quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Angra 3: edital para retomada das obras sai nesta quinta-feira (25/2). Dívidas com BNDES e CEF chegam a R$ 6,6 bi

 


A Eletrobras acaba de informar aos acionistas e ao mercado que a subsidiária Eletronuclear publicará nesta quinta-feira (25/2) o edital para a contratação de empresa que retomará a obra civil de Angra 3 e realizará parte da montagem eletromecânica da usina nuclear, em Angra dos Reis. “O objetivo é adiantar algumas atividades de construção entes mesmo de se contratar a empreiteira que irá empreender a obra global e concluirá a construção da planta”, informou a holding. 

(Na terça-feira o presidente Jair Bolsonaro entregou ao Congresso a Medida Provisória (MP) nº 1031, visando a privatização da Eletrobras. Segundo especialistas, a MP é “simbólica:  autoriza o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES a iniciar estudos nesse sentido; mantém a Eletronuclear e a Itaipu sob controle do governo, por exemplo, parecida com a anterior, que não saiu do papel). 

Em nota divulgada há pouco (24/2), a Eletrobras informou que a iniciativa da publicação do edital integra o plano de aceleração do caminho crítico da usina.  A expectativa é que a contratação ocorra até maio. Assim, o primeiro concreto – marco da retomada das obras de Angra 3 – deve ser lançado em outubro. Informa também que a contratação da empreiteira que dará sequência à obra está prevista para o segundo semestre de 2022. Angra 3 tem 65% de suas obras civis concluídas e a previsão da Eletrobras é de entre em operação em novembro de 2026. 

Esta semana, a Eletronuclear divulgou a sua dívida, fruto de financiamentos de Angra 3, com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal (CEF):   R$ 6,6 bilhões.  A empresa vem pagando, mensalmente, R$ 30,1 milhões ao BNDES. Já a CEF, paga R$ 24,7 milhões mensais. Angra 3 terá autorização para operar por 50 anos, prorrogável por mais 20 anos. A usina já consumiu R$ 7 bilhões e precisa de outros R$ 15 bilhões para ser concluída. 

As principais empresas internacionais da área nuclear já demonstraram interesse na conclusão de Angra 3. Conforme o blog vem divulgando, quase todas já visitaram o sítio da usina e assinaram Memorandos de Entendimento (MOU, em inglês) com a Eletronuclear para troca de informações sobre o empreendimento. O grupo é composto por Westinghouse (EUA), EDF (França), Rosatom (Rússia), CNNC e SNPTC (China). Essas companhias também participaram de uma consulta ao mercado, conhecida como market sounding, sobre a construção da unidade, realizada pela Eletronuclear em 2019. 

 SANAR DÍVIDAS -

Em janeiro, a Eletrobras aprovou o descontingenciamento dos recursos para a Eletronuclear publicar esse edital. Esses recursos são provenientes do Adiamento para Futuro Aumento de Capital (Afac) aprovado pela Eletrobras em julho do ano passado. Em 2020, a empresa liberou R$ 1,052 bilhão para a Eletronuclear. Para este ano, estão previstos R$ 2,447 bilhões adicionais. 

“Vale ressaltar ainda que, no final de junho de 2020, a Eletrobras aprovou a conversão de contratos de Afac em novas ações da Eletronuclear, no valor total de R$ 850 milhões. Além disso, autorizou a capitalização de contratos de financiamento nos quais a holding é credora de sua subsidiária, no montante de quase R$ 1,036 bilhão. Esses foram passos importantes para sanar as dívidas da Eletronuclear com a Eletrobras”. 

A decisão da Eletrobras de conceder a Afac à Eletronuclear  ”vem na esteira da aprovação” pelo Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI) em junho último, do relatório de um comitê interministerial sobre o modelo de negócio para concluir Angra 3. O documento recomenda a contratação de uma empresa especializada por contrato EPC (engenharia, gestão de compras e construção) para terminar a obra, com base em avaliação independente feita pelo BNDES. “Apesar de ter decidido pela contratação de uma empresa epecista para concluir a usina, o CPPI abriu espaço para a entrada de um sócio no empreendimento. Caso a Eletronuclear resolva selecionar um parceiro para terminar a unidade, a participação será minoritária. A exploração da energia nuclear no Brasil é monopólio da União, segundo a Constituição.  

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(FOTO: Angra 3 - acervo Eletronuclear  - 

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