quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Cerca de 16 mil tambores enferrujados com material radioativo começam a ser reembalados em Caldas

 


Para evitar vazamento de Torta II (material radioativo contendo urânio e tório) na Unidade de Descomissionamento de Caldas (UDC), em Caldas (MG), a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), desde 28/9, voltou a reembalar 16.100 tambores metálicos enferrujados, trabalho que deve durar de 12 a 14 meses. No início do ano, outros 3.500 tambores foram reembalados, além de 400 bombonas plásticas. 

A empresa contratou um leito de hospital em Poços de Caldas, destinado à descontaminação de vítima de um eventual acidente durante o trabalho. A operação conta com equipamentos e profissionais próprios e contratados. “Como sobreembalamos 3.500 tambores no início do ano, temos um parâmetro de como a operação deve acontecer e a previsão do tempo de término”, explicou o gerente da INB, João Viçozo da Silva Júnior. “Nessa operação também ocorrerá a pesagem e retirada de amostras para análises laboratoriais, objetivando aprimorar o inventário da Torta II”, informou. 

Os profissionais envolvidos na operação passaram por treinamentos antes do início da atividade no dia 28 de setembro passado. Para os funcionários do hospital contratado, foram ministrados treinamentos de proteção radiológica e de atendimento à emergência radiológica. 

RISCOS DE CONTAMINAÇAO - 

Em junho do ano passado, sob risco de contaminação radioativa, a empresa começou a substituição das coberturas (telhado) dos sítios de Torta I, na área AA-171 da unidade de Caldas. Havia riscos de disseminação radioativa via contaminação do solo, água de chuva e ar.  “Um dos acidentes que pode ocorrer é a queda de telhas com suspensão de Torta II no ar durante as atividades de troca de telhas, com ou sem vítimas. Abalroamento, cortes, esmagamentos, fraturas, atropelamentos, asfixias também são possíveis”, consta em documento a que o blog teve acesso com exclusividade. 

O local abriga os milhares de tambores com Torta II, armazenados há anos em Caldas, em condições nada seguras, cobertos por telhados danificados pelo tempo, chuvas e ventos. O material é herança maldita da extinta Nuclemon, em São Paulo, onde durante décadas o Brasil operou com material radioativo das areias monazíticas subtraídas do litoral da Bahia, Rio de Janeiro e Espírito Santo. As várias atividades envolvendo a troca do telhado estão sendo acompanhadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). A unidade de Caldas está instalada numa de área de cerca de 18 km2, onde funcionou a primeira unidade de mineração e beneficiamento de urânio do Brasil. 

FOTO: Galpões da unidade de Caldas – INB – 

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