Durante a Segunda Guerra Mundial o Planeta assistiu
à tragédia e ao horror provocados pelas bombas atômicas norte-americanas, que
destruíram Hiroshima e Nagasaki, no Japão. A primeira era uma bomba de urânio,
de 12 quilotons, lançada no dia 6 de agosto de 1945 sobre Hiroshima, cidade
que, na época, estava com uma população de 350 mil habitantes. Sob os efeitos
imediatos e posteriores à explosão, pelo menos 140 mil pessoas morreram até o
final daquele ano. A explosão que ocorreu 510 metros acima do centro de
Hiroshima, provocou um imenso clarão, cegando instantaneamente milhares de
pessoas. Eram 8h15 da manhã (hora do Japão) e os Estados Unidos mostravam ao
mundo a força invencível de sua nova arma: a bomba atômica. Três dias
depois, foi a vez do bombardeio de Nagasaki, que matou 74 mil pessoas de uma
população total de 280 mil. A bomba de plutônio, de 22 quilotons, arrasou sete
quilômetros quadrados da cidade. Foi às 11h02, a 507 metros do solo. Até hoje
não há certeza absoluta quanto ao número de vítimas das bombas atômicas, porque
a radiação pode provocar doenças crônicas, como o câncer, que se manifestam
anos depois.
ÚLTIMA GERAÇÃO -
Para lembrar o horror provocado pelas bombas e
homenagear as vítimas, o Japão ergueu o Memorial da Paz, com fotos e imagens
das cidades destruídas, de rostos e corpos deformados pela radiação.
Recentemente, foi doado ao Museu um vídeo sobre a cidade de Hiroshima, dez anos
antes do lançamento da bomba. O vídeo está no YouTube.
A última geração de
sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki tem sido incansável em prestar
depoimentos e continuar denunciando a tragédia. Há décadas, os “hibakusha” -
(pessoas afetadas pela bomba”) - pedem o fim das armas nucleares. Segundo o
Ministério da Saúde do Japão, existiam até 2020, cerca de 136.700 sobreviventes.
Muitos eram bebês ou estavam sendo gestados quando as bombas devastaram as
cidades.
Em 2020, eles tinham em torno de 80 anos e criaram o “No More
Hibakusha Project”, que trabalha para preservar arquivos e depoimentos para as
próximas gerações. Eles temem que o tema possa estar se perdendo. Para
manter viva a memória da tragédia provocada pelas bombas, preocupados com o desaparecimento
da memória coletiva, eles contam com a campanha de filhos, netos e demais
familiares de sobreviventes.
O comerciante Takashi Morita,
um dos sobreviventes da bomba que
atingiu Hiroshima, morreu no dia 12 de agosto de 2024, em São Paulo.
A morte foi comunicada em uma nota de pesar divulgada nas redes sociais da
Escola Técnica Estadual (Etec) de Santo Amaro, Zona Sul, que leva o nome de
Takashi desde 2019. Morador de São Paulo desde 1956, Takashi ficou conhecido
como um hibakusha. Em 6 de agosto de 1945, ele tinha 21 anos e era soldado da
polícia militar japonesa.
PODERIO -
Em julho de 1995, às vésperas das
comemorações do cinquentenário do fim da Segunda Guerra, um dos pais da bomba
de Hidrogênio, o físico norte-americano Edward Teller, participou de um debate
sobre a primeira explosão atômica experimental, realizada no deserto do Novo
México. Durante o debate Teller afirmou que os EUA poderiam ter evitado os
bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, lançando, em vez disso, uma bomba
na baia de Tóquio somente para demonstrar seu poderio nuclear.
A explosão
na baia, disse o físico, poderia ter sido feita a 10.000 metros de altura e
seria capaz de provocar “apenas lesões oculares”. Teller atuou no Projeto
Manhattan (nome simplificado do Manhattan Engineering Project) que produziu a
primeira bomba atômica, sob o comando do exército norte-americano. Em 1945,
segundo ele, os cerca de 200 cientistas que trabalharam no projeto pediram que
fosse realizado somente um bombardeiro para intimidar o Japão, porém o diretor
do Manhattan, Robert Oppenheimer, não quis tomar uma posição. Uma das versões
conhecidas é de que os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki representaram o
castigo pelo ataque japonês a Pearl Harbour, em dezembro de 1941.
PERDEU A
CORRIDA -
Versões e acusações não faltaram ao longo dos 80 anos do ataque dos
EUA às cidades japonesas. Em julho de 1995, aos 84 anos, o físico e
militar japonês reformado, Tatsubaro Suzuki, revelou que os japoneses também
haviam trabalhado para fabricar a bomba atômica durante a Segunda Guerra,
fazendo enormes progressos na parte teórica, embora tenham perdido a corrida
por falta de investimentos e instalações adequadas.
O principal problema havia
sido o fracasso no isolamento do urânio- 235 em nível satisfatório. Suzuki
relatou que 50 cientistas participaram do projeto, dispondo de US$ 2,5 milhões
(valor da época) doados pela família imperial japonesa. A quantidade de
cientistas era pouca, se comparada ao número de pessoas que trabalhava no
Manhattan. “Se o projeto japonês contasse com mais recursos, teria resultado na
fabricação da bomba atômica em um ano”, afirmou o cientista, dizendo ainda que
o imperador Hirohito jamais assumiu a responsabilidade pelo programa. Fato
é que Hiroshima e Nagasaki são as piores lembranças sobre a utilização da
energia nuclear.
FOTO: Matéria publicada neste Blog em 5/8/2020, republicada em
3/08/2025. Mães choram um ano depois da Bomba em Hiroshima - Reprodução
Galileu. Material de pesquisa: livros, jornais, revistas e vídeos.
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