segunda-feira, 17 de maio de 2021

Angra 3: adiada a data de abertura das propostas para a retomada das obras

 


Foi adiada para o dia 29 de junho a abertura das propostas para a retomada das obras civis e montagem eletromecânica da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis, em sessão pública prevista inicialmente para ocorrer nesta quinta-feira (20/5). A informação sobre o adiamento é da Eletronuclear. Segundo a empresa, subsidiária da Eletrobras, a postergação atende à solicitação de diversas empresas interessadas em participar, que alegam necessitar de mais tempo para a elaboração de suas propostas. 

O prazo também permitirá que a Eletronuclear “incorpore ao edital melhorias identificadas durante o processo e faça uma reavaliação do orçamento, tendo em vista o aumento real dos preços dos insumos para a construção civil ocasionado, em parte, pela pandemia da covid-19”. A Eletrobras prevê investir R$ 2,5 bilhões no projeto este ano, dos quais R$ 850 milhões já foram aportados durante o primeiro trimestre. Angra 3 já consumiu R$ 7 bilhões e precisa de outros R$ 15 bilhões para ser concluída e inaugurada em 2026. 

O principal caminho aberto para a retomada das obras de Angra 3 começou no dia 25 de fevereiro, quando a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, publicou o edital no Diário Oficial da União, para a contratação da empresa, cujo nome deverá ser divulgado na próxima semana. O objetivo é adiantar algumas atividades de construção antes mesmo de se contratar a empreiteira que irá empreender a obra global e concluirá a construção da usina. 

A história da usina começou nas décadas de 70 e 80, época do apogeu da energia nuclear no Brasil, por conta das pressões e dos boicotes norte-americanas contra o país. Angra 3 é fruto do acordo nuclear Brasil-Alemanha, assinado pelo presidente Ernesto Geisel, em Bom, no dia 27 de junho de 1975. O mundo nuclear não era para principiantes e envolvia grandes jogadas: depois de vender Angra 1 para o Brasil, os EUA se negaram a fornecer o combustível (urânio enriquecido) para alimentar o reator fabricado pela norte-americana Westinghouse. 

Diante da crise, o Brasil fez a compra da África do Sul, enquanto o nacionalismo fervilhava. Cientistas defendiam que o Brasil deveria projetar o seu próprio reator comercial, mas foram vencidos.  O acordo estava assinado pelo general Geisel. Dados oficiais informam que as obras civis de Angra 3 tiveram início em 1984; sendo interrompidas em 1986. Nesse período, foram realizados cortes na rocha, abertura de cavas para a colocação de blocos de fundação e a preparação parcial do sítio. O governo também executou instalações parciais de infraestrutura do canteiro de obras. O material procedente da escavação foi utilizado para a construção do molhe de proteção da Baia de Itaorna, em frente à central nuclear de Angra. 

A Eletronuclear reconhece que a paralisação das obras de Angra 3 ocorreu por fatores políticos e econômicos, principalmente nas décadas de 1980 e 1990. Só depois da entrada em operação de Angra 2 – a primeira usina o acordo com a Alemanha – a construção de Angra 3 voltou à pauta. Problemas diversos foram entravando a continuidade das obras, que se arrastaram até 2015. O ano de 2015 marcou a mais recente parada das obras da usina, após denúncias de corrupção do então presidente da Eletronuclear, contra-almirante Othon Luiz Pinheiro, que acabou sendo preso. Até o ex-presidente da República, Michel Temer, e executivos da estatal, acusados de corrupção, também foram presos. Todos soltos, depois. 

PRIMEIRO CONCRETO - 

Em outubro será colocado o primeiro concreto – marco da retomada das obras de Angra 3. A contratação da empreiteira está prevista para o segundo semestre de 2022. Por fim, a entrada em operação programada para 2026. A Sociedade Angrense de Proteção Ambiental (SAPÊ) lamenta a falta de diálogo com   moradores e comunidades indígenas, originais daquelas terras. 

Angra 3 terá capacidade para gerar 1.350 Megawatts (MW), quando funcionar 100% sincronizada ao Sistema Integrado Nacional SIN), e que poderá atender ao consumo de uma cidade de 2 milhões de habitantes, como Belo Horizonte. Ambientalistas alertam sobre os perigos de acidentes radiativos, que provocaram milhares de mortes em todo o mundo. A Eletronuclear anuncia a contratação de sete mil empregos e garante a segurança da usina. 

Leia no Blog diversas matérias sobre Angra 3 e as usinas nucleares – 

Foto: Angra 3 – Acervo Eletronuclear.

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