segunda-feira, 10 de julho de 2023

IPEN quer saber se não foram violadas as fontes com césio -137 encontradas hoje em SP. Policia busca autores do crime. Fim do medo em Nazareno


Chegou ao fim o medo de contaminação radioativa por césio-137 que rondava o município mineiro de Nazareno. Nesta segunda-feira (10/07) foram encontradas em São Paulo as duas fontes de césio 137 furtadas no dia 29/6 da AMG Mineração, em Nazareno - conforme o BLOG divulgou com exclusividade – que teriam sido levadas inicialmente para uma empresa localizada em Itaúna (MG), antes de serem escondidas numa processadora de sucata da Vila Leopoldina, em SP, onde foram descobertas mais cedo.

Diante da repercussão nacional do caso, com medo de contaminação por radiação, funcionários da processadora denunciaram a existência das cápsulas à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). A CNEN resgatou as fontes que já estão sendo analisadas pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), a fim de que haja certeza de que não foram violadas. A Policia Civil tenta identificar os autores do crime. 

NÍVEIS DE RADIAÇÃO - 

Por conta do acidente com uma cápsula de césio – 137, em Goiânia em 1987, que provocou a morte quase imediata de quatro pessoas e outras, depois, além de gerar mais de seis toneladas de lixo radioativo, Nazareno viveu dias nada tranquilos. Na semana passada, a CNEN realizou levantamento radiométrico (avaliação dos níveis de radiação) em vários pontos da cidade. Prefeitura, secretarias de Meio Ambiente e Polícia Civil ampliaram os alertas sobre o perigo que rondava Nazareno, que agora volta à normalidade. 

Segundo as estimativas da Policia Civil e da CNEN, cada fonte pode valer de US$ 10 mil a US$ 15 mil no mercado paralelo.  A Polícia trabalha com a possibilidade de o furto ter sido encomendado a uma dupla ou quadrilha, que conhecia muito bem a AMG Mineração. 

IMAGENS ANALISADAS - 

No último dia 29/6, segundo informações de técnicos do setor, uma das fontes foi retirada de um cano de cinco metros de altura, e a outra de dentro de uma tubulação, para onde as câmeras não estariam apontadas. Imagens em toda a empresa ainda estão sendo analisadas. A mineradora operava com onze fontes e 16 armazenadas em contêineres. Interesses ainda não foram descartados A mineradora tem negócios com materiais especiais como óxidos de nióbio, ligas especiais de alumínio, zircônio, entre outros de grande valor no Brasil e exterior. Planejava investir cerca de R$ 1,2 bilhão em uma planta de lítio (elemento químico), utilizado na produção de remédios para combater doenças como a depressão. No ano passado, a empresa planejava expandir a produção da mina de Volta Grande para 130 mil toneladas por ano, escreveu Mara Bianchetti para o Diário do Comercio de 13/5. Foi a própria mineradora registrou o caso à polícia e à CNEN, na sexta-feira (30/6).

 Segundo técnicos da área nuclear, as fontes são de baixa atividade e em matriz de cerâmica. Conforme relato de especialistas ao BLOG, “não são esperados efeitos severos a possível exposições às pessoas e ao meio ambiente”. No entanto, alertaram que “caso alguém permaneça em contato com a fonte por longo período de tempo, pode ocorrer danos à saúde e até mesmo adquirir doenças como o câncer”. 

POR QUE O USO DE FONTES - 

Segundo especialistas do setor nuclear, a mineradora usa fontes de césio 137 em diversos pontos, como em tubulações dentro de onde havia passagem de minérios, para medir densidade. A CNEN informou que a instalação está enquadrada no grupo 3A da norma CNEN NN 6.02, sendo caracterizada como instalação de baixo risco. “A instalação em seu processo de licenciamento submeteu plano de proteção radiológica descrevendo, entre outras coisas, os controles de acesso e aspectos de segurança da instalação. Esses aspectos foram considerados satisfatórios e a instalação foi autorizada a operar”.

 Qual a possibilidade de correlação desse caso com o acidente em Goiânia, em 1987? “As fontes envolvidas neste evento são cerca de 300 mil vezes menos intensa do que a fonte do acidente de Goiânia. Como mencionado antes, por ser feita em matriz cerâmica, o material não se dispersará no meio ambiente. No entanto, ressalte-se que a CNEN continua acompanhando as investigações para a recuperação dos dispositivos”, garantiu a Comissão. 

FOTO: fonte com césio - 137 – 

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