terça-feira, 16 de julho de 2024

Projeto do Reator para Medicina Nuclear ainda na dependência da liberação de recursos

 


O projeto de construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), destinado à produção de radioisótopos para a medicina nuclear, foi tema de debate durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belém do Pará, encerrada esta semana. Participaram o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Wilson Calvo; a especialista em medicina nuclear e membro da atual diretoria da Associação Nacional de Empresas de Medicina Nuclear (ANAEMN), Daniela Oda; e o consultor técnico do RMB no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), José Augusto Perrotta.

 


“A ideia é que nos próximos meses seja construída uma ponte e abertas e pavimentadas as vias de acesso a área do futuro reator e demais prédios auxiliares a serem construídos, mas isso depende da liberação de recursos para a obra que deve ficar pronta em 2030”, revelou Perrotta, um dos pioneiros no projeto estratégico para a CNEN e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). 

O RMB continua orçado em US$ 500 milhões e está em fase de retomada após quatro anos parado. O RMB, como tem sido divulgado, será construído num terreno de 2 milhões de metros quadrados próximo ao município de Iperó, no interior de São Paulo; está com os licenciamentos exigidos para sua construção concluídos. O projeto do RMB recebeu uma injeção de ânimo por ter sido incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como prioridade no financiamento através do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). 

“Estamos desenvolvendo um diálogo tanto no MCTI quanto na Casa Civil, quem coordena o PAC, para juntos verificarmos como fazer a implantação tendo em vista os números grandiosos do projeto”, comentou Perrotta. A especialista em medicina nuclear, Daniela Oda, apresentou um panorama sobre a aplicação da medicina nuclear teranóstica (para fins de diagnóstico e tratamento) e os desafios do mercado que envolve a medicina nuclear brasileira em clínicas particulares. Ela chamou a atenção para a necessidade da modernização e ampliação da produção de radiofármacos e o papel do IPEN, da CNEN e do RMB no futuro deste processo. Também apresentou números que indicam uma diminuição de tratamentos, principalmente de câncer no Brasil, enquanto a doença cresce em muitos países.

 Para o diretor de pesquisa e desenvolvimento da CNEN, Wilson Calvo, que apresentou as questões legais e normativas que envolvem o setor nuclear brasileiro, o RMB é essencial para propiciar custos mais baixos aos insumos, e consequentemente, aos tratamentos da população, conseguindo assim atingir um número maior pessoas que não podem esperar muito tempo pelos procedimentos médicos envolvidos. “Vimos aqui que os radiofármacos são um insumo extremamente estratégico e nós precisamos deles para que um número maior de pacientes seja atendido e ainda para que possamos evitar os riscos de desabastecimentos, como ocorreu no passado devido a uma série de fatores”, ressaltou. 

(FONTE: IPEN-CNEN) 

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