terça-feira, 29 de agosto de 2023

Ampolas sumidas com urânio enriquecido para Angra 2: há risco químico e podem provocar danos físicos

 


Há possibilidade de “risco químico associado à natureza tóxica dos compostos presentes, que podem provocar danos físicos localizados”. O alerta é da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN, sobre as duas ampolas com 8 gramas cada, contendo urânio enriquecido, que sumiram das instalações da Industria Nucleares do Brasil (INB), em Resende (RJ), em julho. O desaparecimento das ampolas foi noticiado com exclusividade pelo blog no dia 16 deste mês. 

A CNEN também confirma que a INB não informou o sumiço, descoberto apenas por um inspetor residente da Comissão, da área de salvaguardas nucleares.  A Policia Federal arrolou 20 funcionários da INB. A CNEN classifica o sumiço como "extravio" e  reitera que as ampolas pertencem ao lote testemunho da 15ª recarga da usina nuclear Angra 2, com 8 gramas de urânio enriquecido a 4,25% em cada unidade.  

Eis a nota da CNEN: 

“Durante o mês de julho, a Indústrias Nucleares do Brasil INB realizou a transferência interna de ampolas do tipo P10 entre áreas de armazenamento na Fábrica de Combustível Nuclear, em Resende (RJ). Estas ampolas são pequenos tubos contendo amostras dos cilindros com o material de hexafluoreto de urânio (UF6) utilizado na fabricação dos combustíveis das Usinas Nucleares de Angra 1 e Angra 2. São amostras testemunho para a comprovação do material contido nos respectivos cilindros.

 Após a atividade de transferência o inspetor residente da DRS\CNEN, da área de salvaguardas nucleares, foi realizada a verificação de contabilidade e controle das ampolas P10 transferidas e identificou a ausência de duas unidades, pertencentes ao lote testemunho da 15⁰ Recarga de Angra II, com 8 g de urânio enriquecido a 4,25% em cada ampola. Houve uma segunda contagem que confirmou a ocorrência observada anteriormente e somente após essa recontagem, a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) oficializou o extravio das ampolas junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear.

 A DRS\CNEN solicitou esclarecimentos e a apresentação de um plano de ação pela INB. 

As ações da INB foram e permanecem sendo acompanhadas pela CNEN. Inclusive foi realizada pela empresa uma terceira contagem, com a confirmação da ocorrência observada anteriormente. 

Ao esgotar as ações internas de buscas no interior das áreas supervisionadas e controladas, escritórios e, principalmente, no trajeto percorrido para transferência dos recipientes, além de outras áreas da Unidade, a INB comunicou o ocorrido ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI-PR) e à Polícia Federal. 

Conforme informado anteriormente, cabe ressaltar que cada ampola possui 8 g de hexafluoreto de urânio enriquecido a 4,25%. A natureza e quantidade de material presente nas ampolas permitem afirmar que a liberação do conteúdo não acarreta danos radiológicos à saúde de um indivíduo. No entanto, cabe informar a possibilidade de risco químico associado à natureza tóxica dos compostos presentes, que podem provocar danos físicos localizados”. 

FOTO: CNEN - 

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