sexta-feira, 26 de junho de 2020

Acordo Nuclear Brasil-Alemanha completa 45 anos neste sábado. Angra 3, fruto do acordo, envolta em denúncias de corrupção e desvio de dinheiro público


Neste sábado (27/6) faz 45 anos da assinatura em Bonn, do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, que previa a construção de quatro usinas nucleares e a criação de empresas voltadas para a fabricação de equipamentos, enriquecimento de urânio, entre outras atividades. Mas pelo que se vê nos últimos anos, o “contrato do século”, deixou incontáveis problemas para o Brasil. Um deles abarca a construção da usina Angra 3, marcada por atos ilícitos de corrupção, falcatruas, desvio de dinheiro público, prisão de executivos, que servem para adiar ainda mais a finalização do empreendimento.

 Angra 3 já consumiu cerca de R$ 7 bilhões e ainda precisa de mais R$ 14 bilhões, pelo menos para entrar em operação. A Eletronuclear, do grupo Eletrobras, negociava o adiamento do pagamento das parcelas da dívida da construção da usina. Apenas com o BNDES a empresa estava pagando cerca de R$ 30 milhões por mês. 

As denúncias de corrupção envolvendo Angra 3 começaram em 2015, quando o contra-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silvam presidia a Eletronuclear, gestora das usinas Angra 1, norte-americana, e Angra 2, a primeira e única do acordo, em operação. Na época, Othon chegou a ser preso pela Operação Lava Jato, mas foi logo liberado. Nesta quinta-feira (26/6), a Policia Federal e o Ministério Público realizaram uma nova fase da Lava Jato, a Operação Fiat Lux, um desdobramento das investigações e processos criminais em curso, visando aprofundar as investigações iniciadas há cinco anos. 

O mesmo filme passava novamente, com alguns novos personagens. Equipes da PF e MPF saíram para prender 12 acusados de praticar fraudes na Eletronuclear, mais precisamente, em Angra 3.  Entre os alvos da operação, estavam Silas Rondeau, ministro das Minas e Energia entre 2005 e 2007; e o ex-deputado federal Anibal Ferreira Gomes (DEM-CE). Silas Rondeau e Anibal Ferreira que não foram encontrados. E segundo seus advogados, vão se apresentar nos próximos dias. 

Ontem (25/6), a Eletrobras divulgou comunicado aos acionistas informando que soube do fato através da imprensa, e que estava acompanhando o caso. Nesta sexta-feira (26/6), a Eletrobras divulgou outro comunicado, reafirmando que investigação interna da empresa constatou desvio de mais de R$ 140 milhões em contratos firmados por seus executivos, na época, com diversas empresas. Informou que todos foram afastados na ocasião e que hoje, vem conduzindo o processo de retomada da construção de Angra 3, renegociando os contratos, exceto aqueles que foram anulados ou suspensos por ações decorrentes da Lava Jato. Enquanto isso, as obras vão se arrastando, o dinheiro público que saiu pelo ralo da corrupção pode não ter volta, e a sociedade vai pagando a conta. Comemorar o quê?

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