terça-feira, 27 de julho de 2021

Angra 3: consórcio vencedor tem nomes mencionados em queda de viaduto. Recursos estão sendo analisados desde ontem (26/7)

 


Virou motivo de preocupação e piada entre alguns especialistas do setor nuclear a composição do consócio de empresas que venceu a sessão pública realizada nesta sexta-feira (23/7) para tocar as obras civis e a montagem eletromecânica da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis, paradas desde 2015. Foi um tremendo “mico”, disseram porque o consórcio composto por Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz vencedor, não tem experiência na área nuclear, além de outros problemas. Citação na Lava Jato (“operação abismo”), obras de um viaduto que desabou em Fortaleza em 2016, por exemplo. 

Com a sua imagem tão desgastada durante anos, com a prisão e depois liberação do então presidente da Eletronuclear, contra-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, por denúncias de corrupção na Lava Jato, o processo de licitação de Angra 3 poderia ter sido realizado com mais cautela, comentaram especialistas. 

O lance vencedor foi de R$ 292 milhões, o que representa um deságio de aproximadamente 16% em relação ao valor de referência estabelecido pela Eletronuclear. No total, duas companhias e cinco consórcios participaram da sessão de abertura das propostas, realizada em 29 de junho. 

A Eletronuclear não se manifestou sobre as questões delicadas envolvendo o consórcio vencedor. Mas informou que desde segunda-feira (26/7), o licitante que manifestou a intenção de recorrer tem cinco dias úteis para apresentar as razões do recurso, ficando os demais intimados para, caso queiram, apresentar contrarrazões em igual número de dias. A Eletronuclear terá cinco dias úteis, prorrogáveis pelo mesmo período, para fazer a análise dos recursos e contrarrazões apresentados. 

Após o fim da fase recursal da licitação, as empresas integrantes do consórcio vencedor serão submetidas a uma avaliação de compliance, antes de o processo ser encaminhado à autoridade competente para homologação. Em seguida, as companhias devem ser convocadas para assinar o contrato num prazo de 10 dias úteis, prorrogável por igual período. Depois da assinatura, iniciarão a mobilização do canteiro de obras de Angra 3, para que a construção da central nuclear possa ser reiniciada ainda em 2021. 

Entre as principais medidas que constam no Plano de Aceleração do Caminho Crítico está a conclusão da superestrutura de concreto do edifício do reator de Angra 3. Além disso, será feita uma parte importante da montagem eletromecânica, que inclui o fechamento da esfera de aço da contenção e a instalação da piscina de combustíveis usados, da ponte polar e do guindaste do semipórtico. O índice atual de conclusão da construção de Angra 3 é de 65%. A Eletronuclear prevê que a usina entre em operação em novembro de 2026.

FOTO: Angra 3 - Acervo Eletronuclear. 

sexta-feira, 23 de julho de 2021

Eletronuclear divulga vencedor de licitação para obras de Angra 3, mas ainda cabe recurso.

 


A Eletronuclear declarou vencedor o consórcio composto por Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz na licitação para contratar a empresa que retomará as obras de Angra 3 no âmbito do Plano de Aceleração do Caminho Crítico da usina. Conforme o blog noticiou ontem, a sessão pública ocorreu há pouco. O resultado foi divulgado após a documentação do licitante ter sido avaliada e aprovada. O lance vencedor foi de R$ 292 milhões, o que representa um deságio de aproximadamente 16% em relação ao valor de referência estabelecido pela Eletronuclear. 

No total, duas companhias e cinco consórcios participaram da sessão de abertura das propostas, realizada em 29 de junho. A partir de segunda-feira (26), os licitantes que manifestaram a intenção de recorrer têm cinco dias úteis para apresentar as razões dos recursos, ficando os demais intimados para, caso queiram, apresentar contrarrazões em igual número de dias. Então, a Eletronuclear terá cinco dias úteis, prorrogáveis pelo mesmo período, para fazer a análise dos recursos e contrarrazões apresentados. Após o fim da fase recursal da licitação, as empresas integrantes do consórcio vencedor serão submetidas a uma avaliação de compliance, antes de o processo ser encaminhado à autoridade competente para homologação. 

Em seguida, as companhias devem ser convocadas para assinar o contrato num prazo de 10 dias úteis, prorrogável por igual período. Depois da assinatura, iniciarão a mobilização do canteiro de obras de Angra 3, de forma que a construção da usina possa ser reiniciada ainda em 2021. Entre as principais medidas que constam no Plano de Aceleração do Caminho Crítico está a conclusão da superestrutura de concreto do edifício do reator de Angra 3. Além disso, será feita uma parte importante da montagem eletromecânica, que inclui o fechamento da esfera de aço da contenção e a instalação da piscina de combustíveis usados, da ponte polar e do guindaste do semipórtico. O índice atual de conclusão da construção de Angra 3 é de 65%. A Eletronuclear prevê que a usina entre em operação em novembro de 2026. 

Divulgação Abdan – Foto – Abdan -

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Angra 2 volta a operar, depois de parada para a troca de combustível (urânio enriquecido): 58 empregados apresentaram contaminação por coronavirus

 


Desligada para a troca de combustível (urânio enriquecido) no dia 6 de junho, a usina nuclear Angra 2 voltou a operar nesta quinta-feira (22/7). Segundo a Eletronuclear, a unidade foi sincronizada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) às 5h46. Quatorze empregados que trabalharam na parada apresentaram covid-19, o que representa em torno de 3% do total. Entre os terceirizados, foram registrados 44 casos no período, o que equivale a cerca de 4% do número de contratados. 

Assim como em 2020, o escopo da parada foi reduzido ao mínimo necessário para evitar a disseminação do coronavírus, informou a empresa. Por isso, foram contratados apenas 770 profissionais brasileiros e 70 estrangeiros, volume que está cerca de 30% abaixo do que é tipicamente praticado. No total, foram realizadas 4.193 atividades. Juntando todos os trabalhadores da parada, essa porcentagem ficou em 3,8%, o que representa uma melhoria em relação à última, de Angra 1, realizada no início desse ano, e à de Angra 2, em 2020. 

CRISE HÍDRICA - 

O presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, disse que a empresa superou complexos desafios: “Conseguimos sincronizar Angra 2 ao sistema interligado dois dias antes do prazo acordado com o Operador Nacional do Sistema Elétrico. A operação da usina vai ser essencial para ajudar o país a mitigar os efeitos da crise hídrica atual”, comentou. 

Segundo ele, para diminuir ao máximo o risco de contaminação pelo coronavírus dos profissionais envolvidos, a Eletronuclear adotou uma série de medidas de segurança sanitária. Além disso, todos os contratados passaram por um treinamento especial sobre os protocolos implementados pela companhia, além de receber uma cartilha com procedimentos a serem cumpridos.

Leia mais sobre Angra 2 e usinas nucleares no BLOG. 

FOTO: Trabalhadores em Angra 2 - Eletronuclear. 


Angra 3: consórcio que vai tocar as obras civis e montagem eletromecânica será conhecido amanhã

 


Será divulgado nesta sexta-feira (23/7) o nome da empresa ou do consórcio que irá levantar  Angra 3 e realizar a parte da montagem eletromecânica da usina nuclear, projeto que envolve um total de investimentos de cerca de R$ 27,11 bilhões, dos quais R$ 17 bilhões serão ainda aplicados, até 2026, data prevista para a inauguração da unidade atômica.

A Eletronuclear fará a análise dos documentos apresentados pelo primeiro colocado na licitação. Caso não haja problema com a documentação, o nome da empresa será divulgado. Mas se alguma irregularidade for encontrada na documentação, a companhia que estiver na segunda colocação será, igualmente, chamada. 

O edital para a retomada das obras foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) no dia 25 de fevereiro (25/2/2021). 

CONSÓRCIO BELGA E ESPANHOL - 

No mês passado (29/6), o consórcio belga Angra Eurobras NES, formado pelas empresas Tractebel Engineering Ltda (líder), Tractebel Engineering S.A, e Empresários Agrupados Internacional S.A, - (empresa espanhola de engenharia), venceu a concorrência para a estruturação do projeto de retomada e conclusão das obras. O contrato foi assinado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

De acordo com modelo proposto pelo BNDES, as obras serão retomadas por meio de EPC (Engineering, Procurement and Construction), modalidade de contratação de serviços de engenharia na qual a construtora contratada ficará responsável ”não só pela execução da obra em si, mas também por eventuais complementos ao projeto de engenharia e pela compra dos materiais e equipamentos necessários à finalização da obra”. 

Angra 3 poderá ter um ou mais contratos de EPC, dependendo das recomendações técnicas a serem feitas pelo consórcio. Na época, a superintendente da Área de Estruturação de Empresas e Desinvestimento do BNDES, Lidiane Delesderrier, informou que o Angra Eurobras NES será responsável também por assessorar a contratação das construtoras. 

“Esse cenário vem mudando desde julho de 2019, com o Decreto Presidencial 9.915/2019, que qualificou Angra 3 no Programa de Parceria de Investimentos (PPI) e criou um Comitê Interministerial (CPPI) para acompanhar a elaboração do modelo de negócio da usina. Depois de o CPPI aprovar esse modelo para a nova usina, a Eletrobras aprovou o Adiantamento para Futuro Aumento de Capital (Afac), no valor de R$ 1,252 bilhão.”, informa a Eletronuclear. 

USINA 100% DIGITAL - 

Angra 3 vai gerar mais de 10 milhões de MWh por ano, energia suficiente para atender aproximadamente 6 milhões de residências. Será a primeira usina nuclear 100% digital no Brasil. 

Angra 3 foi comprada no pacote do acordo nuclear Brasil-Alemanha, assinado pelo general Ernesto Geisel, em 1975. As obras da usina começaram em 1984, sempre em ritmo lento. 

A última paralisação das obras ocorreu em 2015, após denúncia de corrupção feita pela operação Lava-Jato, que culminou com a prisão do então presidente da Eletronuclear, contra-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, preso na ocasião. 

A própria Eletrobras divulgou o caso e informou, na época, estar realizando investigação independente para apurar a denúncia. Informou também estar comunicando todas as apurações à Justiça. Nada mais foi informado sobre o caso. 

OUTRAS USINAS - 

Em paralelo à retomada da construção de Angra 3, a Eletronuclear vem desenvolvendo uma série de ações para viabilizar a construção de futuras usinas nucleares no país, de acordo com o Plano Nacional de Expansão de Energia do governo federal. 

O estudo considera um mínimo de quatro e um máximo de oito novas usinas de geração nuclear em operação até o ano de 2050, com uma capacidade instalada entre 8 GW e 10 GW. A empresa conduz estudos de localização, conforme determinação do Ministério de Minas e Energia, e em 2021 pretende aprofundá-los.

FOTO: Angra 3 - Acervo Eletronuclear


terça-feira, 20 de julho de 2021

Diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Rafael Mariano Grossi, percorre instalações nucleares brasileiras

 


A quantas anda o programa de enriquecimento de urânio realizado pela Marinha, em São Paulo? E as instalações nucleares de enriquecimento, da estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil), em Resende (RJ)? O que o país está fazendo para evitar acidentes como o ocorrido em Fukushima, no Japão, em 2011? De que forma estão sendo armazenados os combustíveis usados (urânio enriquecido) de Angra 1 e Angra 2? Estão guardados com segurança os equipamentos comprados há anos para a usina nuclear Angra 3? Foram algumas das questões que justificaram a estada do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o diplomata argentino Rafael Grossi, no Brasil, nos últimos dias. 

O diretor-geral da AIEA visitou o canteiro de obras de Angra 3 e a Unidade de Armazenamento a Seco (UAS), que já está abrigando parte do combustível usado das usinas. Grossi quis conhecer o galpão onde estão guardados os equipamentos portáteis (bombas, compressores e geradores a diesel móveis) adquiridos pela Eletronuclear para garantir o resfriamento dos reatores da empresa “no caso de a central nuclear sofrer as consequências de um desastre natural”, uma das medidas tomadas pela estatal após o acidente nuclear no Japão. 

Em Angra, a visita começou com breve apresentação do presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, no Observatório Nuclear, centro de visitação da empresa. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque participou do evento na central nuclear. 

Segundo a Eletronuclear, motivo da vinda de Grossi ao Brasil é participar das comemorações do aniversário de 30 anos da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (Abacc). “O papel da entidade é oferecer garantias de que todos os materiais e instalações nucleares nos territórios brasileiro e argentino sejam usados apenas para fins pacíficos”, informou a estatal. 

FISCALIZAÇÃO DA EXPANSÃO NUCLEAR- 

A secretária-geral da Abacc, Elena Maceiras, considera que, além de ter um trabalho técnico de fiscalização da expansão nuclear dos dois países, a agência tem um papel simbólico, que representa a cooperação entre ambas as nações. “A Abacc é uma instituição única, que representa o compromisso com a utilização pacífica da energia nuclear”, acrescentou. 

Após a visita à central nuclear, a comitiva de brasileiros e argentinos embarcou para a base de submarinos da Ilha da Madeira, onde visitou o estaleiro de construção do submarino de propulsão nuclear e o submarino Riachuelo S-40, além de conhecer os simuladores para treinamento tático e de sistemas desse tipo de embarcação. No domingo, eles visitaram o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) da Comissão Nacional de Energia Nuclear. 

Na Fábrica de Combustível Nuclear, da INB, em Resende (RJ), na sexta (16/7), Grossi conheceu a Usina de Enriquecimento de Urânio. Lá, recebeu informações sobre de que forma a empresa atua em todo o ciclo de combustível nuclear e as etapas de implantação das cascatas de enriquecimento de urânio. Foi a sua primeira visita à América Latina, desde que assumiu o cargo no dia 3 de dezembro de 2019. Grossi foi também diretor-geral adjunto de politicas e chefe de gabinete da AIEA.    

Além das visitas, fato inédito ocorreu segunda-feira (19/7), quando o diretor da AIEA assinou um acordo com a Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), parceria que prevê diversas cooperações na área de tecnologia e aplicações da fonte nuclear, como a  troca de informações, experiências e melhores práticas em diversos segmentos, entre eles, a área de operação de longo prazo de usinas nucleares. O acordo também envolverá a cooperação para a gestão de construção de usinas nucleares e a expansão de programas de energia nuclear.  

Com sede em Viena (Áustria), a AIEA foi fundada sob forte influência dos Estados Unidos, para salvaguardar (controlar), as atividades nucleares mundiais. A AIEA tenta controlar as atividades atômicas no mundo por meio de contabilidade e controle de materiais nucleares, com urânio e plutônio. A AIEA estaria salvaguardando o uso pacífico da energia nuclear, evitando assim a fabricação de artefatos nucleares, como a bomba atômica, de domínio das grandes potências. A fiscalização de países  que chamam a atenção do primeiro mundo, como o Iraque, fica por conta da vice-diretoria de Salvaguardas da AIEA.      

O Estatuo da AIEA foi assinado em Nova Iorque, em 26 de outubro de 1956. O Brasil é signatário da AIEA desde a sua criação. 

FOTO: Eletronuclear. Visita à UAS. 

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Eletronuclear, gestora das usinas nucleares, tem Canal de Denúncias sobre "qualquer ação de colaboradores", administrado pela Eletrobrás

A Eletronuclear acaba de divulgar que o Canal de Denúncias das empresas Eletrobrás está em processo de migração. Segundo a empresa, uma nova plataforma foi contratada para prover toda a “segurança de dados e integridade necessárias ao processo de recebimento e apuração deste tipo de manifestação”. As informações foram divulgadas há pouco no site da Eletronuclear.

Segundo fontes, a mudança foi decidida pela Eletrobras, que administra o canal para todas as empresas do grupo. O Blog perguntou por que a Eletrobras mudou o canal? Há quanto tempo o canal existia, como funcionava e quais as principais mudanças? Assim que receber as informações, o blog fará a divulgação.  

De acordo com o site da Eletronuclear, “durante a migração, as denúncias cadastradas até o dia 14 de julho de 2021 ficarão com o acompanhamento indisponível por um período estimado de 15 dias, até a implantação total do novo sistema”.  

O Canal de Denúncias é uma ferramenta de comunicação criada para receber de forma segura e, caso se deseje, anônima, “denúncias sobre qualquer ação de colaboradores, fornecedores e prestadores de serviços que viole o Código de Ética e de Conduta das Empresas Eletrobras, o Programa Anticorrupção das Empresas Eletrobras ou a legislação vigente no Brasil”.

E mais: “O serviço está disponível durante 24h para empregados, estagiários, jovens aprendizes, prestadores de serviços, contratados, fornecedores e qualquer outra pessoa que queira relatar uma denúncia ou conduta indevida identificada na Eletrobras e em suas subsidiárias”. O Canal de Denúncias pode ser acessado por meio de um banner localizado no rodapé da home-page do site da Eletronuclear. 

segunda-feira, 12 de julho de 2021

INB "supera restrições orçamentárias" para entregar recarga de combustível (urânio enriquecido) para usina nuclear Angra 2

 


Após superar as “restrições orçamentárias” com o apoio do Ministério de Minas e Energia (MME), a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) finalizou nesta sexta-feira (09/07) a entrega da 17ª Recarga de combustível (urânio enriquecido) da usina nuclear Angra 2, da Eletronuclear.  A INB não informou a quais restrições se refere e o valor envolvido. Angra 2 foi desligada no dia 6 de junho para o reabastecimento de combustível, entre outas atividades, devendo permanecer fora do sistema elétrico durante 48 dias (até 24/7). 

Segundo a INB, foram realizados onze transportes e entregues 44 elementos combustíveis referentes a 17ª recarga. Na sexta-feira, os comboios partiram da Fábrica de Combustível Nuclear, em Resende/RJ, com destino à Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis/RJ, sendo acompanhados por diversas instituições nos níveis federal, estadual e municipal. 

Cabe à INB a embalagem do material e à Eletronuclear o planejamento e a coordenação do transporte.  A recarga é o processo de reabastecimento de uma usina nuclear por meio da substituição de elementos combustíveis descarregados por novos. Estes elementos são estruturas metálicas, com até cinco metros de altura, formadas por um conjunto de tubos, chamados de varetas, que recebem as pastilhas de urânio enriquecido. A etapa após a produção é o transporte até as usinas. 

FERRUGEM

No ano passado, tubos com oxidação (ferrugem) foram detectados por técnicos no momento da troca do combustível de Angra 2. A usina precisou ficar quase dois meses desligada, até a solução do problema: a utilização de elementos combustíveis que estavam prontos desde 2015 para Angra 3, em obras. Até hoje não foi divulgado o que teria provocado a ferrugem nos tubos. 

FOTO: INB -  


quinta-feira, 8 de julho de 2021

Novas usinas nucleares: definição de locais deve ocorrer em 24 meses

 


O Ministério de Minas e Energia (MME) retoma a pesquisa para definir os possíveis locais onde serão instaladas as plantas nucleares previstas no Plano Nacional de Energia (PNE-2050). O Ministério espera concluir os estudos nos próximos 24 meses, quando então o governo definirá os possíveis locais. As informações estão sendo divulgadas pela coordenação do XII Seminário Internacional de Energia Nuclear (XII SIEN), que será realizado em agosto, no formato online. 

Alguns especialistas e pesquisadores têm manifestado opiniões sobre os locais mais adequados e vão debater o assunto durante o XII SIEN. Já confirmaram presença o Chefe do Departamento de Desenvolvimento de Novos Empreendimentos da Eletronuclear, Marcelo Gomes; o Presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), Carlos Mariz; o Diretor da Atomo Radioproteção e Segurança, Gian Maria Sordi; e como moderadora a 2ª Diretora-Tesoureira da Sociedade Brasileira de Biociências Nucleares (SBBN), Adélia Sahyun. 

No início do ano foi divulgo que o MME estava prestes a destinar recursos de pesquisa e desenvolvimento para a conclusão dos estudos visando o mapeamento de novos sítios para a implantação de futuras usinas nucleares no Brasil. O prazo para a liberação dos recursos era de 60 dias, mas nada foi informado depois. 

A Articulação Antinuclear, que reúne dezenas de entidades civis no país, continua promovendo diversas manifestações contra a intenção do governo de construir novas usinas, como as já anunciadas para o Nordeste. 

Especialistas projetam investimentos de cerca de US$ 50 bilhões em um período de 30 anos, o que representa cerca de R$ 300 bilhões em três décadas, o equivalente a R$ 10 bilhões por ano, apenas para as novas plantas nucleares. A possibilidade de construção de oito usinas nucleares até 2050 no Nordeste, assumirá “papel estratégico na retomada econômica pós-pandemia do coronavirus (Covid-19)”, asseguram. 

As metas fazem parte do PNE 2050, que poderá gerar forte movimentação de recursos no setor nuclear, segundo eles. Isso, além da expectativa de investimentos de R$ 15,5 bilhões na retomada das obras da usina nuclear Angra 3. O edital foi divulgado no Diário Oficial da União (DOU), em 25 de fevereiro. 

Na semana passada, o BNDES realizou a licitação vencida por consórcio belga e espanhol. Já Eletronuclear promoveu sessão pública para a escolha de empresas que vão atuar no empreendimento. Angra 3 começou a ser construída em 1984, pelo acordo nuclear Brasil-Alemanha, assinado em 1975. 

A retomada das obras tem sido criticada por ambientalistas da Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (SAPE), entre outras entidades antinucleares, que consideram a energia nuclear perigosa para a população e o meio ambiente. 

FOTO: Angra 3 - acervo Eletronuclear 


terça-feira, 6 de julho de 2021

Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (SAPE) contesta retomada de Angra 3 e denuncia à ABI boicote à informação

 


Com a avanço das ações visando à retomada das obras da usina nuclear Angra 3, a Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (SAPE) discute a questão com entidades locais, nacionais e internacionais, enquanto ações judiciais tentando barrar os empreendimentos nucleares na região caminham lentamente. Além do imbróglio judicial, com alertas sobre os graves impactos ambientais e nas aldeias indígenas, a entidade fará denúncia à Associação Brasileira de Imprensa (ABI) sobre boicote sofrido junto à mídia local. “As entrevistas são concedidas e nada é publicado. Fomos avisados.”, afirma Maria Clara Sevalho, da coordenação da SAPE e da Articulação Antinuclear Brasileira. Eis a entrevista: 

 BLOG: O governo decidiu retomar as obras da usina nuclear Angra 3. O consórcio belga-espanhol foi vencedor e há sessão pública em andamento. O processo caminha para que a usina seja inaugurada em 2026. Qual a opinião da SAPE? 

SAPE: A entidade foi fundada no movimento antinuclear, na época de ditadura. A nossa luta contra Angra 3 já tem mais de uma década. Insistimos que o Brasil é solar e não nuclear. Devemos investir na energia do futuro. Reforçamos que a energia nuclear é suja, cara e perigosa. Seguimos com processo judicial sobre o plano de emergência, denunciando a precariedade das simulações e do município de Angra dos Reis para situações de emergência nuclear. Esse investimento bilionário que Angra 3 representa atende aos interessas das empreiteiras e não aos interesses da população. 

BLOG: Quais as ações da entidade? 

SAPE: Para além das ações judiciais – que são lentas, incertas, e refletem a desigualdade de poder presente na região – a SAPÊ procura agir no sentido de trazer essas discussões para a sociedade local, nacional e internacional, nas várias redes de resistência ao nuclear e na interação com as outras lutas de resistência. Assim, atuamos com as comunidades de Itacuruba que resistem ao projeto de expansão do nuclear para a beira do São Francisco, as comunidades do Ceará que lutam contra a mineração de Urânio, por exemplo. E gerar mobilização. 

BLOG: Como está a ação na Justiça para barrar a construção da UAS? 

SAPE: Está em andamento. Conseguimos importantes vitórias com pareceres favoráveis aos nossos claros argumentos de que as comunidades tradicionais e a população de um modo geral não possuem voz ativa nessa construção antidemocrática. 

BLOG:  Com Angra 3, haverá a construção de mais UAS. Como a SAPE reagirá? 

SAPE: Nossa luta em todas as instâncias continuará firme. Projetamos com força e assim seguiremos. A SAPE tem um importante papel de fazer o contraponto à narrativa da Eletronuclear (estatal gestora das usinas) na região, trazendo informação para a população sobre os riscos e problemas da energia nuclear. Sabendo, entretanto, da enorme disparidade de poder entre a empresa e a sociedade civil. 

BLOG:  Como está o plano de emergência para as usinas? Há informações? 

SAPE: O acesso que temos é a base de pesquisas como minha própria dissertação de mestrado onde avaliamos o plano de uma forma social, tendo em vista o turismo desestruturado nas zonas de planejamento de emergência. 

BLOG:  Como está o diálogo com as populações indígenas locais? 

SAPE: Nosso diálogo sempre foi estruturado no coletivo, na escuta solidária. Temos parceria com os povos tradicionais há muitas décadas, e isso nunca mudou. Estamos lutando lado a lado por mais justiça socioambiental desde sempre. B

BLOG: A SAPE tem algum encontro com representantes viando dialogar sobre as usinas? 

SAPE: No momento estamos nos fortalecendo enquanto movimento nacional, juntando lideranças de diversas regiões do país que também lutam contra projetos nucleares em territórios tradicionais. 

BLOG: Até que ponto a pandemia do coronavirus está dificultando as ações da SAPE? 

SAPE: A pandemia fortaleceu os encontros virtuais, expandiu nossa voz nas “lives” e conseguimos criar uma cartilha sobre nossa luta com apoio de diversos movimentos. Agora estamos realizando um ciclo de diálogos sobre o momento atual da cidade com a participação de muitos estudiosos sobre as lutas que estamos enfrentando na cidade como a censura dos nossos movimentos nos diversos conselhos municipais e imprensa local. 

BLOG: Como a entidade analisa hoje os impactos ambientais nas comunidades indígenas da central nuclear? 

SAPE: A SAPE denuncia sempre os impactos ambientais que as usinas nucleares causam nas aldeias indígenas, que existem desde o início da construção da rodovia Rio-Santos de Mangaratiba (RJ) até Ubatuba (SP), primeiro investimento necessário para a vinda dos equipamentos e mão de obra. Estes impactos se concentram principalmente na extinção de áreas de manguezais, mudança de fauna e flora marítima na área onde os reatores despejam a água do sistema de resfriamento, alterando o equilíbrio da cadeia alimentar nos arredores,  especulação imobiliária, turismo predatório, crescimento populacional desordenado em áreas de preservação ambiental próximas as comunidades tradicionais. Tudo isso acarretou em poluição extrema dos rios e praias de diversos bairros como o Frade, Bracuí e Perequê que se encontram a poucos quilômetros da usina. Nossas denúncias são constantes. 

BLOG:  Há informações de que a SAPE está com dificuldades para prestar informações sobre a sua atuação em Angra. É verdade? 

SAPE: Sim, muita dificuldade junto à imprensa local. Estamos redigindo uma nota de repúdio para enviar à Associação Brasileira de imprensa (ABI) entre hoje e amanhã. O conselheiro da SAPE, Rafael Ribeiro, está finalizando o texto. Nas redes sociais, estamos fazendo de forma articulada, organizada. 

FOTO: Central Nuclear de Angra dos Reis: Acervo Eletronuclear