terça-feira, 2 de julho de 2019

Banimento do amianto é tema de audiência pública na Câmara dos Deputados


O processo de banimento do amianto (elemento cancerígeno) no Brasil é tema de audiência pública, na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, na tarde desta terça-feira (02/07). O estágio atual do processo de proibição da produção, comercialização e uso do amianto no país é o mote da audiência, com as presenças do presidente da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea), Eliezer João de Souza; da engenheira civil e de segurança do Trabalho, auditora fiscal Fernanda Giannasi; além dos médicos Ubiratan de Paula Santos e René Mendes. 

Eles lembraram que embora o Supremo Tribunal Federal (STF), tenha decidido, no final de 2017, pela constitucionalidade de leis estaduais e municipais que proibiram uso do amianto, há ainda pressões contrarias à decisão. “A partir desse momento a produção e o uso do amianto ficaram proibidos em todo o território nacional, embora a indústria tenha conseguido manter, mediante obtenção de liminar, suas atividades com essa matéria-prima, até a publicação desse acordão em fevereiro”, lembraram. 

O trabalho incansável da Abrea e apoiadores da causa pelo banimento do amianto levou o Senado a aprovar a criação da Comissão Temporária Externa para conhecer a realidade do município de Minaçu, em Goiás, e da empresa Sama Minerações, controlada pela Eternit que explora a única mina de amianto crisotila em atividade no Brasil. 

LIVRO

 Para que a sociedade conheça a tragédia provocada pelo amianto, a Abrea lança o livro “Eternidade – A Construção Social do Banimento do Amianto no Brasil”, da jornalista Marina Moura, após a audiência e amanhã, no Ministério da Saúde.  A obra tem prefácio da premiada jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum, e coordenação de Fernanda Giannasi. 

O livro narra a construção social do banimento do amianto no Brasil a partir do próprio movimento social, que foi se constituindo à medida em que as vítimas da “catástrofe sanitária do século XX” foram se tornando visíveis e diagnosticadas corretamente, após um longo período de silêncio epidemiológico, subnotificação e omissão tanto da parte das instituições governamentais, como das ligadas aos empresários. “Ao longo de décadas, quanto mais esclarecimentos sobre os males derivados da exposição ao amianto se faziam conhecidos e eram divulgados, mais as vozes dos expostos cresciam, até formarem coro”, explica a autora.

 “Começaram então a aparecer as pessoas por trás das vozes, cada vez mais engajadas em associações de combate ao amianto que, a partir dos anos 90, foram surgindo por todo país”, conta. Com linguagem jornalística-literária, o livro “Eternidade” dá voz às vítimas sob uma perspectiva coletiva, captada a partir da criação da Abrea, em Osasco (SP), no ano de 1995, e que foram se ampliando em diversos estados brasileiros. Como afirma Eliane Brum em seu prefácio: “este livro é para que os mortos permaneçam vivos, para que os vivos tenham paz. Para que o Brasil não esqueça o que sequer é capaz de lembrar”. 

O livro é uma iniciativa da Abrea, com apoio do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (Diesat), do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Secretariado Internacional do Banimento do Amianto (IBAS). A publicação é uma produção da WHIZZ Comunicação Criativa com a coedição da Machado Editorial e da Amarelo-Grão. O livro já foi lançado em São Paulo e no Rio de Janeiro. Alguns parlamentares estão apoiando a causa pelo banimento do amianto no Brasil: deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ) e deputado federal Nilto Tatto (PT-SP).

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