Nesta sexta-feira (27/6) faz 50
anos da assinatura em Bonn, do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, que previa a
construção de até oito usinas nucleares e a criação de empresas voltadas para a
fabricação de equipamentos, enriquecimento de urânio, entre outras atividades.
Mas pelo que se vê nos últimos anos, o “contrato do século”, deixou incontáveis
problemas para o Brasil. Um deles envolve a construção da usina Angra 3,
marcada por atos ilícitos de corrupção, falcatruas, desvio de dinheiro público,
prisão de executivos, que serviram para adiar ainda mais a finalização do
empreendimento.
Em reunião na terça-feira desta semana, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) do governo federal decidiu mais uma vez retirar da pauta a questão da retomada das obras da usina. Há um fato que impede a deliberação, segundo interlocutores: o acordo firmado entre o governo e a Eletrobras, que retirou da empresa a obrigação de investir em Angra 3. O entendimento ainda não foi homologado pelo Supremo Tribunal Federa (STF).
Além disso, depende de um novo estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As alternativas para a busca de recursos para o término da usina pesam sempre e muito na balança das decisões. Fontes comentam que será necessário buscar uma modelagem com o Tesouro Nacional, garantindo a captação de recursos no mercado.
As obras de Angra 3 começaram em 1984. Angra 3 já consumiu cerca de R$ 8 bilhões e ainda precisa de mais R$ 21 bilhões, pelo menos para entrar em operação. As dívidas com o BNDES e a Caixa Econômica Federal (CEF) chegavam a R$ 6,4 bilhões. Há cerca de um ano o BLOG registrou o anúncio com mais promessas sobre a usina, em estação do metrô da Zona Sul do Rio de Janeiro.
DENÚNCIAS
As denúncias de corrupção envolvendo Angra 3 começaram em 2015, quando o contra-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silvam presidia a Eletronuclear, gestora das usinas Angra 1, norte-americana, e Angra 2, a primeira e única do acordo, em operação. Na época, outros cinco executivos da companhia foram presos, mas todos respondem processos em liberdade, incluindo o ex-presidente Michel Temer.
ACORDO DO SÉCULO -
O general Ernesto Geisel tomou posse em março de 1974. Até pouco antes o Brasil possuía relações comerciais muito amigáveis com a norte-americana Westinghouse, que vendera Angra 1 para o país. Logo após a posse de Geisel, os EUA suspenderam a exportação de urânio enriquecido para Angra 1, já acertada pela Westinghouse. As obras da usina estavam sempre atrasadas e o Brasil teve que importar urânio da África do Sul para a usina.
O Governo Carter tratou logo de assinar o “Ato de Não Proliferação” que proibia a venda de qualquer material nuclear para países, como o Brasil, não signatário do Tratado de Não – Proliferação Nuclear (TNP), de 1968. A indústria nuclear norte-americana começava a registrar as primeiras quedas na exportação de reatores.
O agravamento da crise do petróleo foi usado pelo governo Geisel como forte argumento na propaganda oficial sobre a suporta necessidade de comprar outras usinas nucleares. Desde a década de 60ª indústria nuclear alemã vislumbrava realizar negócios com o Brasil. Mas foi em 1974 que os dois países iniciaram conversações sob veementes protestos dos EUA.
Na Alemanha, o movimento antinuclear pressionava o Governo com inúmeras críticas ao Programa de Desenvolvimento Atômico. Em 1975, cerca de dois mil cientistas alemães assinaram um manifesto contra a política nuclear governamental. No dia 27 de junho de 1975, o Governo Geisel assinou em Bonn o Acordo de Cooperação no Campo do Uso Pacífico da Energia Nuclear. Sob o controle da Agência Internacional de Energia atômica (AIEA), Brasil e Alemanha festejaram o “Acordo do século”. E hoje, festejar o quê?
LEIA: “Bomba atômica! Pra quê? Brasil e Energia Nuclear – Editora Lacre – Tania Malheiros -
(FOTOS: ACERVO ABDAN - E FOTO DO BLOG - NO METRÕ EM 2023 - PROPAGANDA ENGANOSA) -
COLABORE COM O BLOG – SETE ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – CONTRIBUA VIA PIX 21 99601-5849 – CONTATO: malheiros.tania@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário