segunda-feira, 4 de abril de 2022

Prefeito de Angra reitera que usinas nucleares devem ser desligadas; Eletronuclear garante o contrário

 


O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão, manteve firme a sua posição nesta segunda-feira (4/4) de que as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2 têm que ser desligadas, por conta do temporal  que atingiu a região na sexta-feira (1º/4), provocando quedas de barreiras  e a interrupção de vários pontos nas estradas de aceso à cidade. Já foram contabilizadas 10 mortes e pelo menos quatro pessoas estão desaparecidas. “Se ocorrer um acidente nuclear, precisamos das estradas para retirar a população”, comentou o prefeito hoje cedo. A situação das estradas é a seguinte: BR-101: fechada a partir da Monsuaba, com 4 pontos de obstrução; RJ-155: meia pista liberada; Estrada do Contorno: com retenções. Continua, portanto, o impasse entre a Prefeitura e a Eletronuclear, gestora das usinas atômicas. 

A Eletronuclear divulgou nota informando que o Plano de Emergência Externo (PEE) para a central nuclear de Angra dos Reis não está comprometido por conta das quedas de barreiras nas estradas da Costa Verde. Em nenhum momento, as usinas nucleares da companhia estiveram ilhadas, nem sua segurança foi colocada em xeque. “É preciso explicar primeiro que, se fosse necessária, a evacuação de trabalhadores da empresa e da população seria feita pela BR-101 RJ Sul, tanto no sentido de Angra dos Reis quanto no de Paraty. Acontece que os pontos de obstrução total verificados nessa estrada estão há mais de 60 km da central nuclear, fora das Zonas de Planejamento de Emergência (ZPE) previstas no PEE. Ademais, o caminho até Paraty localizado dentro das ZPE está desobstruído”, garante a empresa. 

Segundo os procedimentos estabelecidos no plano, em caso de emergência, a evacuação poderia abranger pessoas localizadas num raio de até 5 km da central, que seriam levadas para abrigos situados a até 15 km das usinas. Esses abrigos também não foram atingidos pelas chuvas ou por deslizamentos de terra. Dessa forma, no momento, a ação poderia ser realizada com total eficácia. Mas o prefeito Fernando Jordão não aceita a argumentação da Eletronuclear, por considerar que um acidente poderia obrigar a retirada da população muito além do raio de até 5Km, por exemplo. 

A Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) afirma que “se houver situação que inviabilize uma eventual execução do Plano de Emergência previsto para a Central Nuclear caberia considerar a parada das usinas. “Entretanto, apesar da situação decorrente das condições meteorológicas na região de Angra dos Reis, até o presente momento não há comprometimento das vias de acesso do entorno da Central, que pudessem impactar na execução do Plano de Emergência”, consta na nota divulgada pela Comissão.  

Segundo Eletronuclear, as usinas estão operando normalmente. “Desligá-las não teria nenhum efeito prático para a segurança dos municípios de Angra dos Reis e Paraty, mas privaria a matriz elétrica de 2 gigawatts de potência, que são extremamente necessários para o país. Vale ressaltar que a energia gerada por Angra 1 e 2 equivale a 40% do consumo do estado do Rio de Janeiro. Essa geração teria que ser substituída por fontes térmicas mais caras. No final, quem pagaria a diferença seriam os consumidores”, reitera a empresa. Governo Federal reconheceu a situação de emergência em Angra dos Reis. A medida, publicada no Diário Oficial da União, nesse domingo, 3 de abril, visa acelerar as ações de resposta da esfera federal, fornecendo apoio à população e à Prefeitura, que já vem trabalhando bem antes de o município entrar em estado de alerta máximo. 

CONTRAPARTIDAS PARA ANGRA 3

Segundo a Prefeitura de Angra dos Reis, em relação à construção da usina nuclear Angra 3, a Eletronuclear tem que cumprir uma série de condicionantes firmadas por meio de um Termo de Compromisso, na ordem de R$ 187 milhões. Deste valor, a estatal executou o seguinte: R$ 1.970.389,99 milhões em Reaparelhamento da Defesa Civil do Município; R$ 4.995.405,70 milhões para construção da Clínica da Família, que ainda está em execução; cerca de R$ 1 milhão para a reforma da Unidade Mista de Saúde do Frade, em execução; e R$ 4.965.103,08 milhões para ampliação do sistema de abastecimentos de água do Parque Mambucaba e Bracuí , que ainda está em processo de licitação. 

A Eletronuclear admite que há condicionantes a serem cumpridas, que foram interrompidas por conta da paralisação das obras da usina, em 2015. Agora, contudo, depois de editais e licitações, as obras foram retomadas. 

FOTO: Central Nuclear – ABDAN - 

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