Cerca de 1.500 tambores danificados, contendo Torta II (material radioativo), estão sendo reembalados na unidade mineira de Caldas, da Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A operação começou na segunda-feira (10/1). Um leito do hospital local, destinado à descontaminação, foi contratado em caso de eventual acidente durante o trabalho. No hospital, houve também treinamento de proteção e de atendimento à emergência radiológica. O trabalho deve durar de três a quatro meses e está sendo acompanhado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Em junho do ano passado, o blog divulgou a primeira parte dessa operação: a substituição das coberturas (telhados) dos sítios de Torta II (subproduto de areias monazíticas contendo urânio e tório), na área AA-171 da unidade de Caldas. Documento obtido pelo blog mostra que havia riscos de disseminação radioativa via contaminação do solo, água de chuva e ar. O local abriga um total de 15 mil tambores com Torta II, cobertos por telhados que estavam danificados pelo tempo, chuvas e ventos. Todos foram trocados. O Ministério Público de São Paulo e de Pouso Alegre acompanham o complicado caso.
ANTPEN NA LUTA
O material é herança maldita da extinta Nuclemon, em São Paulo, onde durante décadas o Brasil operou com material radioativo das areias monazíticas subtraídas do litoral da Bahia, Rio de Janeiro e Espírito Santo. No passado, a China esteve prestes a comprar o estoque, mas as negociações não frutificaram. A INB ainda não decidiu o destino final do material radioativo: toneladas estão estocadas em depósitos em Interlagos e Botuxim (SP). Tentou transferir para Caldas, mas a prefeitura, políticos e ambientalistas impediram.
Dezenas de ex-trabalhadores da Nuclemon, que durante anos ficaram doentes pela exposição aos materiais radioativos da Nuclemon, lutam da Justiça até hoje para receber as suas indenizações e para manter um plano de saúde, constantemente cortado pela INB. Em 2006, eles fundaram a Associação Nacional dos Trabalhadores da Produção de Energia Nuclear (ANTPEN) em busca de seus direitos. Muitos já morreram, a maioria de câncer. “Mas a luta continua. Não vamos desistir nunca. Vamos lutar até pelos que já morreram, sem nenhuma reparação do governo”, comentou José Venâncio, presidente da ANTPEN.
FOTO: Registro aéreo da Unidade em Caldas -
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