Neste
sábado (27/6) faz 45 anos da assinatura em Bonn, do Acordo Nuclear
Brasil-Alemanha, que previa a construção de quatro usinas nucleares e a criação
de empresas voltadas para a fabricação de equipamentos, enriquecimento de
urânio, entre outras atividades. Mas pelo que se vê nos últimos anos, o “contrato
do século”, deixou incontáveis problemas para o Brasil. Um deles abarca a construção
da usina Angra 3, marcada por atos ilícitos de corrupção, falcatruas, desvio de
dinheiro público, prisão de executivos, que servem para adiar ainda mais a finalização
do empreendimento.
Angra 3 já consumiu
cerca de R$ 7 bilhões e ainda precisa de mais R$ 14 bilhões, pelo menos para
entrar em operação. A Eletronuclear, do grupo Eletrobras, negociava o adiamento
do pagamento das parcelas da dívida da construção da usina. Apenas com o BNDES
a empresa estava pagando cerca de R$ 30 milhões por mês.
As denúncias de corrupção envolvendo Angra 3 começaram
em 2015, quando o contra-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silvam presidia a
Eletronuclear, gestora das usinas Angra 1, norte-americana, e Angra 2, a
primeira e única do acordo, em operação. Na época, Othon chegou a ser preso
pela Operação Lava Jato, mas foi logo liberado. Nesta quinta-feira (26/6), a
Policia Federal e o Ministério Público realizaram uma nova fase da Lava Jato, a
Operação Fiat Lux, um desdobramento das investigações e processos criminais em
curso, visando aprofundar as investigações iniciadas há cinco anos.
O mesmo filme passava
novamente, com alguns novos personagens. Equipes da PF e MPF saíram para
prender 12 acusados de praticar fraudes na Eletronuclear, mais precisamente, em
Angra 3. Entre os alvos da operação,
estavam Silas Rondeau, ministro das Minas e Energia entre 2005 e 2007; e o
ex-deputado federal Anibal Ferreira Gomes (DEM-CE). Silas Rondeau e Anibal
Ferreira que não foram encontrados. E segundo seus advogados, vão se apresentar
nos próximos dias.
Ontem (25/6), a Eletrobras divulgou comunicado aos acionistas
informando que soube do fato através da imprensa, e que estava acompanhando o
caso. Nesta sexta-feira (26/6), a Eletrobras divulgou outro comunicado,
reafirmando que investigação interna da empresa constatou desvio de mais de R$
140 milhões em contratos firmados por seus executivos, na época, com diversas
empresas. Informou que todos foram afastados na ocasião e que hoje, vem conduzindo
o processo de retomada da construção de Angra 3, renegociando os contratos,
exceto aqueles que foram anulados ou suspensos por ações decorrentes da Lava
Jato. Enquanto isso, as obras vão se arrastando, o dinheiro público que saiu
pelo ralo da corrupção pode não ter volta, e a sociedade vai pagando a conta.
Comemorar o quê?