segunda-feira, 26 de outubro de 2020

País abriga três mil instalações radioativas e trinta unidades nucleares operando com fontes de radiação


O Brasil abriga três mil instalações radioativas e trinta unidades nucleares, que operam com fontes de radiação de baixa e média atividade. Esses números, raramente informados, foram divulgados pelo titular de radioproteção e segurança nuclear (DRS), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Ricardo Fraga Gutterres, durante as comemorações dos 64 anos da entidade, no início do mês.

 A DRS realiza 500 inspeções por ano, na área da fiscalização regulatória. “São números que impressionam”, comentou Gutterres. O material descartado é uma parte que deverá ser armazenada no depósito nacional definitivo, quando for construído. A quantidade desse material radioativo fiscalizado pela CNEN não foi divulgada. 

O titular da Diretoria de Pesquisas e Desenvolvimento (DPD) da CNEN, Madison Coelho de Almeida, falou sobre a variedade das aplicações da tecnologia nuclear e citou alguns exemplos envolvendo as áreas da saúde, agricultura, mineração e geração de energia elétrica. Informou que são realizados dois milhões de procedimentos da medicina nuclear por ano no país (diagnostico e tratamento), que utilizam radiofármacos produzidos por institutos da CNEN e pela iniciativa privada. 

Todo o material descartado nessas áreas, de baixa e média atividade, é considerado rejeito. O armazenamento de todo esse material é um grande desafio para o futuro. 

USINAS NUCLEARES - 

Rejeitos de baixa e média atividade são produzidos também na troca de combustível (urânio enriquecido) das usinas nucleares Angra 1 e Angra 2. Ficarão em depósitos, na central nuclear de Angra, até que seja construído o empreendimento definitivo para todo material produzido no país. 

Os rejeitos são constituídos de luvas, sapatilhas, vestimentas, máscaras e ferramentas contaminadas que podem, após o decaimento (diminuição da atividade radioativa com o tempo), serem liberados como resíduos industriais ou lixo comum, pois não apresentam risco, informou a estatal. 

LAVADOS E REUTILIZADOS - 

Na maioria dos casos, materiais em bom estado (como vestimentas) em vez de serem descartados, “são lavados e reutilizados”, segundo a estatal. Os rejeitos que não podem ser descartados são acondicionados em recipientes específicos, de acordo com o tipo. São embalagens testadas e qualificadas pela CNEN, estocadas nos depósitos iniciais, no próprio sitio da central nuclear. 

Nos últimos cinco anos, em média, Angra 1 produziu, por ano, 100 metros cúbicos de rejeitos. No total, desde que entrou em operação, em 1985, a usina comprada da norte-americana Westinghouse, acumulava 3122,8 metros cúbicos de rejeitos, até o ano passado. 

Também até 2019, Angra 2, fruto do acordo nuclear com a Alemanha, produziu 10 metros cúbicos de rejeitos, por ano. Desde que entrou em operação, em 2001, totaliza a produção de 169,2 metros cúbicos de rejeitos de baixa e média atividade. 

PISCINAS GUARDAM COMBUSTÍVEL USADO - 

Nas piscinas instaladas nas próprias usinas estão guardados o precioso combustível usado (urânio enriquecido) retirado dos reatores de Angra 1 e Angra 2. São eles que alimentam o coração (reator) das centrais nucleares de Angra dos Reis. São essas piscinas que estão chegando ao limite do armazenamento. Daí, a Eletronuclear estar construindo a Unidade de Armazenamento a Seco (UAS) para recebê-los. 

 A capacidade de armazenamento da piscina de Angra 1 é de 1.252 elementos combustíveis. Até 2019, estavam armazenados no local 1.084 elementos combustíveis. A usina já parou 24 para reabastecimento de combustível. 

Em relação a Angra 2, a capacidade da piscina é de 1.084 elementos combustíveis. Até o ano passado estavam armazenados no local 756, número que pode ter aumentado, já que a unidade foi mais uma vez desligada em junho desse ano, para nova troca de combustível. O número de paradas sobe de 16 para 17. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) acompanha os trabalhos, porque urânio usado, se reprocessado, se transforma em plutônio (combustível para armas nucleares). O Brasil, contudo, sempre declarou estar comprometido apenas com o uso pacifico da energia nuclear, assinando acordos internacionais. 

FOTO - ILUSTRAÇÃO DO DEPÓSITO DEFINITIVO.  

4 comentários:

  1. Que bela matéria. É pra quem conhece o tema a fundo. Parabéns.

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  2. Muito obrigada pela participação. Seu comentário é muito importante para o nosso trabalho.

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  3. De matéria em matéria você vai trazendo informações importantes até então desconhecidas. Parabéns, como sempre.

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  4. Muito obrigada por comentar e aprovar o nosso trabalho! A sua participação é um grande incentivo, nos estimula a continuar e buscar fatos relevantes para informar à sociedade.

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