O presidente da Indústrias
Nucleares do Brasil (INB), Carlos Freire Moreira, cancelou a visita agendada
para ocorrer nesta terça-feira (14/09) ao município de Caldas (MG), onde a
empresa estoca mais de 15 mil tambores com material radioativo e deverá receber
pelo menos mais uma tonelada procedente da Usina de Santo Amaro (USIN), em São
Paulo.
A visita havia sido agendada com o prefeito de Caldas, Ailton Goulart, dias
após a informação ter sido divulgada pelo blog no dia 27/8. O prefeito esteve
na INB e cobrou providências a Freire Moreira: avisou que não aceitará o lixo
radioativo na cidade. “Se for preciso, tomaremos medidas jurídicas”, afirmou.
O prefeito disse que aguarda a confirmação
sobre os motivos que levaram o presidente da INB cancelar a visita. É possível que
ele esteja às voltas com os preparativos para a sua viagem a Viena, na Áustria,
participando da 65ª Conferência da Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA),
que será realizada de 17 a 25 deste mês.
ANTPEN LUTA NA JUSTIÇA -
Os rejeitos
radioativos fazem parte do estoque acumulado da Nuclemon, no Brooklin (SP), empresa
da INB, que manuseou torta II e outros materiais nucleares, desde a década de
70. A longa história gerou prejuízos materiais
e humanos incalculáveis, como a contaminação de trabalhadores da empresa, que
durante décadas, sem saber, manusearam elementos radioativos. Até hoje o caso
da Nuclemon gera sofrimento e prejuízos aos ex-funcionários da empresa, fechada
em 1992.
Abandonados pelo poder público, as vítimas e familiares – pois muitos
já morreram-, em 2006, fundaram a ANTPEN (Associação Nacional dos Trabalhadores
da Produção de Energia Nuclear), para lutar pela causa. São dezenas de pedidos
de indenização na Justiça Paulista. Até hoje, o máximo que as vítimas conseguiram
foi o pagamento de um plano de saúde.
USIN: TERRENO VALIOSO -
No próximo dia
16/9, o prefeito terá reunião com a equipe do governador Romeu Zema. A Câmara
de Vereadores já se manifestou com nota de repúdio contra a decisão da INB. O caso de Caldas corre na Justiça paulista e
de Pouso Alegre (MG). Na Justiça, a INB indica Caldas para receber mais material
radioativo, alegando que o lugar é excelente para este objetivo. Indica também
o município de Buena, em São Francisco de Itabapoana (RJ).
Assim como o governo
vendeu o terreno da Nuclemon no Brooklin por R$ 12.279,00 o metro quadrado;
segundo fontes, a intenção da empresa é esvaziar e fazer o mesmo com o terreno
da USIN avaliado hoje em cerca de R$ 3.469,55 por metro quadrado.
TELHADO TROCADO
-
Com o encerramento das atividades da Nuclemon, em 1992, uma grande parte do
material radioativo foi levado para Caldas. Lá, recentemente, INB teve que
trocar o telhado de galpões que se deterioraram com o tempo.
Segundo o
cronograma de transferência da INB, conforme documentos do Ministério Público
Federal – Procuradoria da República de São Paulo - a Torta II será transportada
para o local neste primeiro semestre de 2021 e primeiro semestre de 2022 e,
ainda, no primeiro bimestre de 2023. O transporte efetivo desse material está
previsto para o primeiro semestre de 2025.
Leia no blog: Destino de mina de
urânio em Poços de Caldas é tema de seminário (18/9/2019); Lixo radioativo
enterrado em Poços de Caldas tem que ser eliminado, exigem especialistas
(21/09); Primeira mina de urânio é “herança maldita”: barragem pode se romper
(20/11/2019); Primeiro exercício simulado em Caldas, para caso de acidente em
barragem e mina e urânio desativada (17/12/2019); Risco de contaminação radioativa
na troca de cobertura que abriga 15 mil tambores com Torta II, em MG
(10/06/2021) – FOTO – INB - Caldas -
Tania Malheiros vem fazendo um trabalho de denúncia social extremamente importante em sua página, comentando sobre o perigo das usinas nucleares e o descaso das autoridades com a população ao redor. É preciso divulgar para que possamos pedir transparência das autoridades em assunto tão importante. Parabéns à jornalista.
ResponderExcluirTania Malheiros vem fazendo um trabalho de denúncia social extremamente importante em sua página, comentando sobre o perigo das usinas nucleares e o descaso das autoridades com a população ao redor. É preciso divulgar para que possamos pedir transparência das autoridades em assunto tão importante. Parabéns à jornalista.
ResponderExcluirNos governos anteriores, a questão dos resíduos nucleares nunca foram resolvidos a tendo em vista o interesse e a saúde pública, imagina agora neste sem o mínimo de sensibilidade e compromisso com a população - basta ver os quase 600 mil mortes pela covid. É um abuso e um perigo para as comunidades atingidas. Parabéns pela matéria.
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