Um forte esquema de segurança está sendo montado para o transporte no
próximo mês (maio/2020), da 16ª recarga de combustível (urânio enriquecido)
para a usina nuclear Angra 2, no município de Angra dos Reis (RJ). A usina,
comprada pelo acordo Brasil-Alemanha, em 1975, será desligada no dia 22 de
junho para receber o combustível. Além do aparato normal do transporte, que envolve
caminhões e segurança policial, a Eletronuclear vai redobrar os cuidados por
conta da pandemia do coronavírus (COVID-19).
A 16ª recarga foi concluída domingo
(12/4) pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Segundo a Eletronuclear,
gestora das usinas nucleares, o Plano de Transporte está sendo submetido à
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e ao Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A 16ª recarga sairá da Fábrica
de Combustível Nuclear, em Rezende (RJ), da INB, para Angra dos Reis.
No total,
foram produzidos 56 elementos combustíveis, com suas varetas, nas quais estão inseridas
as pastilhas com urânio enriquecido, no reator de Angra 2. A Eletronuclear
pediu a INB para “adiantar a fabricação de componentes para a 26ª recarga de
Angra 1”, informou a empresa. A capacidade de armazenamento do combustível usado,
que será substituído pelo novo, estará esgotada em 2021.
EXPECTATIVA DESDE 2018
-
Desde 2018, conforme o BLOG antecipou, a Eletronuclear tem como uma de suas
prioridades a construção da Unidade de Armazenamento a Seco Irradiado (UAS),
destinada a receber os combustíveis usados de Angra 1 e Angra 2, que terão a
capacidade esgotada no ano que vem. Informou
também há dois anos que a UAS custaria cerca de U$$ 50 milhões.
A expectativa
em 2018 era de que o combustível usado de Angra 2 seria transferido para a UAS
em agosto desse ano; e de Angra 1, em janeiro 2021. A mais recente informação
oficial é de que as transferências de Angra 2 será também em 2021.
Na semana
passada, a Eletronuclear anunciou que apesar da crise do COVID-19, a construção
da UAS estava em “ritmo acelerado”. Inicialmente, a UAS terá 15
módulos. No total, 288 elementos combustíveis serão retirados de Angra 2; e
222, de Angra 1, abrindo espaço nas piscinas de armazenamento para mais cinco
anos de operação de cada planta. A UAS
poderá comportar 72 módulos, com capacidade para armazenar combustível até
2045.
ADAPTAÇÕES -
Para que tudo corra dentro da nova previsão, Angra 2 passará
por adaptações até o fim desse mês de abril,
a cargo da Bardella, empresa contratada pela Holtec, que supervisiona o
serviço, com o acompanhamento de técnicos da Diretoria Técnica (DT) da
Eletronuclear. Serão feitas também modificações na ponte do edifício de
elemento combustível de Angra 1. A usina, comprada da norte americana
Westinghouse, na década de 70, em operação comercial desde 1985, está passando
por mudanças para que tenha vida útil prolongada por mais 20 anos.
Até
novembro, segundo a Eletronuclear, a Cardan Engenharia, outra companhia
subcontratada, está efetuando as obras civis, também sob a supervisão da Holtec
e fiscalização das equipes da DT. Até lá, serão feitas a concretagem da laje, a
construção do almoxarifado e a instalação da cerca dupla, da iluminação externa
e da guarita.
Serão ainda instalados sistemas de monitoração de temperatura e
radiação. Até julho deste ano, chegam todos os equipamentos da UAS, garante a
estatal. Em agosto, a Holtec realizará o treinamento do pessoal de operação e
manutenção de Angra 1 e 2. Em setembro, tem início o comissionamento da
movimentação de transferência, que é feito sem elementos combustíveis
irradiados. A transferência começa em dezembro por Angra 2.
A direção da Eletronuclear
garante que, por conta da pandemia do COVID-19, estão sendo tomadas todas as precauções
para garantir a segurança dos profissionais envolvidos no empreendimento.
“Aqueles que fazem parte do grupo de risco – tanto na Eletronuclear quanto nas
empresas contratadas – estão em esquema de teletrabalho. Já o pessoal da linha
de frente está se revezando em turnos. O objetivo é minimizar ao máximo os
riscos”, avisa o superintendente de Engenharia de Projeto, Lúcio Ferrari.
FOTO:
arquivo: elementos combustíveis com suas varetas, nas quais são injetadas as
pastilhas com urânio enriquecido.