quarta-feira, 17 de abril de 2019

Angra 2 será desligada segunda-feira (22/4)


Na próxima segunda-feira (22), à 0h, a Eletronuclear desligará Angra 2 para fazer o reabastecimento de combustível da usina. A parada já havia sido divulgada pelo BLOG e terá duração prevista de 29 dias. Nesse período, cerca de um terço do combustível nuclear será trocado. Também serão realizadas inspeções, atividades de manutenção periódica e testes que só podem ser feitos com a unidade fora de operação.

Como a demanda de trabalho é maior nesse período, a Eletronuclear contratou prestadores de serviço nacionais e estrangeiros para auxiliar nas tarefas. Serão disponibilizados 1.146 profissionais brasileiros e em torno de 250 estrangeiros para atuar em conjunto com os técnicos da empresa. 

Cerca de 4.500 atividades estão previstas para serem executadas durante a parada. Além do carregamento do reator, destacam-se inspeção interna do núcleo e da tampa do vaso de pressão do reator; substituição do motor de uma das bombas de refrigeração do reator; revisão geral, ultrassom e testes em uma das turbinas de baixa pressão; ultrassom em soldas do sistema primário e de dois geradores de vapor; teste de corrente parasita em dois geradores de vapor; e manutenção dos transformadores principais. 

“As paradas para reabastecimento ocorrem, aproximadamente, a cada 12 meses e são programadas com pelo menos um ano de antecedência, levando em consideração a duração do combustível nuclear e as necessidades do Sistema Interligado Nacional (SIN). Durante o período em que a usina permanece desligada, o ONS gerencia o sistema interligado de forma a garantir um abastecimento seguro de energia elétrica para o país”, informou a empresa.


terça-feira, 16 de abril de 2019

Livro dá voz às vítimas e à luta pelo banimento do amianto no Brasil

O livro “Eternidade – A Construção Social do Banimento do Amianto no Brasil”, da jornalista Marina Moura, será lançado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), dia 26/4 (sexta-feira, da semana que vem); e no Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, dia 27/4. A obra tem prefácio da premiada jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum, e coordenação da ex-auditora-fiscal do Ministério do Trabalho, Fernanda Giannasi, vencedora do Prêmio "Faz a Diferença de O Globo", na categoria Economia, de 2018. No Rio de Janeiro, o lançamento está previsto para o dia 22 de maio, em local que o BLOG divulgará em breve.

O lançamento acontece durante a Semana de Proteção Contra o Amianto, organizada anualmente pela Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea), de 22 a 28 de abril. No dia 26, às 16h, o evento será realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Av. Pedro Alvares Cabral, 201, Ibirapuera, com a presença de uma missão asiática, que virá ao Brasil se manifestar contra a tentativa da Eternit de querer exportar o amianto explorado em Minaçu, Goiás, através de sua subsidiária SAMA; mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter proibido a produção, comercialização e utilização do mineral no país em novembro de 2017. No dia 27/4, às 9h, será no Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, Rua Erasmo Braga, 307, Presidente Altino, Osasco. 

A obra narra a construção social do banimento do amianto no Brasil a partir do próprio movimento social, que foi se constituindo à medida em que as vítimas da “catástrofe sanitária do século XX” foram se tornando visíveis e diagnosticadas corretamente, após um longo período de silêncio epidemiológico, subnotificação e omissão tanto da parte das instituições governamentais, como das ligadas aos empresários. 

“Ao longo de décadas, quanto mais esclarecimentos sobre os males derivados da exposição ao amianto se faziam conhecidos e eram divulgados, mais as vozes dos expostos cresciam, até formarem coro”, explica a autora do livro. “Começaram então a aparecer as pessoas por trás das vozes, cada vez mais engajadas em associações de combate ao amianto que, a partir dos anos 90, foram surgindo por todo país”, conta. 

Com linguagem jornalística-literária, o livro “Eternidade” dá voz às vítimas sob uma perspectiva coletiva, captada a partir da criação da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea), em Osasco (SP), no ano de 1995, e que foram se ampliando em diversos estados brasileiros. Como afirma Eliane Brum em seu prefácio: “este livro é para que os mortos permaneçam vivos, para que os vivos tenham paz. Para que o Brasil não esqueça o que sequer é capaz de lembrar”. 

O livro é uma iniciativa da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea), com apoio do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (Diesat), do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Secretariado Internacional do Banimento do Amianto (IBAS). A publicação é uma produção da WHIZZ Comunicação Criativa com a coedição da Machado Editorial e da Amarelo-Grão.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Eletrobras defende presidente da Eletronuclear, mencionado em email, de 2011, segundo a Lava Jato


A Eletrobras divulgou nota ontem (04/04), em defesa do diretor-presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, mencionado esta semana pela Lava-Jato, no caso de corrupção envolvendo a construção da usina Angra 3. “Os procedimentos de investigação não detectaram qualquer suspeição sobre a sua conduta ou envolvimento com o esquema de corrupção”, informa a estatal. 

Leonam foi mencionado em mensagem, de email, enviada em 2011, pelo contra-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, então presidente da Eletronuclear, para “Limoeiro”. Este, por sua vez, é identificado pela operação como o coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo, João Baptista Lima Filho, envolvido em escândalos de recebimento de propina com o ex-presidente da República Michel Temer. 

No email, resgatado pela Lava Jato, Othon, que está em prisão domiciliar, pede para o empresário Carlos Alberto Montenegro Gallo, “fazer chegar o currículo (de Leonam) às mãos do Limoeiro com a maior brevidade”, para que ele ocupasse o cargo de diretor de operações da Eletronuclear. Leonam admite ter sido sondado por Othon, afirma que a iniciativa não surtiu efeito e “desconhece o encaminhamento dado a questão”.

Em julho de 2015, Othon foi preso em uma das primeiras fases da Lava Jato, por ordem do então juiz federal Sergio Moro, no Paraná. Condenado a 43 anos de reclusão, voltou a ser preso em 2016, por ordem do juiz federal Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio, deixando a prisão em 2017, por ordem do Tribunal.  Leonam, que é capitão-de-mar-e-guerra da reserva, trabalhou com Othon no programa nuclear da Marinha, de 1986 a 1992. Quando assumiu o cargo de presidente da Eletronuclear, em 2005, Othon convidou Leonam para ser seu assistente. Leonam ocupou o cargo e afirma que a relação com Othon foi “sempre profissional, sem laços especiais de amizade”. 

A Eletrobras afirma em nota, publicada no site da empresa, que no curso da investigação independente contratada pela empresa e conduzida pelo escritório de advogados Hogan Lovells, entre o início de 2015 e final de 2018, Leonam foi custodiante, assim como os demais diretores.  Ele e os outros, afirmou a estatal, passaram por todos os procedimentos investigativos e nada suspeito foi detectado. 

MAIS DA NOTA: A Eletrobras realizou investigação abrangente na Eletronuclear e cooperou com o Ministério Público Federal, informa a nota. As ações resultaram na condenação de executivos da Eletronuclear - na época - em decorrência da Operação Pripyat.

“Os atos ilícitos referentes a Eletronuclear, relacionados a usina nuclear Angra 3, identificados na investigação independente, foram objeto de medidas administrativas cabíveis, tais como encerramento de contratos e exoneração de executivos envolvidos, bem como o registro de perdas da ordem de cerca de R$ 141, 3 milhões”. 

Na ação criminal, a Eletrobras atuou como assistente da acusação. Informa também que continua acompanhando as ações em curso da Lava Jato no Rio, para avaliar se deve adotar alguma medida adicional. A nota – “Fato Relevante” – para acionistas e o mercado, está em nome da diretora financeira e de relações com investidores da empresa, Elvira Cavalcanti Presta.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Angra 2 será desligada para a troca de combustível (urânio)


A usina nuclear Angra 2, no município de Angra dos Reis, deverá ser desligada no próximo dia 22/4, para que seja efetuada a recarga de combustível (urânio enriquecido) em seu reator. A unidade deverá ficar parada cerca de um mês. Segundo a Eletronuclear, gestora da Central Nuclear, o valor de cada carga transportada (combustível mais contêiner) é de R$ 70 milhões. No mês passado, bandidos interceptaram um comboio com cinco caminhões que faziam o transporte da carga, trocando tiros com a polícia. O problema, não afetou a chegada do material em Angra, mas gerou grande discussão sobre o perigo do transporte via terrestre.

 Quando funciona 100% sincronizada ao sistema, Angra 2 produz cerca de 1.300 MW, o equivalente a aproximadamente 20% da energia consumida na cidade do Rio de Janeiro. Essa energia, porém, é distribuída, para a Região Sudeste. O desligamento para a troca de combustível pode alterar o fornecimento de energia? O Blog aguarda a informação da Eletronuclear. 

Angra 2 é a primeira de uma série de oito usinas previstas no pacote do Acordo Brasil-Alemanha, assinado pelo general Ernesto Geisel, em 27 de junho de 1975.  Em construção em 1976 para entrar em operação em 1982, depois de uma série de atrasos, começou a operar em 2001. 

Angra 3 está com as obras paradas desde 2015, enquanto tem mais uma vez a história de sua construção envolvida em escândalos de corrupção, conforme o BLOG e toda a imprensa tem noticiado. O atual governo quer concluir as obras. A Eletrobras já autorizou a Eletronuclear a buscar parcerias internacionais. Empresas chinesa, francesa e russa estão interessadas. A terceira unidade atômica já consumiu R$ 7 bilhões. Precisa de mais RS 14 bilhões para funcionar, segundo a Eletronuclear.

 ANGRA 1 - Em janeiro de 2020, a previsão é de desligamento da usina nuclear Angra 1, que produz cerca de 650 MW, quando opera a 100% de sua potência. Comprada da Westinghouse, norte-americana, em 1970, foi inaugurada em 1981 e só entrou em operação em 1985. Deveria ser desligada no ano passado (2018), porém, poderá ter mais 20 anos de vida útil, a partir de estudos e projetos que estão sendo realizados.