quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Angra 2 volta a operar com elementos combustíveis de Angra 3, que tem obras paradas desde 2015

 

A usina nuclear Angra 2 foi conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) esta semana (17/8), mas a Eletronuclear ainda investiga o que provocou a oxidação (ferrugem) nas varetas dos elementos combustíveis da unidade atômica. A usina recebeu elementos combustíveis destinados à Angra 3, cujas obras estão paradas desde 2015.  Em nota, a holding Eletrobras informou que “ainda não foi possível mensurar os impactos da perda de receita” da Eletronuclear, devido aos acréscimos de dias parados da usina. 

 Angra 2 foi desligada no dia 22 de junho para troca de um terço dos elementos combustíveis, porém, a oxidação encontrada, divulgada com exclusividade pelo BLOG, obrigou a empresa a prolongar a volta da usina ao sistema. 

Durante a inspeção no combustível nuclear, foi identificada uma oxidação superficial nos elementos combustíveis carregados no último ciclo de operação, mais especificamente no “revestimento dos tubos que contêm as pastilhas de urânio”, informou a empresa. Por conta disso, foi necessária uma série de providências adicionais, o que postergou o retorno da usina à operação.  

Para viabilizar o retorno da unidade à operação no menor tempo possível, a Eletronuclear decidiu trocar todos os 52 elementos combustíveis que apresentaram oxidação acima do normal. A substituição foi feita por 24 elementos novos, que já estavam prontos para uso em Angra 3, cujas obras estão paradas, mais 28 usados, que estavam armazenados na piscina de combustível de Angra 2. 

Essa configuração do reator foi objeto de avaliação por parte da Eletronuclear e da Framatome, empresa responsável pelo projeto da usina. Após essa análise, a nova disposição dos elementos combustíveis no núcleo foi submetida à aprovação do órgão regulador, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). A Cnen aprovou o Relatório do Projeto Nuclear e Termohidráulico (RPNT), permitindo o retorno da unidade à operação e autorizando o seu funcionamento por um ciclo aproximado de nove meses. 

Diversas inspeções e testes serão realizados pela Framatome, que investigará as causas do ocorrido. Uma parada típica de Angra 2 envolve a realização de, aproximadamente, 4.500 atividades programadas. Para diminuir o número de trabalhadores envolvidos e o tempo de duração do trabalho, foi feita uma revisão de todo o planejamento, priorizando 1.100 atividades essenciais para a segurança e a confiabilidade da unidade.  

Entretanto, como Angra 2 ficou desligada por mais tempo do que o previsto, a equipe de manutenção pôde executar tarefas que não estavam originalmente programadas, devido ao cronograma reduzido. Com isso, foram realizadas 1.200 atividades adicionais. 

FOTO: Angra 2 - divulgação Eletronuclear 


quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Angra 1: problemas técnicos desligam a usina duas vezes, em menos de 30 dias

 Problemas técnicos desligaram a usina nuclear Angra 1, duas vezes, em menos de 30 dias. O vapor saído da usina, há três dias, lembrava uma “panela de pressão”. A usina já voltou a operar, mas em ambas as paradas, preocupou a equipe técnica que trabalha para prorrogar a vida útil da central atômica por mais 20 anos. A parada mais recente ocorreu às 11h57 de segunda-feira (3/8), com a unidade reconectada à 01h59 do dia seguinte. Foi preciso desligar a usina para reparar uma bomba do sistema de água que alimenta o gerador de vapor. Este, por sua vez, alimenta o turbogerador com vapor, informou a Eletronuclear, gestora das usinas. O trabalho, segundo a empresa, não pode ser feito com a usina em operação. “Quem passou pela rodovia Rio-Santos, pode ver uma cena diferente. Angra 1 estava liberando vapor através do seu sistema de alívio”. A cena lembrava o funcionamento de “uma panela de pressão”, comentou o superintendente de Angra 1, Abelardo Vieira. Ele garantiu que não há nada incomum nisso. “Trata-se do vapor de uma água puríssima que é utilizada para mover o gerador elétrico”, afirmou. Às 12h44 do dia 10 de julho, a usina desligou automaticamente. “O desarme foi motivado pela falha em uma bomba de água do circuito secundário (não nuclear) da usina, o que fez com que os sistemas de segurança atuassem preventivamente desligando a unidade”, informou a estatal. No dia seguinte (11/7) Angra 1 foi reconectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN). 



Nos últimos seis anos foram  investidos US$ 27 milhões na modernização do empreendimento, segundo a Eletronuclear. A empresa admitiu que precisará buscar recursos adicionais para viabilizar o projeto.
 

FOTO: Angra 1 - Acervo Eletronuclear -


quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Hiroshima e Nagasaki: destruição pelas bombas atômicas norte-americanas faz 75 anos

Durante a Segunda Guerra Mundial o Planeta assistiu à tragédia e ao horror provocados pelas bombas atômicas norte-americanas, que destruíram Hiroshima e Nagasaki, no Japão. A primeira era uma bomba de urânio, de 12 quilotons, lançada no dia 6 de agosto de 1945 sobre Hiroshima, cidade que, na época, estava com uma população de 350 mil habitantes. Sob os efeitos imediatos e posteriores à explosão, pelo menos 140 mil pessoas morreram até o final daquele ano. A explosão que ocorreu 510 metros acima do centro de Hiroshima, provocou um imenso clarão, cegando instantaneamente milhares de pessoas. Eram 8h45 da manhã e os Estados Unidos mostravam ao mundo a força invencível de sua nova arma: a bomba atômica. 

Três dias depois, foi a vez do bombardeio de Nagasaki, que matou 74 mil pessoas de uma população total de 280 mil. A bomba de plutônio, de 22 quilotons, arrasou sete quilômetros quadrados da cidade. Foi às 11h02, a 507 metros do solo. Até hoje não há certeza absoluta quanto ao número correto de vítimas das bombas atômicas, porque a radiação pode provocar doenças crônicas, como o câncer, que se manifestam anos depois. 

ÚLTIMA GERAÇÃO - 

Para lembrar o horror provocado pelas bombas e homenagear as vítimas, o Japão ergueu o Memorial da Paz, com fotos e imagens das cidades destruídas, de rostos e corpos deformados pela radiação. Recentemente, foi doado ao Museu um vídeo sobre a cidade de Hiroshima, dez anos antes do lançamento da bomba. O vídeo está no YouTube. 

A última geração de sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki tem sido incansável em prestar depoimentos e continuar denunciando a tragédia. Há décadas, os “hibakusha” - (pessoas afetadas pela bomba”) - pedem o fim das armas nucleares. Segundo o Ministério da Saúde do Japão, existem hoje cerca de 136.700 sobreviventes. Muitos eram bebês ou estavam sendo gestados quando as bombas devastaram as cidades. 

Hoje, eles têm em torno de 80 anos e criaram o “No More Hibakusha Project”, que trabalha para preservar arquivos e depoimentos para as próximas gerações.  Eles temem que o tema possa estar se perdendo. Terumi Tanaka, de 88 anos, que faz parte do grupo, tem declarado estar preocupado, porque “os discursos deles não atraem muitas pessoas”. Para manter viva a memória da tragédia provocada pelas bombas, preocupado com o desaparecimento da memória coletiva, eles contam com a campanha de filhos, netos e demais familiares de sobreviventes. 

PODERIO - 

Em julho de 1995, às vésperas das comemorações do cinquentenário do fim da Segunda Guerra, um dos pais da bomba de Hidrogênio, o físico norte-americano Edward Teller, participou de um debate sobre a primeira explosão atômica experimental, realizada no deserto do Novo México. Durante o debate Teller afirmou que os EUA poderiam ter evitado os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, lançando, em vez disso, uma bomba na baia de Tóquio somente para demonstrar seu poderio nuclear.

 A explosão na baia, disse o físico, poderia ter sido feita a 10.000 metros de altura e seria capaz de provocar “apenas lesões oculares”. Teller atuou no Projeto Manhattan (nome simplificado do Manhattan Engineering Project) que produziu a primeira bomba atômica, sob o comando do exercito norte-americano. Em 1945, segundo ele, os cerca de 200 cientistas que trabalharam no projeto pediram que fosse realizado somente um bombardeiro para intimidar o Japão, porém o diretor do Manhattan, Robert Oppenheimer, não quis tomar uma posição. 

Uma das versões conhecidas é de que os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki representaram o castigo pelo ataque japonês a Pearl Harbour, em dezembro de 1941. 

PERDEU A CORRIDA - 

Versões e acusações não faltaram ao longo dos 75 anos do ataque dos EUA às cidades japonesas.  Em julho de 1995, aos 84 anos, o físico e militar japonês reformado, Tatsubaro Suzuki, revelou que os japoneses também haviam trabalhado para fabricar a bomba atômica durante a Segunda Guerra, fazendo enormes progressos na parte teórica, embora tenham perdido a corrida por falta de investimentos e instalações adequadas. 

O principal problema havia sido o fracasso no isolamento do urânio- 235 em nível satisfatório. Suzuki relatou que 50 cientistas participaram do projeto, dispondo de US$ 2,5 milhões (valor da época) doados pela família imperial japonesa. A quantidade de cientistas era pouca, se comparada ao número de pessoas que trabalhava no Manhattan. “Se o projeto japonês contasse com mais recursos, teria resultado na fabricação da bomba atômica em um ano”, afirmou o cientista, dizendo ainda que o imperador Hirohito jamais assumiu a responsabilidade pelo programa.  Fato é que Hiroshima e Nagasaki são as piores lembranças sobre a utilização da energia nuclear.  

FOTO: Mães choram um ano depois da Bomba em Hiroshima - Reprodução Galileu. Material de pesquisa: livros, jornais, revistas e vídeos.