quarta-feira, 14 de junho de 2023

Barragem com material radioativo pode se romper em Caldas (MG); declarado estado de emergência

 


A Barragem D4 com material radioativo (urânio e tório) provenientes de rejeitos da mineração que estão a céu aberto, materiais pesados e muita lama, da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Caldas, (MG), corre o risco de se romper provocando uma tragédia ambiental inédita. O estado de emergência da barragem assumido em documento assinado ontem (13/6), pelo gerente da UDC, João Viçozo da Silva, mostra a gravidade da situação. 

A Barragem D4 é uma bacia de decantação que recebe a drenagem ácida da pilha (montanha) de rejeitos radioativos, metais pesados e lama associados a outros materiais. A primeira medida seria fazer o tratamento desse material para que tudo não fosse parar em outra barragem, a de Águas Claras, o que não acontece. Ou seja, o material de Barragem D4 é extravasado para a barragem de Águas Claras.  Assim, a emergência vai se tornando mais grave. Todo o material segue para o Ribeirão das Antas – rio principal do Planalto Poços de Caldas. Vale lembrar que o Ribeirão das Antas deságua no Rio Pardo, que segue banhando terras paulistas, como a cidade de Ribeirão Preto.

 A Barragem faz parte de uma história iniciada na década de 70, quando os militares e o governo federal decidiram abrir uma mina de urânio no local, fechada em 1982, por falta de viabilidade econômica. Mas o urânio já estava amontoado em tambores, em constante processo de corrosão. Para lá, foram levados também, na calada da noite, material radioativo produzido no Brooklin paulista pela Orquima, sucedida pela Nuclemon, fechada em 1992, que deixou um rasto de mortos e doentes.

 Até hoje, o problema se agrava, chegando ao alerta assinado pelo gerente da INB, ontem. Consta no documento que o “assoreamento do reservatório da barragem que saturou os sistemas de retenção de sólidos em suspensão – barreiras de turbidez e telas de retenção – intensificando o carregamento do sedimento a jusante (barragem de Águas Claras), assim como elevando o nível de água no reservatório. 

A emergência agora declarada é resultado de uma fiscalização da Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável por barragens em todo o território nacional, desde a promulgação da Lei 14.514/2022, de 29/12/2022. Segundo Viçozo, uma reunião entre eles no dia 7 de junho concluiu por enquadrar a Barragem D4 no Nível 1 de emergência, com categoria de risco alto. À noite, a  Comissão Nacional de Energia Nuclear CNEN informou que foi informada sobre o ocorrido no dia 7 de junho. "A CNEN continua a exercer suas atribuições relativas à segurança radiológica, do público  do meio ambiente, de acordo com a legislação vigente", informou a Comissão.  

ANOMALIAS 

Em nota, a ANM informou que a estrutura da barragem apresenta anomalias, que não é considerada saudável, além de estar fora da normalidade. A ANM visitará a barragem nos próximos dias. 

Às 18h26, a INB enviou nota afirmando que não há fatos novos no documento e que a barragem é "permanentemente monitorada" e que possui Plano de Ação de Emergência, entre outras coisas.

FOTO: barragem - 

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