A usina
nuclear Angra 1, em Angra dos Reis (RJ), será desligada sábado (11/01) do
Sistema Interligado Nacional (SIN) para a troca de combustível (urânio
enriquecido, de 3% a 5%). Durante 37 dias a usina permanecerá desligada,
conforme programado com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O
custo de uma recarga de Angra 1 era de cerca de R$ 188 milhões, há dois anos. A
empresa não informou os custos dessa parada, mas naquela época foi de R$ 80
milhões, incluindo mão de obra.
A empresa também não informou o valor dessa
carga transportada da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Rezende (RJ),
até a central nuclear em Angra. Mas no ano passado, ficou em R$ 70 milhões, “o
valor de cada carga transportada (combustível mais contêiner), em cinco caminhões”.
Pode ser que todo o transporte tenha sido feito em uma única vez. Porém a
informação não foi disponibilizada.
Cerca de um terço do combustível nuclear
será recarregado, informa a empresa, além de serem realizadas atividades de
inspeção e manutenção periódicas e também instalações de diversas modificações
de projeto, que precisam ser feitas com a usina desligada. No total, 4.354
tarefas foram programadas para o período.
Angra 1 opera normalmente com cerca
de 600 empregados concursados. Para executar essas mais de quatro mil tarefas, foram
contratadas empresas nacionais e internacionais, que irão disponibilizar 1.200
profissionais, sendo 102 estrangeiros, para atuar em conjunto com os
profissionais da Eletronuclear.
Outras tarefas estão previstas para serem feitas
com a usina desligada, como melhorias técnicas nos transformadores principais
de 500 kV para aumento de confiabilidade, revisão geral da chave de conexão da
usina ao SIN, troca do rotor da excitatriz do gerador elétrico principal, teste
de performance de descarga dos bancos de baterias principais, teste de inspeção
nos tubos dos geradores de vapor e manutenção e inspeção por ultrassom em uma
das turbinas de baixa pressão.
Também serão realizadas inspeções com
levantamento de dados visando à extensão da vida útil de Angra 1, prevista para
operar por mais 20 anos. Nos últimos cinco anos foram investidos US$ 27 milhões
na modernização do empreendimento. “A empresa norte-americana Westinghouse, que
vendeu a usina para o Brasil, na década de 70, foi contratada para participar do
trabalho de avaliação, que deve durar até 2019”, informou a estatal, um ano
antes.
O desligamento de Angra 1, sábado, não afetará o fornecimento de
energia, garante a empresa. “Durante o período, o ONS despachará a energia de
outras usinas do sistema interligado de forma a garantir um abastecimento
seguro de energia elétrica para o país”. A usina tem capacidade para gerar 650
Megawatts quando opera sincronizada 100% ao sistema, o equivalente a 10% do
consumo da cidade do Rio de Janeiro.
PARADAS RECENTES -
Em cerca de 12 meses (outubro
de 2018 a outubro de 2019), Angra 1 foi desligada três vezes. No dia 27 de
outubro de 2018, por conta da troca de combustível, mas ficou parada por mais
cinco dias após o previsto, por “dificuldades na montagem do gerador elétrico
principal”. Na época, a empresa informou que “a montagem do equipamento é
complexa e meticulosa, de forma a manter a estanqueidade de seu gás de
resfriamento que fica confinado numa pressão elevada. A usina voltou a operar
no dia 5 de dezembro daquele ano.
No dia 12 de março de 2019, um princípio de incêndio
na canaleta dos cabos disjuntores em uma subestação de Furnas, provocou o
desligamento automático da usina nuclear Angra I. A informação foi divulgada pelo
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A estatal atribuiu o desligamento automático “em função de uma falha na
subestação de Furnas, localizada na própria Central Nuclear”. Segundo a
empresa, “com o evento, a usina perdeu a conexão com o sistema de linhas de
transmissão de 500 kV ficando alimentada pelo sistema de 138kV”. O desligamento
foi medida de segurança, assegurou.
No dia 6 de
outubro de 2019, Angra 1 foi desligada mais uma vez. Foram
necessários reparos na
válvula de controle de nível de um dos geradores de vapor a central atômica. A usina foi sincronizada ao Sistema Interligado
Nacional no dia seguinte.
COMBUSTÍVEL USADO -
O combustível usado de Angra 1
(urânio enriquecido), que será trocado a partir de sábado (11/01/2020), ficará
em uma piscina localizada dentro do complexo nuclear de Angra. A Eletronuclear informa
que o esgotamento da capacidade de armazenamento das piscinas de combustíveis usados
acontecerá em dezembro de 2021, no caso de Angra 1, e julho de 2021, no que se
refere a Angra 2.
A estatal está construindo a Unidade de Armazenamento a Seco
(UAS) para receber os combustíveis usados (queimados) das usinas Angra 1 e Angra 2. O empreendimento custará
cerca de R$ 246 milhões. “A previsão é de que as obras comecem no início e 2019
e durem aproximadamente 18 meses”, anunciava a direção da empresa há meses. “A previsão é de que os elementos combustíveis
usados da piscina de Angra 1 sejam transferidos para o novo repositório até início
de 2021, e os de Angra 2, devem ser transferidos até o final de 2020”, acrescentou a direção.