sábado, 30 de setembro de 2023

Medicina Nuclear: recusa de profissionais para transportar material radioativo gera debate na 67ª Conferência da AIEA

 


A recusa de profissionais e demoras para garantir o transporte de materiais radioativos, como os usados em diagnósticos e tratamentos médicos de combate ao câncer, foram alguns dos temas discutidos na 67ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia atômica (AIEA), na sede da entidade, em Viena, na Áustria, de 25 a 29/9. O fato mundial, pouco conhecido da sociedade, pode gerar problemas graves como o adiamento e cancelamento de procedimentos por falta do material médico radioativo. 

O evento contou com a presença do diretor geral da AIEA, embaixador Rafael Mariano Grossi, considerada uma manifestação de apoio aos países que se unem para encontrar uma solução para o problema, esforço global promovido pela Austrália, segundo informações da Agência. “Produtores de radiofármacos (medicamento com material radioativo) ficam reféns”, comentou um técnico da Agência, reiterando que o problema afeta todo o mundo e que precisa de solução rápida para que materiais que demandam tanta complexidade não passem do prazo de validade por falta de transportadores, inclusive os aéreos. 

Também foi pauta do evento a  realização de missão internacional de auditoria no país, como a Integrated Regulatory Review Service (IRRS), “durante as quais a AIEA manifestou a sua intenção de esclarecer os aspectos necessários para a execução de tal atividade no futuro, incluindo uma visita de seus oficiais ao Brasil, para apresentações relacionadas ao tema”, conforme divulgação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que participou do evento.

 O chefe da delegação brasileira, embaixador Carlos Cozendey, afirmou que o Brasil está atento ao problema. “O Brasil está continuamente comprometido em manter altos padrões de segurança em todas as atividades do seu setor nuclear”. 

Também participaram a diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS) da CNEN, representada pelo diretor, Alessandro Facure, e pelo servidor Ricardo Gutterres; os chefes do departamento de Salvaguardas da AIEA, Massimo Aparo; do departamento de cooperação técnica da IAEA, Hua Lin; e o da Divisão de Cooperação Técnica para a América Latina e o Caribe, Raul Ramire, além da diretora da Divisão de Segurança de Instalações Nucleares da AIEA, Anna Hajduk Bradford.

FOTO: CNEN- 

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terça-feira, 26 de setembro de 2023

Instalações nucleares da INB em Caldas (MG) apresentam festival de irregularidades. ANM vistoria hoje e amanhâ

 


As investigações que apontaram diversas falhas nas instalações da unidade, incluindo barragem de minérios pesados e de rejeitos radioativos, da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Caldas, MG, serão novamente revistas a partir de desta terça-feira (26/9) durante vistoria da Agência Nacional de Mineração (ANM), com término previsto para amanhã (27/9). Anomalias, irregularidades, inconsistências, são expressões que recheiam o relatório da ANM. Entre as exigências estão informações sobre o Plano de Segurança da Barragem (PSB) que estavam com itens em desacordo com as normas da Agência, a comunidade próxima, e o sistema de drenagem “não confiável ou inoperante”, considerando que o projeto começou há mais de quatro décadas. Além dos riscos de contaminação radioativa por conta da extração de urânio há décadas que vem sendo apontados pela imprensa, foram colocadas gramas em lugar que deveria estar preservado e limpo. A ANM quer que a INB apresente mapa de inundação discriminando as áreas que poderiam ser afetadas em caso de problemas nas barragens.

 Na vistoria anterior foram encontradas “tocas de animais que devem ser preenchidas nas rotinas de manutenção da barragem”. As ações começaram em 18 de maio de 2023, via satélite e drones, quando a atribuição passou da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para a ANM, conforme parecer nº 00234/2022/PFE-ANM/PGF/AGU (737542) da Procuradoria Federal Especializada junto à ANM. A ação fiscalizadora realizada nos dias 20 e 21 de junho visava classificar as estruturas já mapeadas, verificar seu estado de conservação, avaliar a documentação existente e vistoriar o site para verificar se existia alguma outra estrutura que deveria ser cadastrada no Sistema Integrado de Gestão de Barragens de Mineração (SIGBM).

Com datas de execução longas que ultrapassam o período chuvoso entre outubro próximo e março de 2024, o plano de ação apresentado pela INB “não atende às expectativas “da ANM. A ANM deu prazo de até o final deste mês de setembro para que a INB tome as providências para melhorar as condições da Barragem D$. Caso contrário, a Agência vai tratar o problema como “uma anomalia não controlada”. “O abandono das instalações pelo poder público durante todos esses anos só poderia resultar nesse festival de problemas gravíssimo”, comentou uma fonte ao BLOG. 

Vale registrar que até bem pouco tempo a o local era cercado de sigilo e a sociedade civil não recebia qualquer informação oficial sobre as instalações, exceto pela imprensa. “A Barragem de Rejeitos foi projetada no final da década de 1970 com a finalidade de receber os rejeitos da exploração e processamento de urânio. Não foram encontrados registros da construção ou projetos As Buid ou is do maciço”, informa o Processo 27203.807102/1977-37, da ANM.  Geralmente o projeto de “as is” é desenvolvido para obras mais antigas, em que não houve o cuidado da realização do projeto de “as built” – como construído, segundo a literatura do setor.  E segundo a ANM, acredita-se que a estrutura tenha sido construída em etapa única no inicio da década de 1980. Neste caso da barragem de rejeitos, em setembro de 2018 foi identificado um evento denominado “não usual” com o aumento de turbidez da vazão oriunda da tulipa.

 Vários problemas foram identificados como carreamento de partículas de reservatório para jusante da barragem, rompimento de vedajuntas/deslocamento de módulos; quebra do concreto da galeria e carreamento de partículas do núcleo e das fundações e ou do filtro, transição do barramento para jusante. Por conta disso, no mesmo ano, a INB substituiu o sistema extravasor original de projeto por outro. Houve substituição provisória e depois definitiva. Importante destacar como foi relevante a vistoria e a cobrança da ANM. Fato é que os problemas se arrastam há décadas e tudo indica que soluções de segurança para as comunidades locais, meio ambiente, fauna, flora, exigirão recursos incalculáveis, mão de obra especializada, e decisões políticas. 

De acordo com o relatório, a partir da vistoria em junho, a INB deveria apresentar em 15 dias documentos sobre tendências de níveis piezométicos no núcleo e tendências de elevação das vazões medidas na drenagem interna. Nível piezométrico – é o nível a que a água de um aquífero se encontra à pressão atmosférica. Coincide com a superfície freática de um aquífero livre, segundo a literatura disponível. A INB apresentou o a avaliação feita pela VTB Engenharia considerada satisfatória, mas falhou ao contratar a mesma empresa para realizar outros trabalhos.

Em outro documento sobre a PSB constam duas Revisões Periódicas de Segurança da Barragem, sendo que a última, emitida em maio de 2023, “não atende integralmente às determinações e conteúdo mínimo da Resolução ANM nº 95/2022. O documento foi elaborado pela mesma empresa e está em desacordo com as normas da Agência. A ANM quer outra avaliação. Outros problemas foram verificados pela ANM. Em relação à fundação, embora a INB tenha informado que havia investigação no projeto, a ANM verificou o contrário: no PSB não foram identificadas as investigações diretas executadas no maciço, posteriores à construção da barragem. As vistorias da ANM vão apontar as exigências não cumpridas pela INB, agora sob nova direção. 

 FOTO: Barragem - Fonte BLOG visita em 4/09/2023 - 

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ANM faz nova vistoria em barragens de minérios nucleares da INB em Caldas (MG)

A Agência Nacional de Mineração (ANM) inicia nesta terça-feira (26/9) mais uma vistoria nas barragens de rejeitos (BAR), D4 e Bacia Nestor Figueiredo da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Caldas (MG). O objetivo é verificar se a empresa está cumprindo os requisitos estabelecidos pela ANM em relatório divulgado em julho deste ano. Na pauta: riscos das barragens e situação das comunidades próximas.

 A vistoria será realizada nas barragens cadastradas no Sistema Integrado de Gestão de Barragens de Mineração (SIGBM) da ANM e classificadas como Nível de Emergência 1 (NE1). A fiscalização in loco será realizada hoje e amanhã (27/9) por dois profissionais da ANM – um engenheiro civil e um geólogo. 

De acordo com Claudinei Cruz, coordenador de Planejamento e Gestão de Barragens de Mineração, será emitido um relatório sobre os resultados da vistoria no prazo de 15 a 20 dias. 

“Somente aí conseguiremos verificar se a empresa está cumprindo efetivamente as exigências para solucionar o quadro emergencial e se a mantemos no nível de emergência 1”, explica Cruz. Se mantida no nível de emergência 1 (NE1), não será necessária a remoção de moradores de áreas próximas às barragens. 

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sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Mina de urânio de Santa Quitéria: Fiocruz Ceará e entidades civis manifestam preocupação com casos de câncer e contaminação radioativa

 


A preocupação com a mina de urânio, localizada em Santa Quitéria, com área de influência direta em Itatira, Catunda e Boa Viagem, municípios localizados no Sertão Central cearense, reuniu anteontem (20/9) representantes da Fiocruz Ceará, por meio da Coordenação de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (CAAPS), da área de Saúde e Ambiente e do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM). Os relatos sobre doenças como câncer e outras questões relacionadas à saúde chamam a atenção pela gravidade. O BLOG também encontrou vídeos nas redes sociais respaldando a preocupação dos envolvidos na questão.

 


Com 10 anos de atuação, o movimento nacional surgiu no Pará em luta contra a Vale e hoje atua em 14 estados brasileiros, incluindo o Ceará. O grupo não se coloca contrário à mineração, mas busca que a prática esteja a serviço da população, com respeito ao meio ambiente. A Mina pertence a estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que desde anteontem tem nova diretoria e está sob a presidência de Adauto Seixas. Considerada a quarta maior mina de urânio do mundo, a de Santa Quitéria está embargada pelo Ibama por comprometer questões como a saúde e a água, segundo os participantes da reunião. 

“Para sua atividade, a usina utiliza milhões de litros de água para beneficiar o urânio, que está associado ao fosfato, material radioativo com alto risco de gerar problemas de saúde, inclusive o câncer”, pondera Fernando Carneiro, que relembra o histórico caso de mau manejo de produtos radioativos, como o Césio 137. O caso aconteceu em 1987, em Goiânia, e é considerado o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares. Por isso há muita preocupação e medo nos territórios”.

 Na reunião, foram apresentadas duas grandes demandas para a Fiocruz: a preocupação com a água e com a saúde. Para ter uma ideia, segundo os dados apresentados pelo grupo, um terço do território do estado do Ceará está envolvido em processos minerários e isso representa uma extensão muito considerável de terras para a exploração, por exemplo, do cobre”, avalia Fernando Carneiro, pesquisador da Fiocruz Ceará. 

Outra preocupação da comunidade relatada pelos representantes do MAM é a percepção no aumento significativo de diversos tipos de cânceres na região, principalmente no raio próximo à mina, maior que em outras regiões do Ceará. Já há uma preocupação se, nas condições ambientais atuais, com a radiação natural, se já há efeitos na saúde, além do temor com que a possível exploração da mina viria a prejudicar mais ainda essa população”, informa Vanira Pessoa, coordenadora da CAAPS. Além do câncer, eles falaram muito do medo das malformações fetais e da incidência de casos de abortos espontâneos e partos prematuros que também percebem na população local”, acrescenta. Dentre as solicitações para parceria entre a Fiocruz Ceará e o MAM, o desenvolvimento de um estudo epidemiológico de base na população de área de influência da mina para avaliar impactos futuros na saúde, em caso de reativação. Além deste estudo, também sugeriu a formação para o SUS no território, tanto para agentes comunitários e populares quanto para profissionais da Estratégia Saúde da Família, buscando identificar esses impactos na saúde com o avanço da mineração.

“Eles têm muita necessidade de ter uma clareza do perfil dos processos de adoecimento que há em curso, como formar os trabalhadores do SUS que atuam nesses territórios para realizações de prevenção, de promoção da saúde, de diagnóstico precoce, de possíveis efeitos na saúde relacionados à exposição ao urânio”, avalia Vanira; Fernando Carneiro também reforça a importância das ações na região. A Fiocruz já tem um projeto nacional voltado para o tema, então a Fiocruz Ceará iria se somar a essa iniciativa nacional, que envolve mais de 100 pesquisadores, de Norte a Sul do país”, acrescenta. Participaram da reunião representando a Fiocruz Ceará Vanira Pessoa, Fernando Carneiro e a pesquisadora Ana Claudia Teixeira. Erivan Silva, João Victor, Antônia Patrícia e Pedro D’Andreia pelo MAM.

 FOTO/FONTE: FIOCRUZ CEARÁ – MINA/ INB – JORNAIS LOCAIS 

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ANGRA 2 será desligada domingo para a troca de combustível (urânio). Cerca de 2 mil profissionais, sendo 200 estrangeiros, participam da operação

 Cerca de dois mil profissionais estarão envolvidos nas atividades de troca de combustível (urânio enriquecido) de 


Cerca de dois mil profissionais estarão envolvidos nas atividades de troca de combustível (urânio enriquecido) de Angra 2, a partir da meia noite de domingo (24/9), quando a usina será desligada. A parada é programada e durante 30 dias a unidade estará fora do Sistema Interligado Nacional (SIN), sem gerar energia, informou a Eletronuclear. As principais ações previstas são a revisão do gerador elétrico principal, a inspeção do vaso de pressão do reator e a troca de combustível. Entre os especialistas envolvidos, estarão cerca de 1300 pessoas contratadas exclusivamente para as tarefas, 500 empregados da Eletronuclear e 200 estrangeiros. 

Mais de cinco mil outras atividades também serão realizadas no período. “Essa é uma oportunidade para realizar a manutenção e inspeção de equipamentos que não podem ser isolados durante a operação da usina, e também a substituição de 52 - de um total de 193 - elementos combustíveis no núcleo do reator”, informou o superintendente da usina, Fabiano Portugal. 


A Eletronuclear não informou o valor do investimento em recursos humanos  inclusive com os 200 contratados no exterior; nem do preço do combustível pago à Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que passa também pela Urenco (consórcio de empresas da Alemanha, Holanda e Inglaterra). Há cerca de cinco anos, o valor era de aproximadamente R$ 280 milhões.

 USINA ALEMÃ - 

Angra 2 é a primeira usina de um pacote de oito centrais atômicas, que faz parte do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, assinado pelo general Geisel, em 1975. Angra 2 começou a ser construída em 1981, mas teve o ritmo das obras desacelerado a partir de 1983, devido a diversos problemas, parando de vez em 1986. A unidade foi retomada no final de 1994 e concluída em 2000, entrando em operação comercial em 2001.  

ANGRA 1 - 

A parada de Angra 1 está programada para começar no dia 28 de outubro com duração prevista de 50 dias. Cerca de um terço do combustível nuclear será recarregado, além da promoção de 4.800 atividades, entre inspeções e manutenções periódicas, e instalações de modificações de projeto. 

Além do reabastecimento, serão realizadas as tarefas de substituição de barras de controle do reator, manutenção dos transformadores principais e auxiliares, revisão das turbinas de vapor, e inspeção volumétrica na tampa do vaso de pressão do reator. Angra 1 é a primeira usina nuclear instalada em Angra. É norte-americana, fruto de contrato com a Westinghouse, em 1970. 

FOTO: ANGRA 2 – 

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 Angra 2, a partir da meia noite de domingo (24/9), quando a usina será desligada. A parada é programada e durante 30 dias a unidade estará fora do Sistema Interligado Nacional (SIN), sem gerar energia, informou a Eletronuclear. As principais ações previstas são a revisão do gerador elétrico principal, a inspeção do vaso de pressão do reator e a troca de combustível. Entre os especialistas envolvidos, estarão cerca de 1300 pessoas contratadas exclusivamente para as tarefas, 500 empregados da Eletronuclear e 200 estrangeiros. Mais de cinco mil outras atividades também serão realizadas no período. “Essa é uma oportunidade para realizar a manutenção e inspeção de equipamentos que não podem ser isolados durante a operação da usina, e também a substituição de 52 - de um total de 193 - elementos combustíveis no núcleo do reator”, informou o superintendente da usina, Fabiano Portugal. A Eletronuclear não informou o valor do investimento em recursos humanos  inclusive os 200 contratados no exterior; nem o valor do combustível pago à Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que passa também pela Urenco (consórcio de empresas da Alemanha, Holanda e Inglaterra). Há cerca de cinco anos, o valor era de aproximadamente R$ 280 milhões. USINA ALEMÃ - Angra 2 é a primeira usina de um pacote de oito centrais atômicas, que faz parte do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, assinado pelo general Geisel, em 1975. Angra 2 começou a ser construída em 1981, mas teve o ritmo das obras desacelerado a partir de 1983, devido a diversos problemas, parando de vez em 1986. A unidade foi retomada no final de 1994 e concluída em 2000, entrando em operação comercial em 2001.  ANGRA 1 -  A parada de Angra 1 está programada para começar no dia 28 de outubro com duração prevista de 50 dias. Cerca de um terço do combustível nuclear será recarregado, além da promoção de 4.800 atividades, entre inspeções e manutenções periódicas, e instalações de modificações de projeto. Além do reabastecimento, serão realizadas as tarefas de substituição de barras de controle do reator, manutenção dos transformadores principais e auxiliares, revisão das turbinas de vapor, e inspeção volumétrica na tampa do vaso de pressão do reator. Angra 1 é a primeira usina nuclear instalada em Angra. É norte-americana, fruto de contrato com a Westinghouse, em 1970.  FOTO: ANGRA 2 – COLABORE COM O BLOG- CINCO ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – COLABORE FAZENDO UM PIX: 21 99601-5849. CONTATO: malheiros.tania@gmail.com

Manchas de óleo na Central Nuclear de Angra não tem a ver com usinas atômicas, garante Eletronuclear

 


A Eletronuclear informou nesta sexta-feira (22/9) que as manchas de óleo identificadas ontem (21/9) num canal de efluentes dentro da própria Central Nuclear de Angra dos Reis, não vem das usinas Angra 1 e 2 e sim de uma das instalações de apoio da Central Nuclear. Mesmo assim, informou que será realizada uma pesquisa com as amostras do material para descobrir sua origem.

Segundo a Eletronuclear , o material “não caiu no mar, não tendo sido identificado qualquer vestígio na saída para a Baía de Itaorna, em Angra dos Reis”. O Ibama e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), foram comunicados, assim como as prefeituras da região, divulgou a companhia. 

Todo o pequeno volume de óleo foi retirado do canal através de barreiras flutuantes, que permanecem no local de maneira preventiva. Além disso, estão sendo mantidas rondas periódicas por profissionais treinados para garantir o controle da situação”, informa a nota da companhia. 

FOTO: CENTRAL NUCLEAR – 

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quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Central Nuclear de Angra tem primeiro simulador em realidade virtual da América do Sul, fruto de tese de mestrado de funcionário da Eletronuclear

 


O primeiro simulador em realidade virtual da América do Sul para operadores nucleares, está sendo utilizado no treinamento e aprimorando a segurança e a disponibilidade de energia fornecida pela central nuclear de Angra dos Reis, da Eletronuclear. O projeto é obra do instrutor do simulador de Angra 2, Gustavo Pinheiro, em sua tese de mestrado. A função da nova ferramenta de Angra 2 é simular a operação de uma das atividades delicadas realizadas na sala das bombas de água de refrigeração principal, responsáveis por conduzir a fonte fria (água do mar) para os condensadores, que transformam o vapor d'água na saída das turbinas em água líquida. 

Os operadores, segundo Pinheiro, são bem treinados, mas a parte prática é muito mais difícil de ser realizada por aqueles que atuam no campo. “A nova tecnologia contribui para que conheçam as manobras mais delicadas na prática, antes de entrar na usina nuclear, complementando o treinamento já existente”, explica Pinheiro, que contou com o apoio de colegas da Eletronuclear para desenvolver o projeto. 

Os operadores se dividem entre aqueles que atuam na sala de controle das usinas nucleares e os que atuam diretamente no campo, os chamados operadores de área, que trabalham presencialmente em determinadas instalações físicas. Entre elas, estão os edifícios do reator, de sistemas elétricos, do turbogerador e da tomada d'água.

SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA

 Os treinamentos visam a atuação com situações operacionais e de emergência, para “prevenir acidentes que coloquem o meio ambiente e a população em risco e garantir a geração de energia das usinas”, informou a companhia. As usinas Angra 1 e Angra 2, já contam com simuladores que são réplicas fiéis de suas salas de controle e servem para a preparação e requalificação dos operadores que atuam nesse ambiente. Já o simulador virtual é capaz de potencializar e dar continuidade aos treinamentos práticos desses profissionais. 

“É possível reproduzir possíveis falhas previstas no manual de operação. Tudo é feito de tal forma que o especialista se sinta, de fato, operando o equipamento, experimentando os desafios da tarefa, como lidar com som ambiente, localização física de instrumentos e funcionalidades do painel. Isso complementa a preparação daqueles que já tinham acesso ao simulador físico, assim como contribui para o treinamento e requalificação dos operadores de área", informou Pinheiro. 

TESE DE MESTRADO 

O projeto foi desenvolvido pelo instrutor em 2021 a partir de uma tese de mestrado, apresentada no programa de pós-graduação em Ciência e Tecnologia Nucleares do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), ligado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). 

No mesmo ano, a Eletronuclear promoveu a contratação de uma empresa, que venceu o processo de seleção e tirou o projeto do papel. Todos os profissionais da organização podem utilizar o simulador em realidade virtual por meio de um computador que funciona com telas de touch screen, capaz de rodar o sistema sem interrupções. 

Em 2023, houve o primeiro teste da tecnologia aplicada em capacetes em 3D. Entusiasmado com o resultado do trabalho, Pinheiro comentou: “Eu já fui operador de área e sentia a necessidade de treinar na prática antes de fazer minhas tarefas para valer, situação que só era possível em casos especiais, como durante uma parada da usina para troca de combustível. Sem dúvidas, o simulador em realidade virtual se soma aos outros protocolos de segurança já estabelecidos pela Eletronuclear”.  

FOTO: ELETRONUCLEAR – 

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terça-feira, 19 de setembro de 2023

Barragens com urânio da INB serão vistoriadas novamente pela ANM no Planalto de Poços de Caldas

 


Equipe técnica da Agência Nacional de Mineração (ANM) realizará outra vistoria em barragens de rejeitos de urânio da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) de segunda (25/9) a quinta-feira (28/9), em Poços de Caldas (MG). A primeira vistoria oficial ocorreu em junho, após a entrada em vigor da Lei 14.514/2022, que estabelece à ANM responsabilidade por fiscalizar a pesquisa e a lavra de minérios nucleares, competência antes atribuída à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). 

A INB cadastrou duas barragens no Sistema Integrado de Gestão de Barragens de Mineração (SIGBM) da ANM – a D4, de 351 metros cúbicos, e a de rejeitos (BAR), de 2,5 milhões metros cúbicos – e ambas foram classificadas para o Nível de Emergência 1, a partir dos requisitos mínimos estabelecidos na Resolução ANM nº 95/2023, a que passaram a ser submetidas. 


No caso da barragem D4, a estrutura não possui borda livre, ou seja, um nível de, pelo menos, um metro de distância – estabelecido em lei – entre o nível de água do reservatório e a parte mais elevada da barragem, denominada crista. Em relação à barragem de rejeitos, o fator de segurança foi de 1,34, inferior ao mínimo de 1,50, determinado pela legislação. Conforme a resolução da ANM, fatores de segurança entre 1,30 e 1,50 levam à barragem ser enquadrada no nível de emergência 1. O superintendente de Segurança de Barragens de Mineração da ANM, Luiz Paniago, explicou na época que o enquadramento se deu pelas barragens não atenderem a quesitos relacionados à segurança hidráulica da estrutura e à segurança geotécnica da resolução da ANM.

Para sanar os problemas apresentados, serão necessárias obras para que a barragem D4 atinja a borda livre mínima de um metro. Em relação à barragem de rejeitos, estão sendo realizados diagnósticos técnicos para decidir como será feito o reforço da estrutura. Na semana passada, a INB informou que as obras serão realizadas, com a contratação de empresa em breve.  A ANM quer verificar se as exigências feitas em junho estão sendo atendidas. Ele afirmou também que os problemas são sanáveis e não há qualquer necessidade de evacuação da população no momento. 

“É obrigação do empreendedor implementar e melhorar continuamente o seu sistema, de modo a assegurar, a qualquer tempo, a integridade do conjunto da instalação, visando a garantia da segurança das barragens”, comentou. “Esse tipo de estrutura não pode ter qualquer tipo de problema porque os danos sociais e ambientais seriam muito severos.” 

A primeira ida a campo para vistoriar as barragens da INB, em Poços de Caldas, ocorreu a pouco mais de seis meses da promulgação da nova lei. Durante esse tempo, as barragens cadastradas no sistema do CNEN foram transferidas ao sistema da ANM e a equipe de geotécnicos da agência se preparou para inspecionar barragens com elementos radioativos. Em relação aos moradores de chácaras que ficam nas proximidades da Barragem de Águas Claras, contaminada com urânio, a Justiça decidiu que podem permanecer no local. 

FOTO: ACERVO DO BLOG –

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quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Angra 3: Justiça decide paralisar as obras novamente. Eletronuclear recorrerá da decisão

 


Mais uma vez, este ano, a Justiça decidiu paralisar as obras da usina nuclear Angra 3.  Desta vez, a 2ª Vara Cível da Comarca de Angra dos Reis revogou a liminar obtida pela Eletronuclear em mandado de segurança que autorizava a retomada das obras da central atômica. A companhia informou nesta quarta-feira (13/9) que recorrerá da decisão na Justiça e administrativamente junto à prefeitura de Angra. A construção da usina está paralisada.

 As obras de Angra 3 começaram em 1984 e já foram paralisadas diversas vezes. A Companhia divulgou hoje (13/9) informação incorreta sobre a usina. “A conclusão de Angra 3 - foi incluída recentemente no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal “, informou a Eletronuclear. Mas na verdade, o que foi incluído no PAC foi um estudo sobre a viabilização das obras, e não as obras.

Para mostrar a importância da usina, a Eletronuclear informa: “A geração da planta será suficiente para atender 4,5 milhões de pessoas. Com a entrada de Angra 3 em operação, a energia gerada pela central nuclear de Angra será equivalente a, aproximadamente, 60% do consumo do estado do Rio de Janeiro e 3% do consumo do Brasil”. Este ano, por decisão da Justiça, as obras foram embargadas no dia 19 de abril e desembargadas em 25 de maio. 

Em nota, divulgada no dia 23 de maio, a Prefeitura da cidade desmentiu informações da Eletronuclear. “A Prefeitura de Angra dos Reis esclarece que a empresa nunca informou ao município sobre a disponibilidade de R$ 35 milhões a título de compensações socioambientais pela construção da usina nuclear Angra 3”. Destacou ainda que em pelo menos duas ocasiões, o Diretor- Presidente da Eletronuclear, Eduardo Grivot Grand Court, deixou claro que a estatal não contava com recursos para honrar seus compromissos com a prefeitura angrense”. 

Angra 3 já consumiu R$ 7 bilhões e depende de R$ 20 bilhões para ser concluída. A previsão mais recente é de que a usina entraria em operação comercial em 2028. A dívida da Eletronuclear com o BNDES era de R$ 6,4 bilhões, conforme o blog já divulgou. 

JOGO DE EMPURRA - 

Na ocasião, em nota divulgada, a Prefeitura de Angra informou ainda que apresentou 16 projetos à Eletronuclear, totalizando R$ 40 milhões, mas que até aquele momento não havia recebido recursos para dar sequência às obras. Há mais de uma década, “a estatal faz um jogo de empurra-empurra para não cumprir com compromissos firmados com a prefeitura angrense”. 

No dia 16 de maio, durante audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, o presidente da estatal admitiu publicamente a falta de recursos para arcar com os compromissos assumidos com a prefeitura de Angra.  “Eu assino o compromisso de R$ 264 milhões, que é apresentado pela prefeitura, mas eu não vou ter dinheiro para pagar tudo. Há um problema de orçamento, que é público", confessou o presidente da estatal.

 “A prefeitura de Angra permanece na luta para receber os recursos da Eletronuclear. É inconcebível que a estatal não cumpra o acordo firmado com a Prefeitura, em outubro de 2009, e fique sem repassar as verbas necessárias para projetos na cidade, como contrapartida à cessão do terreno para a construção de Angra 3. Em valores atualizados, essa contrapartida em compensações socioambientais atinge R$ 264 milhões”, reiterava a prefeitura. 

SOCORRO DO ESTADO - 

Durante a reunião do Conselho de Energia realizada no dia 23 de maio na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACERJ), o superintendente de Energias Limpas da Secretaria de Energia e Economia do Mar no Governo do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Coelho, anunciou a disponibilidade do órgão de intermediar o impasse entre a Eletronuclear e o prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão. 

O presidente da Eletronuclear, Eduardo Grand Court, enfatizou a importância da indústria nuclear para o Rio de Janeiro, uma vez que impulsiona a economia em toda a cadeia produtiva do setor. Segundo Grand Court, considerando toda a cadeia produtiva, o setor nuclear atualmente gera mais de 100 mil postos de trabalho. Além disso, ele ressaltou que a construção da Usina Nuclear Angra 3 será responsável pela criação de 7 mil empregos diretos e 20 mil indiretos. 

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Os riscos das barragens de rejeitos radioativos no Planalto de Poços de Caldas, por José Edilberto

 


As resoluções da Agência Nacional de Mineração (ANM) Nº 95/2022 e 130/2023 representam avanços significativos na busca pela proteção e segurança da população em áreas de mineração no Brasil. No entanto, também delineiam importantes desafios e riscos que devem ser cuidadosamente gerenciados. Uma das principais preocupações dessas resoluções é a prevenção de desastres ambientais, como rompimentos de barragens de rejeitos no Planalto de Poços de Caldas. 

As novas diretrizes impõem rigorosos padrões de segurança para as estruturas de contenção de rejeitos, visando reduzir ao máximo o risco de vazamentos ou rupturas que possam causar impactos devastadores nas comunidades vizinhas e no meio ambiente. 

Além disso, as resoluções enfatizam a importância da gestão adequada de resíduos e da reabilitação de áreas degradadas pela mineração, buscando minimizar os impactos a longo prazo sobre o solo, a água e a biodiversidade local. Isso inclui a implementação de medidas de controle de poluição e a restauração de ecossistemas afetados. 

Outro aspecto crítico abordado por essas resoluções é a segurança dos trabalhadores nas minas. Elas estabelecem normas rígidas para garantir condições de trabalho seguras e saudáveis, bem como a capacitação adequada dos funcionários. Isso visa evitar acidentes e doenças ocupacionais que possam afetar a força de trabalho da indústria de mineração.

Contudo, apesar dos esforços para proteger a população e o meio ambiente, os riscos persistem. Eventos climáticos extremos, desafios operacionais e o próprio dinamismo da atividade mineradora podem representar ameaças imprevisíveis. Portanto, a aplicação eficaz dessas resoluções, juntamente com a fiscalização rigorosa, é fundamental para mitigar os riscos e garantir que a mineração seja realizada de forma responsável e segura, em benefício de toda a sociedade. 

Certamente, é fundamental abordar a situação crítica que pode surgir da ausência de mecanismos de prevenção e desaparelhamento da defesa civil em caso de rompimento de uma barragem que contenha resíduos radioativos. 

Imagine o potencial catastrófico de tal cenário: uma barragem de resíduos radioativos é por natureza uma estrutura que concentra uma enorme quantidade de energia, não apenas pela quantidade de material tóxico armazenado, mas também pela possibilidade de contaminação radiológica. Se essa barragem se rompesse, o impacto seria avassalador.

 Primeiramente, a disseminação de resíduos radioativos em larga escala representaria uma ameaça imediata à saúde humana e ao meio ambiente. A contaminação radiológica se espalharia rapidamente, exigindo evacuações em massa e ações de descontaminação urgentes. A falta de mecanismos de prevenção e resposta adequados poderia resultar em um número significativo de vítimas, com graves consequências para as gerações futuras devido à exposição à radiação.

 Além disso, o poder destrutivo de uma inundação causada pelo rompimento de uma barragem com resíduos radioativos seria amplificado. A água contaminada arrastaria consigo materiais tóxicos, espalhando a contaminação por cursos d'água e áreas habitadas, tornando a recuperação das áreas afetadas ainda mais difícil e demorada.

 A ausência de ações concretas e de investimentos na preparação da defesa civil para enfrentar tal desastre seria negligência grave. A falta de planos de evacuação, equipamentos de descontaminação, treinamento para pessoal de emergência e comunicação eficiente poderia levar a perdas humanas e ambientais incalculáveis. 

Portanto, é de suma importância que as resoluções da ANM, mencionadas anteriormente, incluam medidas específicas para barragens de resíduos radioativos e que haja um compromisso sério com a implementação efetiva dessas medidas. Isso não é apenas uma questão de conformidade regulatória, mas também uma questão de segurança pública e preservação do meio ambiente, garantindo que os riscos associados a tais instalações críticas sejam minimizados e que a população esteja adequadamente protegida em todos os aspectos. 

JOSÉ EDILBERTO DA SILVA RESENDE - Advogado, membro da Comissão de Meio Ambiente e Construção da OAB-MG/Subseção Poços de Caldas, Coordenador Adjunto do CBH do Rio Grande na Câmara Técnica de Integração e Legalidade (CTIL), Conselheiro no CBH do Rio Mogi/Pardo e Auditor da Norma ISO 14.000 com ênfase na Certificação em Sistema de Gestão Ambiental, membro da Associação Poços Sustentável e do Observatório Social Poços Sustentável e titular da Comissão das Águas da Câmara de Vereadores de Poços de Caldas pela OAB-MG-PCS. 

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sábado, 9 de setembro de 2023

Instalações radioativas: legado da ditadura segue produzindo contaminação com urânio em Minas

 

O cenário lembra um campo de guerra abandonado, mas pode lembrar também uma área devastada por algum evento fora do controle. Com minas, bacias de rejeitos radioativos, demolições de prédios, depósitos com estoques de tambores com Torta II (urânio e tório), nuvens de poeira, árvores cortadas ao longo do caminho, fazem parte da história nuclear brasileira dos tempos sombrios da ditadura .

Tudo começou na década de 70, quando o governo decidiu explorar a primeira mina de urânio brasileira no Planalto de Poços de Caldas, Sul de Minas Gerais. As promessas de emprego e progresso levaram centenas, talvez milhares  de trabalhadores ao local, hoje conhecido como “Cava da Mina”. 


Sem compradores para o urânio, o projeto ambicioso ficou economicamente inviável. Assim, o governo encerrou as atividades da mina nos idos de 1982. Quantos operários se contaminaram com radiação? São alguns dos segredos guardados até hoje. 

URÂNIO SEM SOLUÇÃO - 

A convite da Associação Poços Sustentável (APS), agendada pelo coordenador, o advogado José Edilberto Resende, participamos da visita ao local batizado de Unidade de Descomissionamento de Caldas (UDC), na segunda-feira (4/9), na região que pertence a estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), do Ministério de Minas e Energia (MME). Desde a semana passada o presidente da INB é o funcionário antigo da instalação em Caldas, Adauto Seixas,  que conhece bem o problema.    


O passivo ambiental é inimaginável, porque não há como dimensionar até que ponto haverá uma solução para a UDC. As bacias de contenção, por exemplo, não estão retendo mais o urânio, que está migrando para a Bacia de Águas Claras. O gerente da instalação, João Viçozo, confirmou a existência de urânio no local. “Vamos contratar uma empresa para remover o urânio de Águas Claras”, anunciou. Na UDC, serão investidos R$ 190 milhões nos próximos 10 anos, anunciou também. Numa sala da UDC, com uma máquina xerox com defeito, Viçozo apresentava as informações em slides. Nas imediações há plantações de rosas, tomates, laranjas e batatas, segundo ele, sem riscos de contaminação. Os moradores são "bem informados" sobre a possibilidade de as "formigas" poderem atrapalhar as barragens.  Não seria o contrário? E no dia da visita a estação de tratamento de efluentes estava em manutenção, enquanto o Ribeirão das Antas (bem próximo) afluente do Rio Grande, recebia as águas oriundas da drenagem ácida. Outro capítulo do passivo ambiental.  

EUA - CANADÁ - CHINA   


Dos 19 mil tambores com Torta II, ele disse que faltam 482 para serem reembaladas, o que deverá ocorrer nos próximos cinco dias. “Americanos (norte-americanos) e canadenses querem comprar antes dos chineses”, comentou Viçozo. Ao mesmo tempo informou que uma empresa deverá ser contratada para construir outro galpão. 

Vale lembrar que toda a Torta II armazenada nos galpões de Caldas tem origem paulista: é fruto do desmonte da empresa Orquima, sucedida pela Usina de Santa Amaro (USAM), da Nuclemon, no bairro do Brooklim. Durante décadas, na calada da noite, operários da USAM eram usados para transportar o material radioativo pelas estradas até Caldas. 

APRIMORAMENTO DO MODELO - 

A elaboração do projeto conceitual para a construção da nova estação de tratamento, cuja previsão de término é outubro deste ano, e contratos realizados com o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) para “aprimoramento do modelo hidrogeológico, a melhoria das condições da instalação, com demolição de 12 edificações que estavam sem uso”, também foi apresentada. 


Mas nada se compara ao impacto produzido diante da visualização das imagens dos prédios sendo demolidos, dos tambores ao lado de sacos de areia abertos. Nesse caso, por exemplo, fizemos fotos sem sair do carro, com o alerta de que poderíamos receber doses de radiação. Seguimos por diversos pontos da Unidade, entre eles a Barragem de Rejeitos, Cava da Mina e a Barragem D4, instalações que o governo da ditadura deixou como legado.


 

AGRADECIMENTOS  APS - FOTOS: BLOG TANIA MALHEIROS – CRÉDITO AO BLOG, EM CASO DE REPRODUÇÃO DE IMAGENS E CONTEÚDO -. COLABORE COM O NOSSO TRABALHO - CINCO ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – FAÇA UM PIX 21 996015849 –Leia “COBAIAS DA RADIAÇÃO – a história não contada da marcha nuclear brasileira e de quem ela deixou para trás”. Contato: malheiros.tania@gmail.com    

sábado, 2 de setembro de 2023

Adauto Seixas é o novo presidente da INB

 


O novo presidente da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), do Ministério de Minas e Energia,  é o engenheiro Adauto Seixas, funcionário de carreira da empresa, diretor de Recursos Minerais de 2017 a 2019. O Conselho de Administração deu posse ontem (01/09) à nova diretoria executiva da empresa. Assumem a Diretoria de Produção de Combustível Nuclear, Reinaldo Gonzaga, que foi presidente da INB de 2017 a 2019, e a Diretoria de Recursos Minerais, Luiz Antônio da Silva. O novo diretor de Finanças e Administração é Maurício Pessoa Garcia Jr. Permanece no cargo o diretor Técnico de Enriquecimento Isotópico, o contra-almirante Marcos Fricks.

 Adauto Seixas é graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Veiga de Almeida e pós-graduado em Gestão de Negócios em Energia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - URFJ. Atuou como desenhista elétrico na Prefeitura Municipal de Duque de Caxias, como desenhista projetista elétrico na Companhia de Habitação do Rio de Janeiro (CEHAB-RJ) e engenheiro eletricista no Projeto de Assistência Técnica / Grupo Executivo de Eletrificação Rural - PAT/GEER-RJ. Funcionário da INB desde 1981, desenvolveu projeto das instalações elétricas necessárias para a realização da primeira etapa da extração de minério em Lagoa Real/Bahia.  Exerceu diversos cargos de chefia, incluindo a Coordenação de Descomissionamento da Usina Santo Amaro (USAM-SP), a Superintendência de Engenharia, Licenciamento e Qualidade e a Diretoria de Recursos Minerais (outubro/2017 a julho/2019). Adauto Seixas substitui o militar da reserva da Marinha, Carlos Freire. 

FONTE: ASCOM – INB – FOTO: SUDOESTE BAHIA – 

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