Cerca de 16 mil tambores com Torta II (material radioativo), com problemas de corrosão estão na fila para serem reembalados na Unidade de Caldas (MG), da Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A estatal acaba de concluir a troca de 1.500 tambores. A próxima etapa mira o mesmo trabalho com 2.500 tambores. O valor do investimento não foi divulgado.
Em junho do ano passado o blog noticiou o plano da empresa de substituir o telhado que abrigava os tambores, pois havia risco de vazamento de radiação no local até mesmo para o meio ambiente. A Torta II (contendo urânio e tório) é procedente da ex-Nuclemon, em São Paulo, e vinha sendo depositada em Caldas há pelo menos 30 anos.
A China já tentou comprar a Torta II, mas o negócio não foi fechado. O destino final desse material é um problema a ser resolvido. A INB já tentou transferir outras toneladas de Torta II da Nuclemon, até hoje armazenadas na Usina de Interlagos (USIN) e num sítio em Botuxim, ambos em São Paulo, mas o prefeito de Caldas, Ailton Goulart, ambientalistas e parlamentares não aceitaram receber o que eles chamam de “lixo atômico”.
O superintendente de descomissionamento da INB, Diógenes Salgado Alves, informou que “não existem mais pilhas instáveis” e que “os escoramentos foram eliminados”. Adicionalmente à operação em questão, segundo ele, três galpões usados na estocagem da Torta II passaram por manutenções em seus telhados, sendo que um deles teve todas as telhas da cobertura e dos fechamentos laterais substituídos”.
Segundo a literatura disponível e a própria INB, a exploração do urânio no Brasil teve início em 1982, em Poços de Caldas. Em 1995, a INB constatou que era economicamente inviável a operação da unidade e encerrou suas atividades. Dez anos depois, foi iniciada a descontaminação de suas instalações e terrenos. O material denominado de Torta II é um resíduo radioativo, proveniente do tratamento químico da monazita.
“Um dos acidentes que pode ocorrer é a queda de telhas com suspensão de Torta II no ar durante as atividades de troca de telhas, com ou sem vítimas. Abalroamento, cortes, esmagamentos, fraturas, atropelamentos, asfixias também são possíveis”, consta em documento.
A empresa garante que as instalações, o solo, as águas e os equipamentos da antiga mineração são permanentemente monitorados, assim como os materiais radioativos que ali estão estocados (os tambores com Torta II), para “proteger o meio ambiente e assegurar a saúde dos trabalhadores da unidade e dos moradores da região”.
FOTO: INB – CALDAS -
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