segunda-feira, 22 de abril de 2024

Célio Bermann alerta sobre os riscos nucleares na Amazônia: "a que ponto chegou a insanidade!". Leia o artigo exclusivo.

 


"Tenho muito apreço a técnicos em contabilidade, também a advogados, como também a delegados de polícia. Entretanto, estas prerrogativas que estão presentes na formação acadêmica e exercício profissional do atual Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira de Oliveira, não o qualificam para o cargo que exige, ao menos, um mínimo conhecimento técnico. 

Esta não é uma situação nova, se examinarmos as qualificações dos ministros que se sucederam no cargo nos últimos 25 anos, e suas manifestações por vezes desprovidas de lógica, sensatez, tecnicamente infundadas, e que foram emitidas sem o necessário amparo de assessores qualificados.

Foi o que aconteceu no último dia 17 de abril quando, por ocasião do “Fórum Distribuição de qualidade para a inclusão e transição energético”, evento realizado pela Editora Globo em parceria com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE), o ministro Alexandre Silveira propôs a substituição dos grupos geradores a óleo diesel que alimentam as comunidades isoladas na Amazônia por pequenos reatores nucleares.

Vamos aos fatos! 

Os também chamados Pequenos Reatores Modulares -PRMs (Small Modular Reactors na língua inglesa ou SMRs) são pequenas usinas de geração que variam de 50 MWe a 300 MWe, utilizando para a produção de calor a fissão nuclear, a exemplo das usinas de maior porte (1.000 MWe ou mais). 

Os PRMs são de diversas tecnologias, com combustíveis nucleares específicos e refrigeração também diversificada: PRM resfriado a Água; PRM resfriado a Água Leve; PRM resfriado a Gás de Alta Temperatura, PRM de Espectro de Nêutrons Rápidos resfriado com Metal Líquido, PRM a Sal Fundido (IAEA, 2022). Existem ainda os Micro-reatores Nucleares com potência de 1 MWe a 20 MWe que estão ainda em fase de testes. Um exemplo desta possibilidade é o micro-reator eVinci com potência de 5 MWe que está sendo desenvolvido pela norte-americana Westinghouse. 

Talvez o ministro esteja ansioso em conhecer em sua próxima viagem à China, já marcada em sua agenda de compromissos, o pequeno reator desenvolvido pela Corporação Nacional de Energia Nuclear da China, o Linglong One com capacidade de gerar 125 MWe. Ou talvez o pequeno reator desenvolvido pela empresa americana NuScale Power, com capacidade de geração de energia de 60 MWe por unidade. 

Sem mencionar os esforços da empresa russa Rosatom, a primeira empresa a se dedicar ao desenvolvimento de PRMs, que anunciou planos de desenvolver reatores em terra chamados de RITM-200N, em Yakutia, extremo leste da Rússia. As obras devem começar em meados de 2024 e o comissionamento está previsto para 2027. Vale assinalar que será o primeiro pequeno reator modular em terra, uma vez que os três pequenos reatores em operação, do modelo KLT-40S de 35 MWe flutuam acondicionados em barcos. 

O problema é que nenhum desses PRMs poderá ser utilizado nas comunidades isoladas da Amazônia para substituir os grupos geradores a diesel. Isto por diversos motivos. 

O primeiro motivo se deve à escala dos sistemas isolados que deverão ser atendidos. Conforme o documento “Planejamento do Atendimento aos Sistemas Isolados” elaborado pela EPE para o Ciclo 2023, existem no Brasil um total de 196 localidades isoladas. O consumo nessas localidades é baixo e representa menos de 1% da carga total do país. 

A demanda por energia dessas regiões é suprida, principalmente, por pequenos grupos geradores movidos a óleo diesel. A maior parte dos Sistemas Isolados (SISOL) está na região Norte, nos estados do Amazonas (97 localidades com 1,786 milhão de hab.);  Roraima (58 localidades com 636,7 mil hab.); Pará (17 localidades com 394,2 mil hab.); Acre (7 localidades com 214,5 mil hab.); Amapá (1 localidade com 27,5 mil hab.); e Rondônia (13 localidades com 11 mil hab.). Temos, portanto, segundo a EPE (2023), um total na região Amazônica de 193 localidades isoladas, com uma população estimada de 3,070 milhões.

A questão é que do total de 193 localidades isoladas, apenas uma poderia receber as PRMs que atualmente alcançaram no mundo a etapa de operação. Tomando como referência o pequeno reator desenvolvido pela empresa americana NuScale Power, com capacidade de 60.000 kWe, um exame da demanda de eletricidade requerida em cada um dos 193 sistemas isolados amazônicos permite afirmar que apenas Boa Vista, capital de Roraima, poderia se servir de 5 módulos do NuScale, ou 3 módulos do Linglong One para atender sua demanda de 265.360 kWe. 

O quadro real é que 81 sistemas isolados (ou 42% do total) têm demanda inferior a 1.000 kWe, o que significa que nem os futuristas micro-reatores nucleares de potência de 1 MWe poderão ser instalados nestas localidades. Ainda, considerando o protótipo eVinci da Westinghouse.com potência prevista de 5 MWe. apenas 55 sistemas isolados amazônicos (ou 28% do total) poderiam se servir deste micro-reator para atender a demanda. Resta aguardar que este protótipo ultrapasse todas as etapas de licenciamento nos Estados Unidos para ser possível sua utilização aqui. Em conclusão, dentre os sistemas isolados na Amazônia, apenas Boa Vista seria uma possível localidade para receber um PRM. 

O ministro Alexandre Silveira não tinha esse conhecimento, ao bradar por pequenas centrais nucleares no evento aqui citado? Evidenciando a captura a que está se submetendo, ao vigoroso lobby nuclear que está presente no atual governo, repetindo ad nauseam as pretensas vantagens do nuclear em reduzir as emissões de gases de efeito estufa devido à queima do óleo diesel na geração de eletricidade nos sistemas isolados amazônicos. 

Este é justamente o segundo motivo, que se refere à questão ambiental. Cálculos da EPE (2023) estimam em 2,43 milhões de toneladas de CO2eq/ano as emissões decorrentes da queima de combustíveis fósseis (óleo diesel e gás natural) pelos sistemas isolados. Entretanto esta quantidade representa apenas 0,145% do total de emissões verificadas no país no ano de 2020, de cerca de 1.675,76 milhões de toneladas de CO2eq/ano. 

Em realidade, trata-se de super valorizar as emissões dos sistemas isolados para apresentar a alternativa nuclear como a solução urgente para o país que irá receber a COP 30 em 2025. Não que não seja meritório buscar eliminar as emissões de gases de efeito estufa, mas isso pode ser facilmente alcançado aproveitando as diversas culturas de oleoginosas na região (andiroba, babaçu, óleo de palma, buriti, tucumã, entre outras) para a produção do biodiesel. 

O terceiro motivo diz respeito à falsa ideia de que os pequenos reatores nucleares, devido ao seu tamanho reduzido, diminuem as quantidades de rejeitos radioativos. A esse respeito, Niágara Rodrigues e Francisco Raeder (2023) citam o artigo ”Nuclear waste from small modular reactors”, de Lindsay M. Krall, Allison M. Macfarlane e Rodney C. Ewing, publicado em 2022 nos anais da National Academy of Sciences dos Estados Unidos. Os autores realizaram uma comparação detalhada de três projetos distintos de PRM – resfriados a água, sal fundido e sódio e descobriram que os pequenos reatores nucleares produziriam de duas a trinta vezes mais resíduos radioativos com necessidade de gerenciamento e descarte por unidade de energia do que usinas nucleares convencionais. 

Além disso, o combustível usado no PRM exigiria novas abordagens para avaliar a criticidade durante o armazenamento e descarte. A esse respeito, há que se considerar que o monitoramento e fiscalização das atividades nucleares no país permanece extremamente precário, mesmo após a criação em 2021 da ANSN-Autoridade Nacional de Segurança Nuclear, que ainda não foi integralmente constituída. Por sua vez, o quarto motivo é de cunho econômico pois o valor da Conta de Consumo de Combustível (CCC), que “todos nós consumidores de eletricidade temos que pagar” pois é um dos encargos embutidos na conta de luz, e que se constitui num subsídio para assegurar que os 3 milhões de cidadãos brasileiros que vivem nas localidades isoladas paguem o mesmo valor da conta de luz que os demais consumidores servidos pelo Sistema Interligado Nacional. De fato, o valor anual é bastante alto, da ordem de R$ 11,570 bilhões no ano de 2023 (CCEE, 2024).

Todavia, a CCC é apenas um dos 10 encargos presentes nas contas de luz. Ao todo, os encargos representam um acréscimo de 16% nas contas e se constituem em benefícios concedidos pelo governo a empresas e setores da população com o objetivo de diminuir o preço da energia e incentivar políticas no setor. Nesse sentido, as pequenas centrais nucleares são apresentadas como forma de eliminar o encargo da CCC, produzindo energia elétrica a um custo que chega a ser três a cinco vezes mais caro que a energia eólica, a solar, a que vem das hidrelétricas, e da biomassa. 

Em suma, a proposição de substituição da geração à óleo diesel nas comunidades isoladas na Amazônia por Pequenas Centrais Nucleares com o objetivo de redução das emissões é absolutamente descabida. Primeiro porque os Pequenos reatores modulares (SMRs na sigla em inglês) disponíveis hoje no mercado internacional, possuem a potência que varia entre 50.000 kW e 300.000 kW, enquanto as cerca de 196 localidades isoladas possuem demandas de 5 kW a 500 kW em sua grande maioria. E segundo, porque resultará na disseminação do lixo nuclear que será produzido no bioma amazônico". 

CÉLIO BERMANN - Doutor em Engenharia Mecânica na área de Planejamento de Sistemas Energéticos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mestre em Engenharia de Produção na área de Planejamento Urbano e Regional pela COPPE/UFRJ e professor associado do Instituto de Energia e Ambiente da USP. AUTOR RESPONSÁVEL PELO ARTIGO EXCLUSIVO.  EM CASO DE REPRODUÇÃO, FAVOR CITAR A FONTE: ESTE BLOG. 

CÉLIO BERMANN É UM DOS  MAIS RESPEITADOS ESTUDIOSOS DO ASSUNTO, COM TRÊS DÉCADAS DE PESQUISAS DE CAMPO. 

O BLOG TENTA INFORMAÇÕES DO MME DESDE A SEMANA PASSADA SOBRE AS DECLARAÇÕES DO MINISTRO, EM EVENTO, DIVULGADAS PELA IMPRENSA. 

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Usinas nucleares na Amazônia? Aventura atômica em plena Floresta, por Heitor Scalambrini Costa e Zoraide Vilasboas

 


Sem alongar muito na linha do tempo, tivemos ministros de Minas e Energia conhecidos por “não saber trocar uma lâmpada”. Tivemos um almirante da Marinha Brasileira (o mesmo do nome ligado ao nebuloso caso das joias na gestão Bolsonaro), que teve como missão tentar expandir usinas nucleares pelo território nacional. E no governo atual? O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD) suplente de senador, formado em direito, ex-delegado da Polícia Civil, tem um currículo que mostra total desconhecimento na área de energia, de óleo e gás, do setor elétrico/energético. Características semelhantes a ex-ministros que ocuparam esta pasta estratégica para o desenvolvimento sustentável do Brasil.

Todavia, o fato de ser braço direito do atual presidente do Senado, foi suficiente para ganhar o cargo que controla um orçamento em torno de R$ 9 bilhões, cuidando de assuntos intrincados e extremamente técnicos, como a prometida mudança da política de preços dos combustíveis; a construção/ampliação de refinarias e de estatais, como a Petrobras; as consequências da predatória privatização da Eletrobras; a decisão sobre a renovação das concessões das empresas distribuidoras, com seus contratos de privatização draconianos, por exemplo. Tudo isto no contexto do enfrentamento do aquecimento global, que tem na energia dos combustíveis fósseis e da fonte nuclear as principais ameaças.

Entre muitas declarações do ministro, talvez a única positiva foi reconhecer e afirmar que a privatização da Eletrobrás fez muito mal ao Brasil. Foram meras palavras ao vento. Tanto que manteve bolsonaristas em cargos chefes do MME (cavalo de Troia para o governo Lula), recebendo constante oposição e contundente denúncia do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) no manifesto “Eletricitários permanecem críticos a um Ministério de Minas e Energia, cujos principais cargos são ocupados por homens brancos, notórios tecnocratas dos governos Temer e Bolsonaro”..

O ministro, hoje um dos principais lobistas pró-nuclear, que ano passado chegou a ser criticado e questionado publicamente por não dar a devida atenção a esta polêmica fonte de energia - cara, perigosa e suja - acabou de vez de ser enquadrado por este poderoso lobby.

Suas últimas intervenções nesta área foram no mínimo catastróficas, ao propor disseminar usinas nucleares de pequeno porte na região Amazônica, alegando que substituir as usinas térmicas a óleo combustível, economizará na despesa das termelétricas, e contribuirá para a descarbonização.

Sua proposta é utilizar as reservas de urânio existentes no país, o que para ele economizaria em torno de R$ 12 bilhões/ano na operação das termelétricas da região, além da conhecida ladainha de sempre, “vai gerar emprego e renda”. Obviamente diante desta declaração, fica clara a submissão do ministro à ideia da aventura nuclear em plena floresta. Os lobistas soltaram fogos de artifício, e agora o paparicam.

O nobre ministro, troca alhos com bugalhos, confunde fatos e incorre em dois impropérios nestas declarações, diante dos riscos que representa gerar energia elétrica com minerais radioativos, como o urânio. Os lobistas nucleares agem como se a indústria nuclear brasileira não atravessasse uma crise sem precedentes.

Primeiro, usar minérios radioativas para geração elétrica, em qualquer lugar, e particularmente na floresta Amazônica - onde o governo atual propaga a necessidade de preservar a natureza e os povos que lá vivem - é desconhecer os perigos de acidentes que ocorrem em centrais nucleares, com vazamento e contaminação radioativa. Já não basta a indefensável exploração de petróleo na região?

Segundo, apoiar a mineração de minerais radioativos, que afetam o meio ambiente, a saúde e a vida das pessoas, é desconhecer os desastres ocorridos em Chernobyl e Fukushima, que inviabilizaram a vida em grandes territórios, em particular na Ucrânia. Aqui mesmo no Brasil, o ministro se cala diante das trágicas consequências socioambientais ocorridas com a mineração em Caldas (MG), em Caetité e Lagoa Real (BA), e apoia a mineração de urânio na serra do Machado, no município de Santa Quitéria (CE).

Que devemos acabar com as termoelétricas a combustíveis fosseis, é uma exigência no enfrentamento do aquecimento global, mas esta substituição proposta é pior que o soneto. Termoelétricas são necessárias e bem-vindas! Desde que utilizem fontes renováveis de energia, como a biomassa e a energia solar.

Não é pecado mortal o sr. Ministro ignorar que o maior problema do uso dos materiais radioativos quando ocorre a contaminação do organismo humano por estas substâncias é a alteração do sistema biológico. Para se inteirar do drama vivido por populações, que tiveram contato com a radioatividade, basta ler relatórios de algumas pesquisas como “Riscos de Contaminação Ambiental e Humana Relacionados à Exploração da Unidade de Concentrado de Urânio no Sudoeste da Bahia”, na qual médicos da UFBA recomendam a interdição da mineração de urânio em Caetité (BA), devido aos malefícios causados à natureza e ao ser humano.

Deveria verificar o que está ocorrendo em municípios do Planalto de Poços de Caldas (MG), que convivem com o medo e preocupação ante a ameaça de acidentes em barragens que acumulam rejeitos radioativos, herdados do Programa Nuclear Brasileiro. E aqui cabe a ressalva que as críticas proferidas contra uma autoridade detentora de um cargo público, são críticas profissionais, de conduta e de opinião, e não pessoais.

HEITOR SCALAMBRINI - Professor associado aposentado da Universidade Federal de Pernambuco, graduado em Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP/SP), mestrado em Ciências e Tecnologias Nucleares na Universidade Federal de Pernambuco (DEN/UFPE) e Doutorado em Energética, na Universidade de Marselha/Comissariado de Energia Atômica (CEA)-França. Membro da Articulação Antinuclear Brasileira. E ZORAIDE VILASBOAS - Jornalista, Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça, Cidadania e integrante da Articulação Antinuclear Brasileira. AUTORES RESPONSÁVEIS PELO ARTIGO EXCLUSIVO.  EM CASO DE REPRODUÇÃO, FAVOR CITAR A FONTE: ESTE BLOG.  

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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Angra 1 volta a operar com 100% de sua potência. Desmonte é discutido há pelo menos três décadas

 


A Eletronuclear informa que Angra 1 está operando a 100% de potência desde às 02h58 desta sexta-feira (19), após manutenção em uma bomba de água do sistema secundário da usina. A unidade precisou reduzir carga para 65% às 12h36 desta quinta-feira (18), em função do desligamento da bomba que apresentou perda de pressão na sucção de água. “O evento não gerou impacto negativo ao meio ambiente, aos trabalhadores e à população”, informou a Eletronuclear. A licença para o funcionamento de Angra 1 expira em dezembro de 2024.

VAGA- LUME - 

Angra 1 foi um dos empreendimentos mais criticados do governo militar. Nasceu em plena ditadura. Cientistas defendiam que o Brasil construísse o seu próprio reator, mas foram vencidos. Comprada em 1970 da norte-americana Westinghouse, depois de uma série de adiamentos, foi inaugurada em 1981, ou seja, nove anos após o início de sua construção. Outros entraves fizerem com que a usina entrasse em operação comercial em 1985. Dados oficiais do governo naquela época estimavam que Angra 1 custara US$ 2 bilhões. Isso, sem levar em conta os gastos com a manutenção e os reparos de equipamentos. Ao longo dos anos a central atômica já foi desligada pelo menos 50 vezes por problemas técnicos, defeitos em equipamentos e ações judiciais. Por causa desse acede e apaga, a usina ganhou o apelido de “vaga-lume”. 

DESMONTE PREVISTO HÁ DÉCADAS - 

As previsões sobre a necessidade de desligar Angra 1 têm décadas. Em 1994, a usina estava sob a responsabilidade de Furnas Centrais Elétricas, quando diretores da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) previam que a central atômica poderia durar 24 anos, ou seja, até o ano de 2018. O então assessor de segurança ambiental de Furnas, Edgar Kircher, avaliava que o desmonte deveria ocorrer até 2008. Para técnicos da CNEN na ocasião, o governo deveria - já naquela época - começar a planejar o desmonte da usina, pois as paralisações viraram rotina. 

BOLSA DE APOSTAS - 

Desde 2018, conforme o BLOG anunciou, a Eletronuclear – criada em 1997 – planeja a prorrogação da vida útil de Angra 1 por mais 20 anos. Custaria cerca de R$ 3 bilhões pelo menos, mas não há caixa para o sonho de um grupo que defende a tese da necessidade da usina. Angra 1 pode gerar 654 Megawatts quando opera com 100% de sua potência: o equivalente a 10% da energia consumida na cidade do Rio de Janeiro. O setor nuclear oficial, liderado por políticos, entidades e empresas de negócios nacionais e internacionais, defende a todo o custo a possibilidade de esticar a vida do “vaga-lume” por mais duas décadas, mas nos bastidores da bolsa de apostas há muitos que duvidam. 

(FOTO - ELETRONUCLEAR )-  

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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Angra 1: problema na bomba de sucção de água reduz potência da central atômica. Previsão de normalizar hoje.

 


Mais uma vez, a usina nuclear Angra 1 apresenta problemas: está operado com 65% de sua potência desde às 12h36m, desta quinta-feira (18/4), após desligamento de uma bomba de água do sistema secundário da central atômica. O equipamento apresentou perda de pressão na sucção de água.  O problema foi identificado pelos técnicos da Eletronuclear, que apuram as causas do evento e trabalham para normalizar o funcionamento total da usina. As informações são da Eletronuclear, gestora das usinas. A autorização para funcionamento de Angra 1 expira em dezembro.
As 18h desta quinta-feira (18/4) o BLOG apurou que a decisão de reduzir a potência da usina foi tomada em função da "queima do motor de uma das telas rotativas da Tomada de Água. A outra tela se encontrava  isolada para manutenção geral preventiva. Havia troca do motor para estabilizar a potência prevista para ocorrer ainda hoje.  

SITUAÇÃO SE REPETE - 

Depois de alguns desligamentos no segundo semestre do ano passado, 2024 mal havia começado e Angra 1 precisou ser novamente paralisada em 16/1, para realização de um reparo na turbina. Dias depois, a usina foi religada.  Angra 1 está sendo preparada para durar mais 20 anos. Leia abaixo alguns episódios sobre a primeira usina nuclear que o Brasil comprou dos Estados Unidos na década de 70. Voltemos aos fatos recentes. Angra 1 vinha apresentando outros problemas desde sábado (13/1): “houve uma falha mecânica em uma das bombas de água de alimentação principal para os geradores de vapor de Angra 1”, informou a companhia. Segundo a empresa, o problema nada tinha a ver com o defeito apresentado nesta terça-feira (16/1). 

E, portanto, mais um defeito. “É importante destacar que o evento do final de semana - que não provocou desligamento da usina - não tem relação com o episódio mais recente desta terça-feira (16/01/2024)”. E acrescentou: “No dia 13/01/2024, apenas a bomba de água precisou ser desligada e, seguindo procedimentos operacionais, a carga do reator da usina foi reduzida para 48% até o domingo (14), conforme programação com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Este episódio também ocorreu no circuito secundário, ou seja, sem nenhum perigo radiológico envolvido”. 

DESLIGAMENTOS E OUTRAS HISTÓRIAS - 

Angra 1 foi mais uma vez desligada na manhã desta terça-feira (26/3). Sobre esta parada de Angra 1, credita-se aos sensores elétricos do equipamento que emitiram um alerta como se a bomba de refrigeração não estivesse ligada, o que posteriormente foi verificado que não procedia. Dessa forma, o sistema de segurança desligou a usina automaticamente de forma preventiva, informou a Eletronuclear. Segundo a companhia, o desligamento temporário ocorreu após um trabalho de manutenção dos transmissores de fluxo de uma bomba de refrigeração. ​No dia 19 de julho de 2023, Angra 1 foi desconectada do Sistema Interligado Nacional (SIN), às 14h32. Segundo a Eletronuclear, “o episódio é resultado do desarme do reator ocorrido durante teste de operabilidade das barras de controle”.

MAIS 20 ANOS - 

Angra 1 foi comprada em 1970 da norte-americana Westinghouse. Depois de uma série de adiamentos, a central nuclear foi inaugurada em 1981. Outros entraves fizeram com que a usina entrasse em operação comercial em 1985. Em 1994, preia-se que Angra 1 poderia durar 24 anos, ou seja, até o ano de 2018. Hoje, a usina está sendo preparada para durar mais 20 anos. 

Em março do ano passado de 2023, o prefeito Fernando Jordão cobrou explicações do então presidente da estatal, Eduardo Grand Court, sobre vazamento de água radioativa ocorrido na usina em setembro do 2022, noticiado pelo jornal O Globo. “Em nenhum momento fui informado sobre o caso, nem a Defesa Civil ou o Centro Integrado de Informações Estratégicas em Saúde. As responsabilidades precisam ser apuradas. Em situações como esta, a notificação é compulsória e imediata, mas a estatal demorou 21 dias para comunicar ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), consta na nota divulgada pela Prefeitura. “Além disso, a Eletronuclear primeiro negou o vazamento, mas depois admitiu que cerca de 90 litros de água contaminada escorreram para o mar.

OUTRA PARADA - 

​Angra 1 entrou em estado de Evento Não Usual, o primeiro da escala de emergência da Central Nuclear, às 8h50, de 22 de novembro do ano passado, quando os operadores da sala de controle perceberam uma falha na alimentação de um barramento elétrico de 4.16 Kv, que alimenta equipamentos auxiliares da usina. Angra 1 estava desligada e, segundo a Eletronuclear, de imediato foram tomadas providências para recuperar a condição operacional do barramento, o que ocorreu às 11h52. “A usina se encontra em situação segura e os trabalhos da parada de reabastecimento prosseguem normalmente. O incidente não representou nenhum risco radiológico para os trabalhadores e o meio ambiente’, informou a nota da companhia. 

VAGA- LUME - 

Angra 1 foi um dos empreendimentos mais criticados do governo militar. Dados oficiais do governo naquela época estimavam que Angra 1 tenha custado US$ 2 bilhões. Isso, sem levar em conta os gastos com a manutenção e os reparos de equipamentos. Ao longo dos anos a central atômica já foi desligada umas 35 vezes por problemas técnicos, defeitos em equipamentos e ações judiciais. Por causa desse acede e apaga, a usina ganhou o apelido de “vaga-lume”. 

A Eletronuclear garante que a instalação é uma das mais seguras do mundo e destaca a sua performance: em 2016, produziu 5,1 milhões de MWh, “a melhor geração da sua história”. Depois, gerou 4,2 milhões de MWh, “uma de suas melhores marcas, a despeito de ter ficado parada por quase 60 dias, entre agosto e outubro de 2017, por conta da troca dos seus transformadores principais, durante a parada para reabastecimento”.  

FOTO: Angra 1 – Eletronuclear -  

Leia no Blog: Em 18/04/2018, “Angra 1 deve ter mais 20 anos de vida útil”; em 08/08/2019, “Angra 1: mais 20 anos de vida útil”; em 06/08/ 2020, “Angra 1: problemas técnicos desligam a usina duas vezes em menos de 30 dias”, entre outras. 

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domingo, 14 de abril de 2024

"A soma de todos os medos em Zaporozhye", por Leonam Guimarães

 


Os ataques com drones à usina nuclear de Zaporozhye, sejam perpetrados pela Ucrânia ou Rússia, inserem uma nova e perigosa dimensão no conflito entre as duas maiores ex-Repúblicas Socialistas Soviéticas. Isto, com possíveis ramificações extensas, não apenas para a região imediatamente no entorno da maior central nuclear da Europa, mas também para todos os países da União Europeia e, de forma mais ampla, para a comunidade internacional. 

A maior preocupação é o potencial risco de um acidente nuclear severo, que poderia ter efeitos desairosos não só na Ucrânia e na Rússia, mas também em países vizinhos. A liberação de material radioativo não conhece fronteiras e uma nuvem contaminada poderia se espalhar por várias nações, dependendo das condições climáticas, colocando em risco a saúde pública e o meio ambiente em uma escala significativa. 

As consequências de ataques a instalações nucleares são potencialmente vastas e graves. Um acidente nuclear pode resultar na contaminação de grandes áreas, afetando a terra, a água e a vida selvagem, com consequências duradouras para o meio ambiente e a saúde humana. Poderia ainda forçar a evacuação em massa de áreas afetadas, criando crises humanitárias e de refugiados. 

Além dos custos diretos de limpeza e contenção, um desastre nuclear pode ter um impacto econômico substancial na agricultura, no uso do solo e na saúde pública. Conter um vazamento em uma usina nuclear é uma operação extremamente complexa e desafiadora, que depende de vários fatores. Isso inclui o tipo de dano ao reator ou a outras partes críticas da instalação, bem como a quantidade e tipo de material radioativo liberado.

 A capacidade de uma usina de conter um vazamento depende de seu projeto, dos sistemas de segurança existentes e de quão bem esses sistemas podem lidar com o tipo específico de acidente. A eficácia da resposta imediata, incluindo o confinamento da área, a evacuação de pessoal e a implementação de medidas de descontaminação, é crucial para minimizar os impactos de um vazamento. A disponibilidade de recursos técnicos, humanos e financeiros para gerenciar a situação é fundamental. Isso inclui também o apoio internacional, como visto após o acidente de Chernobyl e o desastre de Fukushima.

O alcance de um acidente nuclear na Europa dependerá de diversos fatores, incluindo a direção e velocidade do vento que determina a dispersão de partículas radioativas na atmosfera, a quantidade de material liberado, que quanto maior for, maior será a área potencialmente afetada e a eficácia das medidas de contenção e descontaminação que pode limitar significativamente o alcance da contaminação. 

De toda forma, é importante ressaltar que a gravidade de um acidente severo na Central de Zaporozhye muito provavelmente teria consequências significativamente menores do que o acidente de Chernobyl, ocorrido em 26 de abril de 1986, devido às características técnicas dos diferentes tipos de reatores envolvidos: Pressurized Water Reactors PWR, moderados e resfriados a água leve líquida em Zaporozhye e Reaktor Bolshoy Moshchnosty Kanalnyy RBMK, moderados a grafite e resfriados a água leve fervente em Chernobyl. 

A grande severidade do acidente de Chernobyl se deu, fundamentalmente, pelo incêndio de centenas de toneladas de grafite. A energia liberada essa imensa “fogueira” lançou por sua vez centenas de toneladas de material radioativo a grande altitude que se dispersou pelo efeito da direção e da intensidade dos ventos a grandes distâncias da central.

Num reator PWR não existe equivalentes quantidades de energia a serem liberadas em condições acidentais, o que limita a quantidade, altura e alcance dos materiais nucleares lançados na atmosfera mesmo nas mais severas condições acidentais. É importante notar que a Europa possui um sistema de alerta rápido para emergências nucleares, o ECURIE, que garante que os países membros sejam rapidamente informados sobre acidentes nucleares que possam afetá-los, permitindo uma resposta coordenada e eficaz. 

A possibilidade de que tais ataques desencadeiem uma terceira guerra mundial é uma preocupação grave e plausível. A dinâmica do conflito atual é influenciada por uma teia intricada de alianças militares, interesses geopolíticos e estratégias de contenção. Ataques contra instalações nucleares são percebidos como escaladas significativas de conflito. Se considerados atos de guerra, podem justificar retaliações severas. 

A natureza e a extensão de tais retaliações dependeriam de muitos fatores, incluindo a percepção internacional do incidente e as decisões estratégicas das principais potências mundiais. O envolvimento de membros da OTAN, fornecendo apoio à Ucrânia, complica ainda mais a situação. Enquanto a OTAN tem sido cuidadosa em sua abordagem para evitar uma escalada direta com a Rússia, a linha entre apoio e envolvimento direto é tênue e delicada. 

A prevenção de uma escalada para um conflito mais amplo provavelmente dependerá de intensos esforços diplomáticos e de tentativas de desescalada por todas as partes envolvidas. Enquanto o risco de uma terceira guerra mundial decorrente de tais ataques não podem ser descartada completamente, muitos países e organizações internacionais estão profundamente empenhados em evitar tal cenário. A situação exige uma vigilância constante, uma diplomacia cuidadosa e, possivelmente, uma reavaliação dos protocolos de segurança em torno de instalações nucleares em zonas de conflito.

 No passado, a segurança de usinas nucleares em meio à guerra era uma parte puramente teórica de seus relatórios de análise de segurança. Geralmente, ela era considerada em termos de uma única ocorrência, como a queda de um avião na cúpula da estrutura de contenção ou danos a um dos elementos importantes do funcionamento de uma usina após um ataque terrorista. 

Durante a projeção e construção da maioria dos reatores atualmente em operação, um ataque terrorista parecia muito improvável. Foi o suficiente para que fosse levada em conta a falha completa de quaisquer elementos, independentemente da causa. O projeto garantiu a segurança de uma estação após tais eventos iniciais.

Em 2011, o terremoto e o tsunami no Japão, que haviam sido avaliados como de probabilidade insignificante, certamente mudaram as percepções de segurança. A probabilidade de ser afetado pela guerra mudou de maneira semelhante. A suposição de que um país com energia nuclear é suficientemente desenvolvido para não ser arrastado para um conflito militar em seu território influencia a avaliação de que tal possibilidade seja baixa. No entanto, eventos podem contrariar nossas previsões otimistas com uma frequência surpreendente. 

Na Ucrânia, eventos recentes aumentaram a probabilidade de tais eventos ocorrerem. A relação entre energia nuclear e guerra começa na década de 1950. Desde então, houve conflitos em pelo menos oito países com usinas ou programas nucleares, como Iugoslávia, Irã, Iraque, Síria, Índia, Paquistão, Armênia e, finalmente, Ucrânia. Vamos examiná-los em um próximo artigo

AUTOR - Leonam dos Santos Guimarães: Doutor em Engenharia Naval e Oceânica pela USP e Mestre em Engenharia Nuclear pela Universidade de Paris XI, é CEO da Eletrobrás Eletronuclear, membro do Grupo Permanente de Assessoria em Energia Nuclear do Diretor Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), membro do Conselho de Representantes da World Nuclear Association (WNA). Foi Presidente da Seção Latino Americana da Sociedade Nuclear Americana, Diretor Técnico-Comercial da AMAZUL, Assistente da presidência da Eletrobrás Eletronuclear e Coordenador do Programa de Propulsão Nuclear do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP). 

(Reprodução autorizada pelo autor - foto arquivo pessoal) - 

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Russos visitam a Nuclep, em Itaguaí (RJ), de olho em novas parcerias com o governo brasileiro

 


Representantes da Rosatom Energy Projects, empresa russa com sede em Moscou, e responsável pelo complexo energético nuclear no país, visitaram a Nuclep (Nuclebras Equipamentos Pesados), em Itaguaí (RJ), na quarta-feira (10/4), visando novas parcerias como a expansão e produção de equipamentos ao desenvolvimento do setor nuclear brasileiro. A cooperação nuclear entre os dois países começou em 1994, via a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), para o fornecimento de cerca de 800 toneladas de urânio natural, através de várias licitações da estatal brasileira. A entrega mais recente ocorreu em fevereiro (22/2), quando a INB recebeu da Rússia cerca de 21 toneladas de urânio enriquecido. O material chegou ao Porto do Rio de Janeiro acondicionado em 14 cilindros e foi transportado no mesmo dia para a Fábrica de Combustível Nuclear da INB, em Resende/RJ, onde está sendo utilizado na fabricação de 44 elementos combustíveis que compõem a 29ª recarga de Angra 1. 


Brasil e Rússia tem acordos abrangendo várias áreas:  projetos de construção de usinas nucleares de grande escala e pequenos reatores modulares de concepção terrestre e até flutuante e ciclo do combustível, por exemplo.  “A Rosatom possui a única frota mundial de quebra-gelos movida a energia nuclear, única usina nuclear flutuante do mundo e únicos blocos energéticos do mundo com reatores rápidos de nêutrons de nível industrial de potência”, comentou o então diretor da estatal russa, com exclusividade ao BLOG, em 2022. A Rosatom também está de olho na área brasileira da mineração.

 NUCLEP: EQUIPAMENTOS PESADOS

A comitiva eu visitou à Nuclep estava composta pelo vice-diretor-Geral, Ilya Vergizaev; a Diretora Executiva de Projetos, Alexandra Ovcharenko; a Gerente Regional, Ekaterina Baranova; o Gerente Técnico, Aleksei Shabrin e o VP na América Latina, Ruan Nunes, que realizou apresentação sobre o potencial da estatal, conheceu o nosso piso fabril e explorou possibilidades das parcerias. O vice-diretor-geral da Rosatom enfatizou o potencial de crescimento do Brasil no setor nuclear. “Estabelecer negociações claras e produtivas é de extrema importância para impulsionar o progresso da indústria nuclear brasileira”, ressaltou Vergizaev.  O diretor administrativo da Nuclep Oscar Moreira Filho reconheceu o interesse em dialogar para aquecer o desenvolvimento do setor. Entre as possíveis parcerias, mencionou: “Pode ser de planta nuclear normal, chamada Nuclear Power Plant, de potência nuclear, ou então de SMR, na dimensão de reatores modulares pequenos”. 


A Nuclep ocupa uma área de 1 milhão de metros quadrados e possui um conjunto de máquinas operatrizes para usinagem, soldagem, calandragem e tratamento térmico únicos no país. Com capacidade de movimentação de carga de 600 toneladas, seu galpão principal é composto de seis corpos germinados com 200 metros de comprimento por 160 metros de largura; o piso do interior da fábrica é projetado para receber até 10 toneladas²; e a via de acesso principal para o embarque dos produtos pode receber até 39 toneladas. 

A Nuclep é fruto do acordo nuclear Brasil-Alemanha, firmado em 1975, quando o governo militar projetava a construção de oito centrais atômicas. E até hoje, apenas Angra 2 funciona, sendo que Angra 3 iniciada em 1984, continua com as obras paradas. 

O então presidente da Rosatom na América Latina, Ivan Dybov, em 2022, contou ao BLOG com exclusividade, que além do Acordo entre o Governo da Federação Russa e o Governo da República Federativa do Brasil referente à cooperação na área da utilização pacífica da energia nuclear, em 15 de setembro de 1994, as parcerias evoluíram. No dia 21 de julho de 2009, foi assinado um memorando de entendimento entre a Rosatom e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). 

REPRODUZIMOS A ENTREVISTA. 

BLOG: Como começou a parceria comercial?

DYBOV: Com o fornecimento de produtos isotópicos para as necessidades da medicina nuclear brasileira, que continua a ser a principal área de cooperação entre nossos países no setor nuclear.  Agora, uma das áreas mais promissoras é o fornecimento de isótopos como lutécio e actínio. 

BLOG: Há cooperação no fornecimento de urânio? 

DYBOV: Em 2018-2020, a Corporação Estatal Rosatom, representada pela "Uranium One Group", ganhou várias licitações da empresa estatal brasileira Indústrias Nucleares do Brasil (INB) para o fornecimento de cerca de 800 toneladas de urânio natural.

BLOG: Há cooperação na formação de conhecimentos? 

DYBOV: Nós também cooperamos ativamente no campo de formação do pessoal. Em particular, a Universidade Nacional de Pesquisa Nuclear (MEPhI) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) estão realizando programas educacionais em conjunto. Já neste ano acadêmico sete estudantes do Brasil vão estudar na Rússia com bolsas de estudo proporcionadas pela empresa "Rosatom" e agência federal da Rússia Rossotrudnichestvo. 

BLOG: A Rosatom e a brasileira Eletronuclear assinaram memorando recentemente. Como foi? 

DYBOV: No âmbito da expansão da cooperação bilateral, no mês de setembro, durante a Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA), a Corporação Estatal Rosatom e a empresa operadora brasileira de usinas nucleares Eletronuclear assinaram um memorando de entendimento. O novo memorando abrange uma vasta gama de áreas de cooperação, incluindo os novos projetos de construção de usinas nucleares de grande escala; pequenos reatores modulares de concepção terrestre e flutuante; soluções para as etapas inicias e de conclusão do ciclo do combustível nuclear, bem como para a gestão do combustível nuclear usado; desenvolvimento do ciclo do combustível nuclear avançado/inovador.

 BLOG: O que mais? 

DYBOV: A área de processamento (reciclagem) de materiais nucleares; assistência ao longo do ciclo de vida de novas usinas nucleares, incluindo a operação, assistência técnica e descomissionamento; prolongamento da vida útil das unidades nucleares; desenvolvimento de tecnologias do hidrogênio; implementação das melhores práticas de gestão P&D+I no setor nuclear, metodologias para acelerar a implementação de projetos de desenvolvimento tecnológico, bem como melhores práticas para aumentar a aceitação pública da energia nuclear.

BLOG: Quais os outros pontos importantes do memorando? 

DYBOV: O memorando prevê também o desenvolvimento da cooperação em projetos conjuntos na área de educação e capacitação de profissionais, aumento da aceitação pública da energia nuclear e outras áreas. 

BLOG: Como e quando? 

DYBOV: Tendo em conta a intenção do Brasil de desenvolver o seu setor nuclear nacional e construir novas usinas nucleares, surgem novas perspectivas para a expansão da cooperação numa série de áreas. Em 2019, a TENEX (parte do circuito de gestão da Rosatom) e a empresa estatal brasileira Indústrias Nucleares do Brasil (INB) assinaram uma carta de intenções, na qual confirmaram a sua disposição para implementar projetos conjuntos na área do ciclo do combustível nuclear. Neste momento, estamos analisando com os nossos parceiros brasileiros as possibilidades de cooperação integrada na área do ciclo de combustível nuclear, inclusive no campo de mineração de urânio. 

BLOG: Interesses em Angra 3...

DYBOV: Em junho de 2020, o Brasil confirmou as suas intenções de concluir a construção da central nuclear "Angra 3" segundo o modelo EPC e de construir um parque de novas centrais nucleares em parceria com o setor privado. A Rosatom está interessada em cooperar com o Brasil numa vasta gama de áreas e está pronta para explorar as perspectivas da sua participação na construção de novas centrais nucleares, tanto de grande potência, como de baixa potência - no território brasileiro.

BLOG: Conte sobre experiência em prorrogar a vida útil de usinas nucleares. 

DYBOV:  A Rosatom tem experiência na modernização e na extensão da vida útil de usinas nucleares tanto na Rússia, como também no exterior, especialmente na Armênia e Bulgária. A usina nuclear da Armênia está agora passando pelos trabalhos finais de modernização para estender a vida útil da instalação até 2026. Além disso, de acordo com cálculos preliminares, a usina nuclear poderá funcionar até 2036. O projeto envolveu trabalhos extensos no valor de cerca de 200 milhões de dólares, incluindo a entrega de novo equipamento, que foi instalado em um prazo curto. A experiência da Rosatom em modernização e extensão da vida útil das instalações nucleares na Federação Russa é uma base sólida para uma implementação exitosa de tais projetos.

BLOG: E na gestão na área de combustível? 

DYBOV? A Rosatom tem uma vasta experiência na fabricação de combustível nuclear. De um modo geral, em 2020, a quota da Rosatom no mercado mundial de fabricação de combustível nuclear constituiu 17%. Além disso, no âmbito da cooperação com a empresa "Framatome", o combustível e os componentes feitos de urânio regenerado, que são produzidos na Rússia, são fornecidos às usinas nucleares da Europa Ocidental. Estamos dispostos a compartilhar tecnologias e conhecimentos com os nossos parceiros brasileiros e já temos experiência de cooperação nesta área. E, se no futuro, a Rosatom vier a participar em projetos de construção de novas instalações nucleares no Brasil, será possível falar em expansão da cooperação na área do ciclo do combustível nuclear. 

BLOG: Como assim? 

DYBOV: Caso a Rosatom seja escolhida como parceira para a construção de novas usinas nucleares de grande ou pequena potência no Brasil, será uma cooperação na área de produção de combustível para as novas instalações. 

BLOG: Quais as lições aprendidas com o acidente de Chernobyl? 

DYBOV: Os eventos ocorridos na usina nuclear de Chernobyl em 1986 mostraram à indústria nuclear global que é necessário eliminar a própria probabilidade de tais acidentes o mais rápido possível, devido às mudanças nos fenômenos físicos naturais e nos processos que ocorrem no link técnico entre o reator e os sistemas de segurança. Foi necessário criar e mostrar para todos os participantes do processo de uso da energia atômica, desde a fase de desenvolvimento de projetos até a fase de descomissionamento de uma usina, uma filosofia de atividades profissionais baseada nos princípios da cultura de segurança. Esses princípios consistem na prioridade de garantir a segurança e esforços constantes para garantir e melhorá-la.

 BLOG: O que foi feito? 

DYBOV: Para cumprir essas tarefas, criamos um conceito de cultura de segurança e o enchemos de objetivos e ações práticas concretas para alcançá-los. Com base nesta abordagem, todos os principais documentos normativos internacionais e nacionais que regulam as questões de segurança no âmbito da energia nuclear e proteção contra radiação foram desenvolvidos novamente. Em um prazo muito curto foi realizada uma série de trabalhos nos reatores RBMK. Além disso, foram formuladas as recomendações e regulamentos mais rigorosos da AIEA. Em particular, foram tomadas as seguintes medidas: as características físicas de nêutrons do reator foram alteradas para valores seguros a través de alteração da composição da carga da zona ativa; foi garantido c controle contínuo de todas as características do reator por métodos modernos de cálculo e métodos de medições seguras diretas, e os métodos de controle estão sendo constantemente melhorados até agora; foi realizada uma série de mudanças de construção, que levaram a um aumento na velocidade e eficiência da proteção do reator até valores justificados considerando todas as reservas de engenharia de quantidades;  foi expandida a lista de sinais, ou seja, eventos, que levam à ativação de sistemas de segurança, foram introduzidas novas proteções de reator; foram introduzidos sistemas de diagnóstico do estado da planta do reator e seus equipamentos individuais, permitindo identificar possíveis problemas na operação logo no início do desenvolvimento deles, a um nível seguro desses problemas;  o desligamento ou intervenção de pessoal na operação dos sistemas de segurança é tecnicamente impossível; a máxima autoproteção interna da planta do reator contra o desenvolvimento negativo de processos físicos de nêutrons, processos termo-hidráulicos e outros processos é garantida devido às suas características físicas naturais. 

BLOG: Mudanças nos reatores? 

DYBOV: Como resultado das medidas técnicas de alta prioridade executadas, as características físicas do reator e dos sistemas de segurança foram alteradas. Por isso, os reatores RBMK já não podem ser considerados reatores do mesmo tipo que aqueles da usina nuclear de Chernobyl. Esta afirmação foi confirmada pela comunidade nuclear internacional no momento de desenvolvimento e análise dos relatórios de avaliação detalhada da segurança dos reatores RBMK realizados pelos especialistas da Federação Russa, Grã-Bretanha, Suécia, Finlândia e os Estados Unidos da América. Além disso, a estatal está atualmente implementando um projeto da primeira central nuclear terrestre de baixa potência com reatores da série RITM-200. Espera-se que ela seja comissionada na Rússia até 2028 na aldeia de Ust-Kuiga em Iacútia (uma república que entra na competência da Federação Russa).Por enquanto, a "Akademik Lomonosov" é a única central nuclear flutuante do mundo. Falando em projetos de baixa potência, que estão na fase de desenvolvimento, segundo os dados da AIEA, atualmente existem mais de 70, sendo que empresas dos EUA, China, Coreia do Sul, França e Argentina estão fazendo certos progressos no desenvolvimento destas soluções. 

BLOG: E as críticas dos ambientalistas? 

DYBOV: É importante entender que as centrais nucleares não causam qualquer dano ao meio ambiente, mas sim contribuem para a solução dos problemas climáticos. Em 2019 e 2020, o funcionamento da FNPPpermitiu evitar a emissão para a atmosfera de um equivalente que ultrapassa 300.000 toneladas de dióxido de carbono - CO2. Contudo, as centrais nucleares atualmente em funcionamento permitem reduzir as emissões de dióxido de carbono em 2 bilhões de toneladas por ano. É por esta razão que a energia nuclear é considerada uma energia "verde". 

ROSATOM POR IVAN DYBOV- A Rosatom está entre as dez maiores empresas da Rússia. A nossa equipe conta com mais de 275.000 empregados em mais de 300 empresas. A cota da energia nuclear no balanço energético da Rússia é superior a 20 %, graças a 38 blocos energéticos, que operam em onze usinas nucleares. A Corporação está realizando um programa de grande escala para a construção de usinas nucleares, tanto na Federação Russa, bem como no exterior. Atualmente, está construindo três novos blocos energéticos na Rússia, incluindo dois blocos energéticos na NPP Kursk-2 e o inovador reator rápido de nêutrons BREST-OD-300. O portfólio de 10 anos de pedidos no exterior da Rosatom inclui 35 blocos energéticos em 12 países em várias fases de implementação, incluindo no Egito, Turquia e China. Atualmente fornecemos combustível para 75 blocos energéticos em 16 países (incluindo a Rússia), o que significa que um em cada seis reatores do mundo funciona com o combustível produzido na corporação.

 A Rosatom ocupa 1° lugar no mundo em termos da quantidade de blocos energéticos de NPP (Nuclear power plant) que estão em construção no exterior; 1° lugar no mundo no enriquecimento de urânio; 1° lugar no mundo em reatores de pesquisa em operação; 2° lugar no mundo entre as empresas geradoras em termos de potência instalada; 2° lugar no mundo em termos de reservas de urânio exploradas; 2° lugar no mundo na mineração de urânio; 3° lugar no mundo na fabricação de combustível nuclear. Possui a única frota mundial de quebra-gelos movida a energia nuclear, única usina nuclear flutuante do mundo; únicos blocos energéticos do mundo com reatores rápidos de nêutrons de nível industrial de potência. Desde outubro de 2020, a corporação é membro do Pacto Global das Nações Unidas (UN Global Compact), a maior iniciativa empresarial internacional da ONU em matéria de responsabilidade social empresarial e desenvolvimento sustentável. Em 2020, a Rússia celebrou os 75 anos da indústria nuclear nacional. 

A Rosatom é uma das pioneiras do setor nuclear mundial. Os cientistas soviéticos foram desbravadores na utilização pacífica da energia nuclear: a primeira usina nuclear do mundo foi construída na Rússia, na cidade de Obninsk, em 1954. Em apenas 75 anos de história, as empresas russas da indústria nuclear construíram mais de uma centena de reatores para usinas nucleares em 14 países do mundo, incluindo na Rússia. 

A Rosatom, que herdou as tecnologias e a experiência da indústria nuclear soviética, foi fundada em 2007. Hoje em dia, é a maior empresa geradora na Rússia e uma das empresas líderes no mercado global de serviços e tecnologias nucleares. É capaz de providenciar a elaboração do projeto e construção de usinas nucleares prontas para uso, abastecer as usinas nucleares com combustível durante toda a sua vida útil, realizar a modernização, serviços de manutenção e formação do pessoal. 

TECNOLOGIAS - PÓS FUKUSHIMA - 

A primordial solução da corporação hoje em termos de usinas nucleares de alta potência é o reator água -água energético revolucionário de geração 3+, o VVER-1200. Ele combina em si soluções de engenharia testadas ao longo do tempo e sistemas de segurança ultra confiáveis aperfeiçoados levando em conta os requisitos pós-Fukushima. 

A principal característica do projeto VVER-1200 é a combinação única de sistemas de segurança ativos e passivos, tornando a instalação extremamente resistente a influências externas e internas. No projeto foi contemplado um conjunto completo de soluções técnicas para garantir a segurança da usina nuclear e excluir a liberação de produtos radioativos no meio ambiente. Especificamente, o bloco energético está equipado com dois contentores com um espaço ventilado entre eles. A contenção interior assegura a vedação do volume onde se encontra a unidade do reator. A contenção exterior é capaz de resistir aos impactos naturais (tornados, furacões, terremotos, inundações, etc.), tecnogênicos e antropogênicos (explosões, queda de aviões, etc.) sobre a usina nuclear. Os sistemas passivos de segurança da instalação são capazes de funcionar mesmo em caso de perda total de abastecimento de energia, e podem desempenhar todas as funções de segurança sem o envolvimento dos sistemas ativos e intervenção do operador. 

O projeto do VVER-1200 inclui um sistema de filtragem passiva do espaço entre as contenções externas e internas do bloco. Ele permite excluir a saída de radioatividade para o meio ambiente através da contenção externa em quaisquer situações relacionadas com a falha do sistema ativo de ventilação especial. Na parte inferior da contenção, de acordo com o projeto, é instalado um dispositivo de localização de derretimento, ou "armadilha de derretimento”, concebido para localizar e arrefecer o derretimento da zona ativa do reator em caso de um hipotético e improvável acidente, que possa danificar o núcleo do reator. 

A "armadilha" permite preservar a integridade da contenção, e assim excluir a liberação de produtos radioativos no ambiente, mesmo em hipotéticos acidentes graves. O VVER-1200 pertence à categoria mais comum de reatores de água pressurizada (PWR). Hoje, existem mais de 300 reatores deste tipo no mundo inteiro. Eles passaram com sucesso nos testes de stress "pós-Fukushima", e a segurança da sua operação foi confirmada por organizações internacionais de renome. Desde o momento de comissionamento do primeiro bloco energético com um reator VVER em 1964, foram instalados no mundo inteiro 75 reatores VVER de diversas modificações. A Rosatom foi a primeira empresa no mundo a lançar um reator de Geração 3+ e a iniciar sua produção em série. Hoje, a Rússia tem quatro reatores VVER-1200 em funcionamento e já apareceu o primeiro no exterior, na Bielorrússia. Além disso, a corporação está construindo usinas nucleares similares na Turquia, Bielorrússia, Egito, Hungria, Finlândia e outros países. 

QUEBRA-GELOS - 

Na base dos projetos da Rosatom na área de usinas de pequena potência, estão os mais novos reatores da série RITM, que foram desenvolvidos tendo em conta o funcionamento de quatro gerações de reatores para a frota de quebra-gelos e que foram testados nas severas condições do Ártico. Eles constituem uma fonte de energia confiável e livre de carbono, destinadas a alimentar com energia elétrica áreas isoladas da rede elétrica central, e a substituir antigas centrais elétricas com elevadas emissões de CO2 na atmosfera. Hoje em dia, seis reatores "RITM-200" já estão instalados nos quebra-gelos "Arktika" (Ártico), "Sibir"(Sibéria) e "Ural". 

USINAS FLUTUANTES - 

Em 2020, a corporação pôs em funcionamento a usina térmica nuclear flutuante "Akademik Lomonosov", que é atualmente a única usina no mundo equipada com pequenos reatores modulares e a central nuclear mais setentrional do mundo. Desde a sua entrada em funcionamento, a usina nuclear flutuante (FNPP) com dois reatores KLT-40 já demonstrou ser uma fonte confiável e inovadora de calor e energia elétrica, e contribuiu de forma significativa para o meio ambiente da região. Dando continuidade ao desenvolvimento das tecnologias das FNPP, a Corporação está desenvolvendo um novo produto no segmento das usinas elétricas flutuantes, especificamente - uma unidade de potência flutuante otimizada (UPFO). Está previsto que em uma UPFO sejam instalados dois reatores do tipo RITM-200M, que são a última geração de reatores nucleares russos a bordo de navios, que fornecerão uma capacidade elétrica total da usina de 100 MW.

 FOTOS: NUCLEP – 

Leia também no BLOG: “Brasil e Rússia: acordo visa tecnologia de mineração subterrânea de urânio (20/6/2018).

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