quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Angra 1: começa a transferência de combustível usado (urânio) para Unidade de Armazenamento a Seco (UAS)

 


Com a capacidade das piscinas de combustíveis usados (urânio enriquecido) chegando ao limite, começou esta semana a transferência do material da usina nuclear Angra 1, para a Unidade de Armazenamento a Seco (UAS), dentro da central nuclear de Angra dos Reis (RJ). O trabalho está sendo feito com apoio da empresa norte-americana Holtec, fornecedora da tecnologia da UAS, sob a coordenação da Eletronuclear, gestora das usinas. O empreendimento envolve cerca de US$ 50 milhões, conforme o blog noticiou em 2018. 

Até o momento, dois cascos – conhecidos como Hi-Storms, com 37 elementos cada – foram armazenados no depósito. Serão transferidos para a UAS o total de 222 elementos combustíveis da usina, inseridos nesses recipientes. A atividade deve ser concluída até março, informou a Eletronuclear. Além dos dois Hi-Storms de Angra 1, o depósito já conta com nove invólucros de Angra 2, contendo 288 elementos combustíveis usados da usina, transferidos no ano passado. A transferência realizada nas duas plantas abrirá espaço nas piscinas de armazenamento para mais cinco anos de operação de cada unidade geradora. No entanto, a UAS comporta até 72 módulos, com capacidade para armazenar combustível usado até 2045. 

Todo material usado e produzido pelas usinas nucleares de Angra passa pelo crivo da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), com sede em Viena, na Áustria, liderada pelas grandes potências atômicas, como os Estados Unidos. As piscinas de Angra 1 e 2 contam apenas com combustíveis usados. Esse material não é considerado rejeito porque ainda existe energia que “pode ser aproveitada no futuro, por meio do processo de reprocessamento do combustível”. 

A UAS é considerada um armazenamento complementar ao das piscinas existentes dentro das usinas. Os rejeitos de baixa e média atividade são armazenados em repositórios próprios, localizados dentro do terreno da central nuclear. VIDA ÚTIL - A usina Angra 1, comprada da norte-americana Westinghouse, opera comercialmente desde 1985, já poderia estar desligada, mas há estudos para prorrogar a sua vida útil por mais 20 anos, com investimento de cerca de US$ 27 milhões. 

Angra 1 já produziu 3.166 metros cúbicos de rejeitos sólidos (de baixa e média atividade), guardados em 7.602 tambores e caixas metálicas no Centro de Gerenciamento de rejeitos. Cada recarga de Angra 1 custava aproximadamente R$ 188 milhões, sem contar os investimentos com o transporte. Em 2018, o custo total da parada para a troca de combustível, incluindo mão de obra, era de cerca de R$ 80 milhões. 

Angra 1 produz 650 MW, quando funciona com 100% de sua potência sincronizada ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Angra 2, comprada pelo acordo nuclear Brasil Alemanha, em 1975, entrou em operação em 2001. A segunda usina tem capacidade para gerar 1.350 MW.  Angra 2 mantém em sua piscina, 888 elementos combustíveis usados. Armazena 201 metros cúbicos de rejeitos sólidos, embalados em tambores e caixas metálicas. Até às 15h desta quinta-feira, a usina permanecia desconectada do sistema interligado por falha o turbogerador. 

FOTO: Técnicos transferem o combustível usado. Eletronuclear. 

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