compõem o inquérito civil da Procuradoria da República do Ministério Público Federal (MPF), de São Paulo, sob a responsabilidade do procurador Gustavo Torres Soares; e de Pouso Alegre (MG), com o procurador Júlio Carlos Motta Noronha. O MPF em São Paulo instaurou o inquerido para apurar a regularização ambiental relativa a materiais e rejeitos radioativos armazenados na USIN e cobra solução à INB. 

No inquérito, a estatal apresentou cronograma de atividades no qual prevê a conclusão total do descomissionamento da USIN (retirada de solo contaminado e da Torta II), até o final de 2025. Uma parte do material irá para Buena, distrito do município de São Francisco de Itabapoana (RJ); e Caldas (MG), informou a INB.  A estatal afirma nos documentos que não há riscos ao meio ambiente. 

Questionada sobra segurança de barragens, a INB respondeu: “Os serviços prestados pela empresa Tecwise Sistemas de Automação Ltda para a automatização de todos os piezômetros das duas barragens da UDC (unidade de Caldas), Barragem de Rejeitos (radioativos) e Barragem de Águas Claras foram concluídos em junho de 2021”. 

O procurador da República, Júlio Carlos Motta Noronha, em oficio, enviou documento da INB ao prefeito de Caldas, Ailton Pereira Goulart, no qual a estatal declara que a destinação da torta II, é tema que pertence à União, conforme rege à Constituição nos casos de bens minerais. O prefeito tem prazo de 10 dias para se manifestar. O prefeito já se manifestou publicamente em redes sociais sobre a sua decisão de não receber mais material radioativo na cidade. Hoje, a Câmara Municipal de Caldas requereu audiência pública sobre o caso. 

FOTO: Conteiners na USIN. Leia exclusivo para o blog: “Risco de contaminação radioativa na troca de cobertura que abriga 15 mil tambores com torta II, em Minas, em 10/6/2021.     

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