quinta-feira, 15 de junho de 2023

Eletronuclear: é falsa a denúncia de bomba nas usinas nucleares de Angra; companhia já sofreu ataque cibernético

 


Mais uma vez a Eletronuclear se vê às voltas com denúncias de ataques às suas instalações nucleares. Nesta quinta-feira (15/06), a companhia afirmou em nota que é “falsa a informação da presença de uma bomba” na central nuclear de Angra dos Reis, onde estão em operação Angra 1 e Angra 2.  A denúncia foi recebida, nesta segunda-feira (12) à noite, e, apesar de “não ser considerada confiável”, foram cumpridos todos os protocolos de segurança, como a varredura total da central nuclear, que não identificou nenhum material explosivo no local, informou a empresa. No dia 3 de fevereiro de 2021, a Eletronuclear passou por outro problema: um ataque cibernético. 

Até julho do ano passado ações “maliciosas” contra instalações nucleares do Brasil foram registradas no primeiro Relatório Nacional das Ameaças à Segurança Físico Nuclear (Renasf) elaborado pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), que teria sido concluído na época. “A ABIN realiza o acompanhamento de grupos ou indivíduos com capacidade e intenção de cometer ações maliciosas contra instalações nucleares selecionadas, como sabotagem e obtenção ilegal de agentes selecionados, descritas no Renasf”, segundo a direção da ABIN, na época. 

ATAQUE CIBERNÉTICO - 

Em fevereiro de 2021, a companhia detectou um ataque por software nocivo (ransomware) que alcançou parte dos servidores da rede administrativa da empresa na noite daquela quarta-feira. Mais conhecido como ataque cibernético, o problema foi comunicado pela então holding Eletrobras, aos acionistas e mercado em geral. O incidente não afetou as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, que não se conectam com os sistemas atingidos. Por razões de segurança, as unidades atômicas estão isoladas da rede administrativa. 

Segundo a companhia, o ataque não causou prejuízos para o fornecimento da energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional. Por medidas preventivas, a empresa suspendeu temporariamente o funcionamento de alguns dos sistemas administrativos para proteger a integridade dos seus dados. O ataque estava sendo investigado por entidades governamentais responsáveis ​​pela segurança da energia nuclear. Mesmo sem afetar as unidades nucleares, segundo fontes, o ataque gerou apreensão em setores operacionais das unidades. 

FALSA BOMBA -

No caso da falsa bomba desta semana, “apesar de falsa", a denúncia foi informada aos órgãos competentes, incluindo Polícia Federal (PF), Polícia Militar, Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (GSI/Sipron), Ibama, prefeituras e câmara dos vereadores de Angra dos Reis e cidades vizinhas, Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e Colégio Naval da Marinha do Brasil. 

Em caso de incêndio, provocado por quaisquer razões, acrescentou, que a usina estaria “preparada para combater as chamas com eficácia e eficiência, já que a empresa possui uma brigada de incêndio formada por 17 bombeiros profissionais, que se mantêm presentes 24 horas por dia para evitar possíveis acidentes”. 

Informou também a companhia que que conta com um Plano de Proteção Física das Instalações Nucleares da Central Nuclear e que possui procedimentos e equipes de infraestrutura para lidar com situações semelhantes a essa. 

“A explosão de uma bomba nas instalações das usinas não seria capaz de provocar um acidente nuclear que colocasse em risco a população e/ou o meio ambiente, porque as usinas nucleares de Angra possuem sistemas de segurança redundantes, independentes e fisicamente separados com condições de resfriar o núcleo do reator e os geradores de vapor em situações normais ou de emergência, além de contar com sistemas de segurança que incluem numerosas barreiras protetoras de concreto e aço, garantindo a proteção contra impactos externos (terremotos, maremotos, inundações e explosões) ou aumento da pressão em seu interior”, informou em nota. 

A Eletronuclear acrescenta que a ameaça não foi divulgada para a população para não causar pânico sem fundamentos, uma vez que a denúncia é falsa e que as usinas nucleares possuem sistema de segurança capaz de evitar um acidente nuclear na região. Além disso, frisou, notícias como esta podem incentivar outros ataques, o que tornaria perigosa a comunicação ampla do caso. Entretanto, e apesar de não ser uma exigência em situações como essa, a empresa notificou todos os órgãos interessados no tema para garantir maior transparência e cuidado à situação. “No mais, a empresa reforça seu compromisso com a segurança da população local e de cidades vizinhas, razão pela qual todas as medidas cabíveis, necessárias e complementares foram tomadas pela Eletronuclear”, consta na nota. 

 Leia no BLOG, em 04/02/21, Ataque cibernético alcançou servidores administrativos da Eletronuclear, sem atingir usinas nucleares; 14/07/22,  Abin conclui relatório sobre ameaças a instalações nucleares brasileiras. 

FOTO: Central Nuclear - Eletronuclear 

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