Qual o balanço das atividades da INB em 2018?
É positivo. Conseguimos reduzir a dependência da empresa com o Tesouro Nacional, hoje, em torno de 30%. Aperfeiçoamos processos internos e aumentamos as receitas da empresa, sem comprometer a segurança e a qualidade do nosso produto final: o combustível nuclear que abastece as usinas de Angra dos Reis. Buscamos novas receitas, além das relacionadas à produção das recargas de Angra 1 e 2.
Em relação à Argentina?
Realizamos duas exportações de pó de urânio para a Argentina, que renderam à INB cerca de R$ 20 milhões. Já estamos negociando a terceira exportação, que renderá mais R$ 13 milhões. Essas exportações representam um verdadeiro marco na história da empresa e um passo importante para consolidar sua posição no mercado exportador de urânio. O objetivo da INB é ainda mais audacioso: queremos participar também do mercado exportador de componentes do elemento combustível e de serviços em reator.
Outros negócios...
Sim. Trabalhamos no sentido de promover o desenvolvimento de fornecedores nacionais de componentes do elemento combustível, tais como grades, espaçadores e molas, que são utilizados na montagem dos elementos combustíveis das usinas brasileiras, reduzindo, com isso, o custo do nosso produto. Queremos participar competitivamente desse mercado, em parceria com empresas internacionais, como a francesa Framatome, a norte-americana Westinghouse e a KNT Coreana.
A INB está investindo em capacitação?
A empresa conta hoje com uma equipe de técnicos especializados em serviços em reator: movimentação, carregamento, descarregamento de recargas, por exemplo. Estamos em fase final de negociação para incluir uma pequena equipe da empresa no grupo da Westinghouse para prestação de serviços em recargas de usinas norte-americanas. É um contrato ainda pequeno, em termos de receita, porém, com potencial muito grande para o futuro.
O que a INB precisa do próximo presidente da República para alavancar os trabalhos em 2019?
O setor nuclear espera que o novo presidente da República reconheça que o aumento da participação nuclear na matriz energética brasileira é fundamental para a retomada do desenvolvimento do Brasil. É um importante passo em direção a outras necessidades, como investimentos nos projetos do setor, capitaneado pela retomada das obras de Angra 3. No caso da INB, é bom lembrar que das 18 empresas estatais dependentes de recursos do Tesouro Nacional, ela é a de menor índice de dependência. Resultado dos ajustes efetuados em busca de maior eficiência na aplica~]ao dos seus recursos. Aliás, seguindo as diretrizes traçadas em nosso Planejamento Estratégico 2017/2026: "Gerar lucro operacional sem aporte de recursos do governo".
Qual a expectativa em relação à mina de Caetité, na Bahia?
Esperamos contar com investimentos necessários para que possamos aumentar a nossa produção de minério de urânio, em Caetité. Foram investidos R$ 27 milhões nos últimos dois anos na unidade de Caetité, que abrange não só a mina, como também as suas instalações industriais. Para o próximo exercício estão previstos R$ 20 milhões de investimentos na unidade.
Quais as perspectivas de funcionamento de novas jazidas em 2019?
Precisamos, primeiro, retomar a mineração em Caetité, o que esperamos que aconteça em breve. Em relação as jazidas, a INB está em constante prospecção de novas ocorrências uriníferas, visando atender as necessidades do Programa Nuclear Brasileiro no presente e no futuro. Cabe ressaltar que o Brasil detém a sexta maior reserva de urânio do mundo, com apenas 35% do território prospectado.
Planos para o empreendimento em Resende?
Planejamos instalar novas cascatas na Usina de Enriquecimento de Urânio na nossa Fábrica de Combustíveis Nucleares (FCN). Assim, reduziremos a quantidade de matéria prima adquirida no exterior, economizando divisas, e serviços de enriquecimento, respectivamente, para que possamos baixar ainda mais os nossos custos operacionais.
A oitava cascata de ultracentrifugas deverá ser inaugurada em 2019? O que representará?
A oitava cascata deverá ser comissionada e, em seguida, entrar em operação plena no primeiro trimestre de 2019. Representará a adição de 9.500 kg UTS/ano à atual capacidade de produção de 45.000 kg UTS/ano. Portanto, com a oitava cascata em operação, a INB passará a contar com uma capacidade de produção de cerca de 55.000 kg UTS/ano, que representa cerca de 60%da necessidade de urânio enriquecido de uma recarga anual da usina de Angra 1.
Os recursos foram suficientes em 2018? Quanto será preciso em 2019?
Os recursos de 2018 foram suficientes para atender os compromissos firmados pela INB no ano. Para 2019, estamos dialogando com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação Comunicação (MCTIC) para os incrementos absolutamente necessários para o cumprimento das obrigações de 2019, especialmente a entrega de combustíveis às usinas nucleares brasileiras.
Alguma mensagem ao novo presidente da República?
Que ele tenha muito sucesso na condução dos destinos do Brasil. Espero que o setor nuclear brasileiro seja considerado como um importante parceiro no processo de retomada do desenvolvimento, que precisará aumentar a geração de energia elétrica, fundamental para todo o País.
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